A preocupação com as teorias de enfermagem nasce no final do século XVIII, a partir das questões levantadas por Florence Nightingale sobre o ambiente e o seu efeito positivo ou negativo na saúde dos indivíduos.
Além disso, Florence acreditava que a enfermagem requeria conhecimentos distintos dos conhecimentos médicos.
De acordo com Tannure e Pinheiro (2014), Florence idealizou uma profissão embasada em reflexões e questionamentos, tendo por objetivo edificá-la sob um arcabouço de conhecimentos científicos diferentes do modelo biomédico.
Apesar das ideias de Florence surgirem naquele momento, ainda perdurou por muitas décadas a ideia de cuidado centrado na doença, e não nos indivíduos, causando uma estagnação na enfermagem. A enfermagem se acostumou a depender de conceitos preexistentes que ditavam sempre o que fazer e como fazer.
Com o passar dos anos, impulsionado por diversos fatores, como guerras mundiais, movimentos feministas, desenvolvimento no campo das ciências, transformações econômicas e políticas, dentre outros, a enfermagem começou a questionar o status quo da profissão e refletir sobre ela.
A partir desse processo de reflexão e pensamentos, ficou evidente a necessidade do desenvolvimento de um corpo específico e organizado de conhecimentos sobre a profissão, difundindo, assim, a preocupação com o significado da enfermagem e o seu papel social.
Somente a partir dos anos 50, o foco da enfermagem começa a ser em uma assistência holística, desvinculando a enfermagem da visão centrada na doença e passando a ofertar um cuidado centrado na pessoa e em sua integridade.
Na década seguinte, as teorias de enfermagem procuravam relacionar fatos e estabelecer bases para uma ciência de enfermagem, constituindo uma nova fase de evolução histórica na profissão.
De acordo com Rossi e Carvalho (2002) apud Tannure e Pinheiro (2014), os modelos teóricos de enfermagem foram elaborados para retratar conceitos, descrever, explicar, prever o fenômeno e determinar o campo de domínio da profissão.
Nos anos 1970, a literatura sobre as teorias de enfermagem teve grande impulso, ensejando maior reflexão sobre o assunto. Nos anos 1980 e 1990, aumentaram ainda mais as pesquisas que expandiam o conhecimento em enfermagem, e muitas teorias passaram a subsidiar a assistência de enfermagem em instituições de saúde (TANNURE E PINHEIRO, 2014).
Atualmente, os enfermeiros assumiram uma postura comportamental diferenciada, passando a assistir o paciente em diversos campos inerentes ao seu processo saúde-doença, deixando de lado um atendimento focado apenas nos aspectos biológicos e permitindo uma melhora significativa na qualidade assistencial.
Durante o processo de consolidação das teorias de enfermagem, algumas teorias ganharam destaque e suas ideias são muito cobradas em provas.
A seguir, será apresentada uma lista com as principais teorias de enfermagem e pequenas descrições sobre elas.
1. Teoria Ambiental: Florence Nightingale
Haddad e Santos (2011) afirmam que o princípio fundamental do legado de Florence para a prática da profissão é a questão do ambiente. Os ideais referentes a esse princípio foram fundamentados na Teoria Ambientalista e foram considerados primordiais para o sucesso do trabalho de Florence e seus aprendizes, sendo verificados na eficaz redução das mortes de soldados feridos por infecção e na recuperação de pacientes.
2. Teoria das Necessidades Básicas de Virgínia Henderson
Virgínia Henderson formulou a teoria das necessidades básicas e listou 14 destas. Para Virgínia Henderson, todas as necessidades se encontram relacionadas, sendo a satisfação de qualquer uma delas diferente de pessoa para pessoa, variando de acordo com os fatores psicológicos, sociais, culturais e também de acordo com sua percepção do que é certo ou normal.
3. Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem
Segundo Diógenes e Pagliuca (2003), a teoria de enfermagem do déficit de autocuidado (teoria geral de enfermagem de Orem) é composta por três teorias inter-relacionadas, ou seja, a do autocuidado, do déficit de autocuidado e dos sistemas de enfermagem. Incorporados a essas três teorias, Orem preconiza seis conceitos centrais e um periférico. Os seis conceitos centrais são: autocuidado, ação de autocuidado, déficit de autocuidado, demanda terapêutica de autocuidado, serviço de enfermagem e sistema de enfermagem. O conceito periférico foi denominado pela autora de fatores condicionantes básicos, que é relevante para a compreensão de sua teoria geral de enfermagem.
4. Teoria da Adaptação Sister Calista Roy
Segundo afirma Rodrigues et al. (2004), Roy desenvolveu um modelo conceitual para a enfermagem a partir de sua experiência como enfermeira pediátrica, admitindo que o conceito de adaptação poderia se constituir como um eixo orientador para a prática de enfermagem.
Na segunda parte deste artigo, falarei sobre as outras teorias e trarei algumas questões de provas, para entendermos como as bancas costumam cobrar esse tema.
Referências Bibliográficas
Diógenes MAR, Pagliuca LMF. Teoria do autocuidado: análise crítica da utilidade na prática da enfermeira. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2003 dez; 24(3):286-93
GEORGE, J. B. et al. Teorias de enfermagem: dos fundamentos para à prática profissional. 4.ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
HADDAD. Veronica Cristin do Nascimento. SANTOS, Tânia Cristina Franco. A teoria ambientalista de florence nightingale no ensino da escola de enfermagem Anna Nery (1962 – 1968). Esc. Anna Nery vol.15 no.4 Rio de Janeiro Oct./Dec. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452011000400014. Acesso em 03/04/2018.
Rodrigues DP, Pagliuca LMF, Silva RM. Modelo de Roy na enfermagem obstétrica: análise sob a óptica de Meleis. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2004 ago;25(2):165-75.
TANNURE, M. C., PINHEIRO, A.M. SAE: Sistematização da Assistência de Enfermagem. Guia Prático. 2° Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
Professora Natale Souza
Mestre em Saúde Coletiva pela UEFS. Servidora pública da Prefeitura Municipal de Salvador. Coach, Mentora, Consultora e Professora na área de Concursos Públicos e Residências. Graduada pela UEFS em 1998, pós-graduada em Gestão em Saúde, Saúde Pública, Urgência e Emergência, Auditoria de Sistemas, Enfermagem do Trabalho e Direito Sanitário. Autora de 02 livros – e mais 03 em processo de revisão: – Legislação do SUS – vídeo livro ( Editora Concursos Psi); Legislação do SUS – Comentada e esquematizada ( Editora Sanar). Aprovada em 16 concurso e seleções públicas (nacionais e internacionais) dentre elas: – Programa de Interiorização dos Profissionais de Saúde – MS – lotada em MG; – Consultora do Programa Nacional de Controle da Dengue (OPAS), lotada em Brasília; – Consultora Internacional do Programa Melhoria da Qualidade em Saúde pelo Banco Mundial, lotada em Brasília; – Governo do estado da Bahia – SESAB – urgência e emergência; – Prefeitura Municipal de Aracaju; – Prefeitura Municipal de Salvador; – Professora da Universidade Federal de Sergipe UFS; – Governo do Estado de Sergipe (SAMU); – Educadora em Saúde mental /FIOCRUZ- lotada Rio de Janeiro.
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