No livro Leviatã, Thomas Hobbes afirma que a “Felicidade é um contínuo progredir de desejos de um objetivo a outro”. Em sua visão, felicidade seria ter sempre um objetivo a ser alcançado em mente, de forma que as escolhas do ser humano tendem, em sua maioria, a ser vantajosas e nunca prejudiciais, ou seja, são uma sequência de atos favoráveis ao indivíduo.
Há muitas pessoas que passam a vida de fato assim, numa eterna busca para atingir esse estado de espírito de conforto e bem-estar. Avalia-se essa sensação como algo momentâneo, breve e fugaz, que preenche e traz bem-estar. Este é o centro da procrastinação nos estudos e na vida: pequenos ganhos secundários que minam a sua produtividade nos estudos.
Há quem passe a vida inteira em busca dessa aprovação a qualquer custo, lutando para alcançá-la, como se a vida se resumisse a tentar atingi-la por meio de conquistas desejadas, em bens, fora de si mesmos.
Há quem diga que vivemos numa ilusão, como se estivéssemos numa corrida de ratos: a cada vitória, surge uma nova necessidade, pois o êxito é momentâneo. É como se a felicidade fosse uma maçã pendurada numa vara de pescar amarrada no nosso corpo. Às vezes, com muito esforço, conseguimos dar uma mordidinha. Mas a maçã continua lá adiante, apetitosa, nos empurrando para a frente, um meio que faz com que sigamos sempre adiante.
Apesar de parecer fácil, a felicidade acaba virando um peso para alguns, uma fonte terrível de transtornos (como a ansiedade e a depressão), seja porque criaram expectativas demasiadas, seja porque focaram apenas nas conquistas que ficaram para trás.
A verdade é que não existe uma fórmula, ou segredo para se sentir feliz. Por não existir um roteiro a ser seguido, a vida traz consigo uma série de contradições. Como quando observamos alguém, fazemos exatamente o que ele fez e, ao fim, não atingimos o resultado que essa pessoa alcançou. Logo, para se sentir feliz, deve-se observar a singularidade de cada situação e de cada ser, pois estes são fatores únicos.
Ao traçar objetivos e metas em concursos para a vida, a pessoa já se encontra em estado de felicidade, pois, inconscientemente, está projetando para o futuro expectativas positivas, que trarão mais momentos felizes após cumpri-los. A recompensa da felicidade está antes, durante e depois da conquista. Portanto, seja feliz enquanto estuda em busca dos seus sonhos.
Assim, chega-se à conclusão de que se sentir feliz é uma decisão. É ser grato pelo que se tem aqui e agora e seguir querendo ser melhor dia após dia. É se colocar na posição de protagonista da própria vida. É passar a ter foco no que se quer conquistar, comparando-se apenas consigo mesmo.
Entender que não somos, nós estamos, facilita aceitar a cada dia o nosso mal. Estar em determinada situação define que tipo de pessoa você será diante da vida, e talvez seja para isso que sirvam as dificuldades: para buscarmos melhorias, qualificações, para sermos pessoas melhores, de forma constante.
Felicidade é uma forma de nos mantermos ocupados e de nos mantermos vivos, com a finalidade de nos sentirmos bem. Tão bem que vamos querer repetir a experiência muitas e muitas vezes.
Assim a vida se resume a isso, a buscar de forma incessante estar melhor do que agora, e denominamos a felicidade como o verdadeiro combustível que nos move a romper nossos próprios obstáculos.
Os anseios, as virtudes e o que se quer de fato depende muito de um para o outro. Nem sempre os planos sairão da forma como imaginamos, e é exatamente nessa dinâmica de se reinventar e dar a volta por cima que se encontra a beleza da vida.
Por ela, aceitamos os processos e o percurso, ainda que doloroso, para alcançá-la, ocupando-nos do movimento, do trabalho, do estudo, da fé, realizando todo dia os nossos sonhos. Estamos com quem amamos, brigando, casando, procriando, criando motivos para dar sentido à vida.
Por isso, é importante estar feliz e não correr atrás de algo que não se sabe o que é (para alguns, isso tem nome, para outros, isso não tem definição).
Citarei três pilares da felicidade que talvez possam te ajudar a chegar nesse estado de plenitude:
- Sinta-se útil
Buscar atividades nas quais todo o seu talento possa ser usado é um desafio, até porque poucos sabem de fato qual o seu dom. Porém ser útil é algo de que qualquer pessoa se orgulha. Colocar-se à disposição das pessoas é uma iniciativa que pode despertar o sentimento de plenitude e felicidade. Procurar experiências como essas, ao se colocar à disposição do outro, são de uma grandeza absurda.
Trata-se de uma troca mútua na qual ambos podem aprender e ensinar. A recompensa vale para ambas as partes, trazendo níveis bem altos de bem-estar para os envolvidos.
- Desenvolva a sua fé
A religião é algo milenar na qual a Humanidade encontra alento para as dificuldades e as provações da vida. Pessoas que possuem crença em algo sentem-se mais fortes e felizes, mesmo diante das adversidades, e confiam que, mesmo que haja dificuldade, as coisas vão sempre melhorar.
Para quem não comunga de nenhuma religião, a prática do altruísmo e da ajuda ao próximo são atitudes válidas. Visitar orfanatos, fazer doações e realizar atos de bondade no geral podem efetivamente melhorar os níveis de felicidade, ou seja, é útil crer que fazer algo seja bom, mesmo que não seja em Deus.
- Pare de reclamar
Na mente do ser humano, há um viés de negatividade que tende a focar mais no que dá errado do que naquilo que dá certo. Nisso o organismo tende a produzir o hormônio cortisol, ficando em estado de alerta, enfraquecendo o sistema imunológico, causando estresse e depressão. A reclamação deixa o ser em estado de inércia, pois não há saída, apenas problemas levantados.
É comum ver pessoas que são adeptas da reclamação – nada está bom, tudo tem defeito, não se policiam na hora de fazer uma crítica. Mas há também pessoas super positivas que acabam caindo nessa cilada.
Para muitos, trata-se do hábito de desabafar, seja reclamando do frio, do calor, da fila, da burocracia, do ônibus que passou, da conta que esqueceram de pagar – tudo é motivo para ventilar a inconformação com algo. Geralmente pessoas assim não buscam solução, apenas focam em falar mal do problema.
Assim, busque maneiras de se perceber, de tentar parar de focar tanto no problema e buscar a resolução dele. Anotar quando a crítica é levantada e realizar que, ainda que coisas ruins tenham acontecido, a vida em sua infinita perfeição acaba por nos mostrar lá na frente o porquê de boa parte das coisas não terem dado certo e por entender a perfeição – isso sim, é motivo de ser feliz pra sempre.
Faz sentido para você? Agora faça a conexão dos ensinamentos retro transmitidos com os seus estudos diários e perceba que o caminho ficará mais “leve” e menos penoso! Sejamos felizes!
Nelson Marangon
Participe da conversa