Um instante, e pronto. Sorriso furtado. Alegria roubada. Aquele sentimento de frustração se instalando… Cuidado! Há ladrões de felicidade por toda parte querendo privar você do que lhe é mais caro. Isso, claro, se você deixar.
Diferentemente de um roubo comum, esse depende da anuência da potencial vítima. Quer estar preparado para a hipótese de deparar com um desses gatunos mais dia, menos dia? Então o artigo da semana é para você. Vamos conversar sobre os “meliantes” que tentam (e muitas vezes conseguem) nos privar das alegrias da vida.
O autor Johann Goethe ensinaria que “a alegria e o amor são as duas asas para as grandes ações”. Unidos, revelam uma força poderosa e, ao mesmo tempo, de uma simplicidade única. A alegria bate à porta nos momentos comuns, triviais. Ela não se preocupa com o tempo lá fora, o dia do mês ou a época do ano, tampouco se estamos sós ou muito bem-acompanhados. A alegria dá sentido às coisas, conferindo-lhes um colorido especial. Faz com o corpo humano o que o sol faz com as plantas, ou seja, nutre, aquece e renova. A satisfação de viver, de lutar, de se reerguer e tentar outra vez desperta a força por trás de qualquer emoção. Mesmo o que era melancolia, tristeza e dor se converte em entusiasmo na presença da alegria.
Mas eis que surge algo ou alguém com a incrível capacidade de pôr tudo a perder, roubando o júbilo em que estávamos imersos.
Os ladrões de alegria chegam sem cerimônia. As pessoas tóxicas são um exemplo. Do nada, de onde pensávamos haver alguém que nos quer bem vem a surpresa, na forma de um comentário maldoso ou de um aparente conselho contaminado pela amargura. Algumas dessas pessoas nem se dão conta de sua toxicidade. Não querem, necessariamente, prejudicar, mas prejudicam. Sabe aquele parente que só vê o lado negativo de tudo por estar evidentemente frustrado? Ou aquele amigo que teve os planos assolados e agora demonstra ter perdido completamente a esperança? E aquele colega que sempre tira da manga uma preocupação ou uma notícia ruim toda vez que ouve algo bom?
Todos conhecem alguém assim. Outro dia minha esposa me contou um episódio da vida dela que ilustra como é alguém tentar roubar sua alegria. Há alguns anos, feliz após a compra de um carro, foi contar a novidade a uma amiga, de quem ouviu: “Ah, mas essa marca desvaloriza muito. São duas alegrias para os donos desse carro: quando compra e quando vende.” Vivi ficou preocupada, mas, inteligente que é, fez algumas pesquisas e constatou que a informação não procedia. Aquela era uma das marcas que MENOS desvalorizavam no mercado. A amiga, sem querer – ao menos é nisso que Vivi acredita –, quase roubou a alegria do momento, mas foi logo impedida.
Sabe outra situação em que é comum aparecerem ladrões de alegria? Quando estamos numa conversa descontraída com amigos ou a família, falando de coisas boas, como filhos, animais de estimação, viagens… O papo é bom, é alegre, é divertido, é leve, mas, de repente, alguém do grupo puxa um assunto pesado. Começa a falar de morte, de doenças incuráveis, de tragédia. Outra pessoa embarca na conversa, e já era. O clima fica tenso, o ânimo míngua…
Na situação vivida por minha esposa, o pensamento que surge é: caramba, se não pode partilhar da alegria da sua amiga, fique calada, mas não roube o momento de felicidade da outra. No contexto do papo alegre que subitamente se converte em um encontro lúgubre, a ideia inevitável é: sem perceber, permiti que um sequestrador emocional se impusesse, alguém sem noção incapaz de perceber que não se trata de ignorar as fatalidades do mundo, mas de saber que cada assunto tem sua hora.
Imagine um terceiro cenário, no qual você tenha decidido revelar a alguns amigos seus planos de estudar até se tornar, digamos, juiz ou juíza de direito. Embora espere ouvir palavras de incentivo, sabe o que você ouvirá dos seus ladrões de alegria particulares? “Ah, trabalhando e estudando é impossível passar”; “Ora, você não sabia que só filhos de juízes passam?”; “Desista, porque apenas gente de família abastada consegue”. Acredite: infelizmente, há muitos ladrões de alegria assim.
E é por essa razão que meu conselho é: MUITO cuidado ao escolher as pessoas para quem revelar seus sonhos e projetos. Particularmente, não acredito na inveja como força capaz de, sozinha, inviabilizar conquistas. Penso, porém, que muitos de nós acabam mais influenciados do que gostariam pelos comentários de terceiros. Como é difícil saber se você é desse tipo ou não, recomendo que fale de seus projetos apenas para seu círculo mais íntimo (ou para ninguém, se não se sentir efetivamente blindado).
Mesmo que você se livre das pessoas tóxicas descritas até agora, mantenha-se alerta, pois há outros tipos de ladrões de alegria com os quais devemos nos preocupar. Um exemplo são as circunstâncias difíceis que surgem em nossa jornada. A pandemia, a falta de dinheiro, um divórcio ilustram como as situações vêm e vão, sequestrando a harmonia e a felicidade de milhões de indivíduos no mundo.
A essas pessoas, só posso dizer: cuidado, porque a alegria deveria vir de dentro para fora, e não resultar de fatos que independem da sua vontade e – mais importante – do seu esforço. Não posso negar que somos altamente influenciáveis, mas podemos – e devemos – trabalhar incansavelmente para que os nossos sentimentos positivos superem as circunstâncias externas negativas. O que está dentro de nós precisa ser mais forte do que o que está fora. Substitua a negatividade do descompasso financeiro e das notícias ruins e passageiras pela esperança em dias melhores. Alegre-se pela dádiva de estar vivo e de saber que é possível ir além, fazer melhor. Regozije-se apegando-se ao que você tem de bom e não apenas ao que lhe falta. Não estou dizendo que é aceitável você se acomodar. Nada disso! Digo apenas que é necessário sentir-se grato e buscar dentro de si motivação para seguir em frente.
Por fim, há o terceiro tipo de ladrão de alegria: as preocupações, ou melhor, as pré-ocupações. É o relatório a ser entregue no trabalho que não lhe sai da cabeça, é a conta de luz que aumentou, é o check-up de saúde que está atrasado… Tudo é fonte de preocupação, tudo tira o foco de algum momento especial que deveria estar sendo vivido intensamente no presente.
O pior é que geralmente as preocupações nem mesmo se justificam. Costumo dizer que a maioria das situações ruins que projetamos não chegam a se materializar. E, mesmo que venham a ocorrer de fato, concorda que não vale a pena sofrer duas vezes pela mesma razão? Procure ser diligente em sua vida, é claro, mas permita-se alegrar-se com o presente, com o que você está fazendo agora. Cuidado para não deixar que ladrões emocionais o sequestrem para outro tempo que nem sequer existe. Controle os seus pensamentos e segure sua mente para que ela não se perca em devaneios. Afinal, ela pode ir longe demais…
Você me conhece e sabe que sou pragmático. Então, atento aos prejuízos que os ladrões de alegria podem causar, desenvolvi um método próprio para impedi-los de invadir o meu espaço. Chamo-o “método de ouvir sem escutar”. Não tem nada de complexo: meus ouvidos captam o que meu interlocutor está falando, mas, se meu cérebro deduz que estou diante de um sequestrador emocional, minha mente deixa de prestar atenção ao que está sendo dito. Simplesmente não compreende, não entende, não processa a informação. Com essa técnica tenho conseguido evitar que gente tóxica roube meus momentos de felicidade. Além disso, procuro colocar a gratidão acima de qualquer sentimento ruim decorrente de uma circunstância difícil e me esforço para me manter de corpo e alma no momento e local em que estou. Planejo, penso sobre o futuro, mas não vivo o futuro. Ele não chegou ainda.
Nem sempre é fácil, mas saiba que o cultivo da alegria custa menos que a tristeza e traz melhores resultados. Acredite nisso. Reflita sobre isso.
Seja vigilante. Não deixe que os ladrões de alegria sequer cheguem perto de você. Se ainda assim eles o alcançarem, esteja blindado. Eles NÃO podem impedi-lo de sorrir, eles NÃO podem roubar a sua paz, eles NÃO podem privá-lo de sua alegria! NÃO podem nada disso sem a sua permissão.
“Quando a alegria se apresenta, devemos abrir-lhe TODAS as portas, porque jamais parece inoportuna.” – Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo alemão.
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