Quarta-feira, 27 de abril de 2022. A Vivi, minha esposa, me acordou perto das 6h da manhã e disse, muito feliz: “A bolsa estourou!”. Aquela frase resumia tudo: era hora de se preparar para ir ao hospital. O ventre aparentemente havia se tornado pequeno para o nosso Samuel, que dava sinais de querer sair do aconchego do conhecido onde passara os últimos 9 meses. Seu nascimento de fato, contudo, só ocorreria às 15h55 do mesmo dia, ou seja, quase 10 horas mais tarde. Até lá foram muitas contrações e dores do parto bravamente suportadas pela Vivi, a ansiedade de toda a família, um ir e vir contínuo de diversos profissionais e, por fim, uma sensação inexplicável que talvez – talvez – possa ser traduzida num misto de gratidão e amor infinito.
Posso dizer que tudo que vivenciei naquele dia provocou em mim uma espécie de epifania. De repente me vi refletindo sobre os momentos da vida em que renascemos, por vontade própria ou não. Sabe aqueles pontos da nossa existência que marcam uma guinada? Aqueles instantes que, de tão intensos, parecem durar horas? Aquelas travessias que iniciamos como uma pessoa e terminamos como alguém completamente diferente? É disso que estou falando. De quando nos vemos compelidos a abandonar um lugar que já não nos parece tão acolhedor, ou a nos afastar de uma situação que até pouco tempo atrás era ok, mas agora incomoda. De quando, enfim, por mais doloroso que seja, abdicamos ou somos forçados a abdicar de um modelo mental que deixou de ser o suficiente para nós.
Você não se lembra – ao menos não de forma consciente –, mas nascer dói. Agora que assisti ao parto natural do meu primeiro filho posso afirmar isso com toda a certeza do mundo. Nascer é sofrido principalmente para a mãe, é claro, mas também o é para o serzinho expulso do ventre e todos mais que acompanham de perto as contrações. E, olhe, eu vi como o próprio bebê se esforça para vir ao mundo. Perceba: se um serzinho como esse é instintivamente movido a sair do ambiente quentinho e seguro do útero materno e não se recusa a passar por essa enorme mudança, apesar de toda a carga de sofrimento que ela carrega, nós, jovens e adultos, com muito mais razão deveríamos aceitar quando nossos instintos nos sinalizarem que já não cabemos no atual ventre que nos acolhe. Precisamos entender que talvez tenha chegado a hora de deixar para trás nossa zona de conforto e iniciar novas aventuras e projetos desafiadores.
É uma pena, mas somos tão viciados em manter tudo igual, que muitos de nós ignoram o quanto mudanças de rumo podem ser proveitosas. Aceitam ser castrados em sua vontade, corrompidos em sua energia vital. Cedem à estagnação. Por isso é tão importante tirarmos alguns momentos do dia para refletir sobre nossos projetos e sonhos. Essas pausas permitem ouvir nossos instintos e entender melhor o que nosso corpo e nosso espírito estão tentando nos dizer. Talvez estejamos tão anestesiados por uma forma de pensar antiquada que desprezamos até mesmo os sinais diários enviados pelo corpo. Dores de cabeça e musculares, insônia, azia, alergias… Será que não é o corpo físico alertando para um incômodo patente e profundo na alma?
A vida é uma sucessão de ciclos, cada qual marcado por um reinício, um renascimento. E quais são as situações que nos levam a nascer de novo? Tipicamente, aquelas que assinalam evidentes mudanças de fase, como a formatura na faculdade, o casamento ou o nascimento de um filho. Para alguns, porém, basta uma nova paixão, um forte desejo ardendo no peito, para despertar a vontade de ser alguém novo e, quem sabe, melhor. Outros só são impactados o bastante para dar uma guinada quando no caminho surge algo intenso como o diagnóstico de uma doença grave na família, a infeliz e irrecuperável perda de um ente querido ou até uma traumática experiência de quase morte como a que eu vivi há aproximadamente 10 anos.
Seja como for, quando um processo de renascimento começar para você, aceite-o de bom grado. Abra espaço para o novo que quer lhe fazer companhia em sua jornada. Esteja preparado, é claro, para algum desconforto, um inconveniente aqui e ali, sem falar no inevitável frio na barriga que surge sempre que vislumbramos o desconhecido. Está tudo bem. O receio faz parte do processo de renascimento, mas fique tranquilo: o que quer que você precise para implementar as mudanças significativas em sua vida estará ao alcance da mão. Cabe achar o foco. O neurocientista norte-americano Joe Dispenza, 60, ensina: “A vida é sobre gestão de energia. Onde você coloca sua atenção é onde você coloca sua energia.”
Romper paradigmas assusta por causa da perda de referências antes tão sólidas. É assim com todos nós, e desde o início. Quando uma criança vem ao mundo, naturalmente estranha tudo e faz o que pode: chorar. Chora de dor quando o ar lhe invade os pulmões pela primeira vez, chora por não compreender todos os estímulos aos quais de repente se vê exposta, chora ao não reconhecer cheiros, ruídos e imagens, chora por não saber quem é a pessoa que a pega no colo… Com o passar dos dias e meses, tudo vai se acalmando e fazendo mais sentido. A aprendizagem é exponencial e, então, vem a fase das gargalhadas e da exploração do seu novo mundo, tão mais amplo que o pequeno útero ao qual esteve limitada…
Percebe como o sofrimento inicial se transforma em puro júbilo no tempo certo? O mesmo ocorre com quem, em fases mais tardias de sua trajetória, aproveita novas oportunidades de mudança, novas chances de recomeço. Felizmente, o tempo apaga até mesmo as lembranças da dor, seja do nascimento, seja do crescimento. Digo “felizmente” porque, do contrário, de onde tiraríamos coragem para enfrentar os inúmeros renascimentos que a vida nos impõe?
Pode acreditar: cada reinício seu valerá a pena. Você ressurgirá mais lúcido, mais consciente acerca do seu futuro e, por certo, mais sábio.
E então, já se sente pronto para as mudanças que a vida vier a lhe oferecer? Se sim, conte sempre com a família GRAN e com este autor, que até outro dia era apenas filho, mas renasceu PAI.
“Conhecimento é PODER, mas conhecimento de SI mesmo é autocapacitação.” Joe Dispenza, autor de Quebrando o hábito de ser você mesmo: como desconstruir a sua mente e criar uma nova.
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