Estratégias para redação e estudos de caso para concursos da área odontológica

Quer melhorar suas redações e resolução de casos clínicos para concursos odontológicos? Descubra estratégias eficazes e exemplos práticos neste artigo.

Por
8 min. de leitura

No universo dos concursos públicos para a área odontológica, a habilidade de elaborar redações e resolver estudos de caso clínico é crucial. Essas competências são frequentemente testadas, pois avaliam não apenas o conhecimento técnico, mas também a capacidade de pensamento crítico e comunicação escrita. Neste texto, apresento estratégias eficazes para desenvolver suas redações e solucionar casos clínicos de maneira precisa e eficiente, além de exemplos práticos para ilustrar o caminho.

Entenda o Enunciado

A primeira dica fundamental é ler atentamente o enunciado da questão. Muitas vezes, candidatos perdem pontos valiosos por não compreenderem exatamente o que se pede. Ao ler o enunciado, identifique os verbos de comando (descrever, analisar, discutir, etc.) e os aspectos específicos que precisam ser abordados.

Estrutura da Resposta

Organize sua resposta em uma estrutura clara: introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução, apresente brevemente o problema e sua importância. No desenvolvimento, explore o tema com detalhes e exemplos práticos. Finalize com uma conclusão que resuma os pontos principais e ofereça uma reflexão final ou recomendação.

Clareza e Objetividade

Seja claro e objetivo em suas respostas. Evite rodeios e vá direto ao ponto. Use uma linguagem técnica adequada, mas sem exageros. A clareza é fundamental para que o avaliador compreenda suas ideias sem dificuldades.

Uso de Evidências

Apoie suas argumentações com evidências. Em casos clínicos, cite literatura relevante, protocolos clínicos e diretrizes atualizadas. Isso demonstra conhecimento profundo e embasamento teórico.

Prática de Redação

Pratique redações frequentemente. Escolha temas variados dentro da odontologia e elabore textos completos. Isso ajuda a desenvolver fluidez na escrita e a familiaridade com diferentes tipos de questões.

Análise de Casos Clínicos

Para estudos de caso, siga um roteiro sistemático: apresentação do caso, diagnóstico diferencial, plano de tratamento e prognóstico. Seja detalhista nas descrições e justifique suas escolhas com base em evidências científicas.

Revisão e Edição

Após escrever sua resposta, revise cuidadosamente. Verifique se todos os pontos foram abordados, se a linguagem está clara e se não há erros gramaticais. A edição é uma etapa crucial para garantir a qualidade da resposta.

Simulações e Feedback

Participe de simulados de provas e peça feedback a colegas ou mentores. A prática em ambiente simulado ajuda a identificar pontos fracos e fortalece a confiança.

Agora vamos ver alguns exemplos: separei 3 questões discursivas que foram parte de concursos públicos para que a gente veja na prática:

Questão 1: FGV 2022 – TCE-TO – Cargo: Analista Técnico 

O cirurgião-dentista desempenha um importante papel no diagnóstico e prevenção das doenças infectocontagiosas em um contexto de saúde pública, uma vez que diversas doenças transmissíveis apresentam manifestações orais. 

Com relação ao tema, analise atentamente o caso clínico apresentado. Paciente do sexo masculino, 23 anos, sem histórico de doenças sistêmicas, não tabagista, apresenta-se à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com queixa de uma lesão em lábio superior que apareceu 15 dias após uma viagem de férias no carnaval e não cicatriza. Ao exame clínico, observa-se boa higiene oral e todos os dentes presentes. A lesão apresenta-se como uma úlcera de base clara e indolor. O paciente relata não ter sofrido nenhum trauma na região. O cirurgião-dentista plantonista referencia o paciente para a clínica médica sem realizar nenhuma prescrição ou tratamento. Na consulta com o clínico, realizada 15 dias depois, a lesão inicial já havia desaparecido e o paciente apresentava febre, linfoadenopatia indolor, dor de garganta, mal-estar e erupção cutânea maculopapular difusa e indolor. Diante do quadro apresentado, responda:

 a) Qual o diagnóstico mais provável? 

b) Qual o agente etiológico responsável pela doença? 

c) Cite 1 teste de triagem inespecífico comumente utilizado nesses casos como forma de reforçar a hipótese diagnóstica. 

d) Quais testes sorológicos específicos podem ser solicitados para confirmação do diagnóstico? 

e) Qual é o medicamento de primeira escolha no tratamento de pacientes que apresentem essa condição sem hipersensibilidade conhecida a nenhum medicamento?

Resposta: 

a) Diagnóstico mais provável:

O diagnóstico mais provável para o quadro apresentado é sífilis secundária. A lesão inicial no lábio superior, descrita como uma úlcera de base clara e indolor, é característica do cancro sifilítico, que ocorre na fase primária da sífilis. O desaparecimento da lesão seguido por sintomas sistêmicos como febre, linfoadenopatia, dor de garganta, mal-estar e erupção cutânea maculopapular difusa são indicativos da progressão para a sífilis secundária.

b) Agente etiológico responsável pela doença:

O agente etiológico responsável pela sífilis é a bactéria Treponema pallidum.

c) Teste de triagem inespecífico:

Um teste de triagem inespecífico comumente utilizado nesses casos é o VDRL (Venereal Disease Research Laboratory). Este teste é usado para detectar anticorpos não treponêmicos no soro do paciente, auxiliando no reforço da hipótese diagnóstica de sífilis.

d) Testes sorológicos específicos:

Os testes sorológicos específicos que podem ser solicitados para confirmação do diagnóstico de sífilis incluem o FTA-ABS (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption) e o TPHA (Treponema pallidum Hemagglutination Assay). Estes testes detectam anticorpos específicos contra Treponema pallidum e são utilizados para confirmar a infecção após um teste de triagem positivo.

e) Medicamento de primeira escolha:

O medicamento de primeira escolha no tratamento da sífilis em pacientes sem hipersensibilidade conhecida a medicamentos é a penicilina. Especificamente, a penicilina G benzatina é administrada por via intramuscular, sendo o tratamento padrão para todas as fases da sífilis.

Questão 2: Ceprasbe (Cespe) – 2018 – PC MA – Polícia Civil do Estado do Maranhão 

Para orientação em um processo judicial em que se questionavam procedimentos de exodontia realizados por um profissional cirurgião-dentista em paciente com dezesseis anos de idade, um perito odontolegista foi designado para analisar o prontuário odontológico, no qual constavam as seguintes informações do caso clínico objeto da análise pericial.

1 – Ficha clínica do paciente com os dados de identificação do profissional e do paciente, menor com dezesseis anos de idade, juntamente com o registro dos dados do responsável pelo paciente.

2 – Anamnese, em que constavam queixa principal de “dente aberto” com cárie e dor ocasional, com a completa descrição da evolução da doença atual; paciente em bom estado geral, sem sinais flogísticos no momento do atendimento; histórico médico- odontológico de retardo mental; abscessos odontogênicos crônicos recorrentes em múltiplos dentes, com tratamentos anteriores realizados por diversos profissionais ao longo da vida.

3 – Exame clínico: odontograma inicial mostrou múltiplas cáries extensas em diversos elementos dentais, doença periodontal generalizada, com descrição da sondagem, e ausência dos dentes 36 e 46.

4 – Nos anexos, constam os exames radiográficos de boca total, realizados no dia da primeira consulta, e os relatórios de internação hospitalar, durante a qual foi realizada, sob anestesia geral, a exodontia dos dentes 31, 32, 33, 34, 35, 16 e 15.

Observação: a ficha clínica, a anamnese e o exame clínico foram assinados pelo cirurgião-dentista e pelo responsável pelo paciente.

Ao receber o prontuário, o perito constatou a ausência de duas partes importantes para a elucidação do caso: plano de tratamento e evolução do tratamento.

Considerando essas informações, disserte sobre as duas partes do prontuário que foram omitidas pelo cirurgião-dentista responsável pelo
atendimento do paciente em questão. Em seu texto, apresente os itens que compõem cada uma dessas duas partes [valor: 15,00 pontos]
e disserte sobre o procedimento adequado do cirurgião-dentista em relação a cada um desses itens [valor: 23,00 pontos].

Resposta: 

Plano de Tratamento

O plano de tratamento é um componente vital do prontuário odontológico, pois estabelece a sequência de procedimentos que serão realizados, baseados na avaliação inicial e no diagnóstico do paciente. Este documento deve incluir:

  1. Diagnóstico detalhado: Descrição completa das condições encontradas, como cáries extensas, doença periodontal, e histórico de abscessos odontogênicos crônicos.
  2. Objetivos do tratamento: Metas específicas, como a eliminação da infecção, alívio da dor, e restauração da função e estética dos dentes.
  3. Procedimentos planejados: Lista detalhada dos procedimentos a serem realizados, incluindo exodontias, restaurações, tratamentos periodontais e endodônticos.
  4. Cronograma de tratamento: Sequência e cronologia dos procedimentos, com estimativas de tempo para cada fase do tratamento.
  5. Consentimento informado: Documento assinado pelo paciente (ou responsável, no caso de menores de idade), concordando com o plano de tratamento proposto.

Importância do Plano de Tratamento

O plano de tratamento serve como um guia para o cirurgião-dentista e como um documento de referência para monitorar o progresso do paciente. Ele também proporciona transparência e clareza para o paciente e seus responsáveis, garantindo que estejam cientes dos procedimentos e suas justificativas. A ausência deste documento no prontuário analisado impede a verificação se o tratamento planejado foi adequado às necessidades do paciente e aprovado por ele ou seu responsável.

Evolução do Tratamento

A evolução do tratamento é o registro contínuo das intervenções realizadas ao longo do tempo e das respostas do paciente a essas intervenções. Os itens que devem compor esta parte do prontuário incluem:

  1. Data e descrição dos procedimentos realizados: Registro detalhado de cada sessão, incluindo as exodontias realizadas, anestesia utilizada, e quaisquer complicações ou observações.
  2. Resposta do paciente: Notas sobre como o paciente respondeu a cada procedimento, incluindo sintomas de dor, inflamação, ou outras reações.
  3. Mudanças no plano de tratamento: Registros de qualquer alteração no plano original, com justificativas clínicas e consentimento do paciente ou responsável.
  4. Prescrições e orientações: Medicamentos prescritos, instruções pós-operatórias, e orientações de cuidados domiciliares.
  5. Seguimento: Agendamentos de consultas de retorno e monitoramento da recuperação do paciente.

Importância da Evolução do Tratamento

A documentação da evolução do tratamento é essencial para garantir a continuidade e a qualidade do atendimento. Ela permite ao cirurgião-dentista avaliar a eficácia dos procedimentos realizados e ajustar o tratamento conforme necessário. Além disso, é uma ferramenta importante para a comunicação com outros profissionais de saúde que possam estar envolvidos no cuidado do paciente.

Procedimento Adequado do Cirurgião-Dentista

O cirurgião-dentista deve seguir rigorosamente os protocolos de documentação para garantir que todos os aspectos do tratamento estejam registrados de forma clara e detalhada. Isso inclui:

  1. Elaboração do Plano de Tratamento: Deve ser feito após a avaliação inicial, com discussão detalhada com o paciente ou responsável, e obtendo o consentimento informado.
  2. Registro da Evolução do Tratamento: Cada consulta e procedimento devem ser documentados minuciosamente, incluindo as respostas do paciente e qualquer modificação no plano de tratamento.

Questão 3: Ceprasbe (Cespe) – 2022 – TRT 8 – Cargo: Analista Judiciário 

A biossegurança pode ser conceituada como o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando à saúde humana e animal e à preservação do meio ambiente, bem como à qualidade dos resultados dessas ações. Nesse sentido, a atuação em biossegurança clínica odontológica deve ir além do aspecto biológico e considerar todos os riscos envolvidos, com vistas a eliminá-los.

A implantação de um atendimento dentro dos padrões de biossegurança demanda a superação do olhar meramente técnico, aquele que apenas reproduz procedimentos padrão, protocolos acabados e imutáveis. A união de técnica e ciência é premente, assim como a reflexão crítica do agir.

As práticas de controle de infecção em odontologia exigem da equipe de saúde bucal adoção de medidas que exercem impacto direto ou indireto sobre o meio ambiente. A decisão sobre a adoção do método de higienização das mãos ou mesmo a relacionada à escolha de um material restaurador podem determinar consumo exacerbado de recursos naturais ou a poluição da rede de saneamento. Desse modo, entender os conceitos de sustentabilidade e aplicá-los às precauções padrão deve ser um exercício diário no mundo em que vivemos.

Fábio Barbosa de Souza et al.
Biossegurança em odontologia: o essencial para a prática clínica.
1 ed. Santana de Parnaíba, SP: Manole, 2021 (com adaptações).


Considerando que o texto apresentado tenha caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo relacionado à biossegurança e radioproteção na odontologia, acerca dos cuidados que devem ser tomados na radiologia convencional e na radiologia digital para a obtenção de imagens intraorais e extraorais. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:

1 proteção individual do paciente e do operador durante os exames radiológicos (biossegurança e radioproteção); [valor: 3,00 pontos]
2 limpeza e desinfecção dos equipamentos; [valor: 2,50 pontos]
3 aspectos de biossegurança e cuidados no processamento da imagem convencional e digital; [valor: 2,00 pontos]
4 princípios de radioproteção. [valor: 2,00 pontos]

Resposta:

Proteção Individual

Para proteger os pacientes durante exames radiológicos, é importante usar aventais de chumbo e protetores de tireoide. Isso ajuda a minimizar a exposição à radiação. Os dentistas e técnicos devem usar barreiras de proteção, como biombos de chumbo, e manter uma distância segura da fonte de radiação. O uso de dosímetros ajuda a monitorar a exposição à radiação dos profissionais.

Limpeza e Desinfecção dos Equipamentos

Equipamentos radiológicos devem ser limpos e desinfetados antes e depois de cada uso para evitar infecções cruzadas. Sensores digitais devem ser cobertos com barreiras descartáveis e desinfetados após o uso. Na radiologia convencional, os filmes devem ser manuseados com luvas e os porta-filmes esterilizados.

Cuidados no Processamento da Imagem

Na radiologia convencional, é importante manusear produtos químicos com cuidado para evitar contato com a pele e inalação de vapores. Esses produtos devem ser descartados corretamente. Na radiologia digital, os sensores devem ser desinfetados corretamente para evitar infecções. As imagens digitais devem ser armazenadas e transferidas de forma segura.

Princípios de Radioproteção

Devemos justificar a necessidade de qualquer exame radiológico, minimizando a dose de radiação ao menor nível possível. Limites de dose são importantes para proteger tanto os trabalhadores quanto os pacientes. Equipamentos radiológicos devem ser mantidos e calibrados regularmente.

Desenvolver habilidades para redação e resolução de casos clínicos exige dedicação e prática contínua. As estratégias apresentadas aqui visam aprimorar seu desempenho e aumentar suas chances de sucesso nos concursos públicos da área odontológica. Lembre-se: o caminho para a aprovação é árduo, mas com esforço e persistência, você alcançará seus objetivos. Bons estudos e conte sempre comigo!

Quer ficar por dentro dos concursos públicos abertos e previstos pelo Brasil?
clique nos links abaixo:

Concursos Abertos

Concursos 2024

Receba gratuitamente no seu celular as principais notícias do mundo dos concursos!
clique no link abaixo e inscreva-se gratuitamente:

Telegram

Por
8 min. de leitura