Importância da consulta odontológica inicial

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19 de novembro4 min. de leitura

 INTRODUÇÃO

Qual a importância da realização de uma consulta odontológica inicial de qualidade? Quais os principais aspectos a serem observados? Como essa avaliação pode influenciar na nossa conduta profissional?

A consulta inicial infelizmente ainda é muito menosprezada por alguns profissionais na prática da Odontologia. No entanto, deve-se ter em mente que uma consulta adequada pode trazer informações essenciais ao diagnóstico e a uma evolução mais favorável da condição clínica do paciente.

 

CLASSIFICAÇÃO ASA

                A Classificação do Estado Físico do Paciente (ASA) constitui um meio de estimar o risco médico apresentado pelo paciente que será submetido a um procedimento cirúrgico. Essa classificação foi proposta pela Associação Americana de Anestesiologistas e vem sendo seguida desde 1962, praticamente sem alterações (Malamed, 2013).

Apesar de ser uma classificação proposta inicialmente para a área médica, especificamente para procedimentos cirúrgicos, seus conceitos também se aplicam à Odontologia.

Quando o paciente relata uma condição única sistêmica, a classificação ASA pode ser perfeitamente adaptada à clínica odontológica. No entanto, quando o paciente relata múltiplas doenças, deve-se avaliar o significado e o peso de cada uma delas para então enquadrar o paciente na categoria ASA mais apropriada.

De forma geral a classificação é a mesma para os diversos autores. No entanto, trouxe aqui especificamente duas bibliografias que são cobradas com frequência em provas de residências e concursos.

 

Classificação de acordo com Stanley Malamed (2013)

 

Classificação de acordo com Eduardo Dias de Andrade (2014)

*Adaptada

 

ANAMNESE DIRIGIDA

                Uma das etapas mais importantes na primeira consulta do paciente é a anamnese. A partir dela o cirurgião-dentista conseguirá extrair informações a respeito do estado sistêmico do paciente. Nessa etapa deve-se investigar, por exemplo, a ocorrência de doenças sistêmicas e se estas estão controladas, uso de medicamentos crônicos e ocorrência de complicações recentes.

 

EXAME FÍSICO

Nessa etapa, o cirurgião-dentista irá pesquisar sinais de doença, utilizando algumas manobras, a saber: inspeção, palpação, percussão, auscultação e olfação.

 

AVALIAÇÃO DOS SINAIS VITAIS

Ainda como parte do exame físico, deve-se aferir os sinais vitais do paciente: pulso arterial, frequência respiratória, pressão arterial sanguínea e temperatura.

Quanto ao pulso arterial, alterações da qualidade, ritmo e frequência podem indicar insuficiência cardíaca, hipertensão arterial severa ou doença da artéria coronária. Essas condições podem exigir uma avaliação com o cardiologista. A frequência cardíaca considerada normal em um adulto em repouso está na faixa de 60-100 batimentos por minuto (bpm). Atletas podem apresentar uma faixa mais baixa (40-60 bpm).

Em relação a frequência respiratória, considera-se como valor normal, em adultos uma faixa de 14 a 18 incursões por minuto. Alguns estados sistêmicos podem alterar o padrão de frequência respiratória. Por exemplo, em gestantes, devido ao aumento do volume uterino e das mudanças metabólicas, é comum observar-se dispneia (“falta de ar”) e taquipneia (aumento da FR). Outro exemplo é a síndrome de hiperventilação, que é caracterizada por taquipneia como consequência do quadro de ansiedade aguda, com aumento da profundidade de respiração, formigamento das extremidades e dor no peito (eventual).

A pressão arterial é a força exercida pelo sangue contra as paredes arteriais, e é determinada pela quantidade de sangue bombeado pelo coração e pela resistência ao fluxo sanguíneo. Os valores considerados normais são uma pressão sistólica abaixo de 120 mmHg e uma pressão diastólica abaixo de 80 mmHg.

 

RELAÇÃO PROFISSIONAL COM OS COLEGAS MÉDICOS

Por fim, mas não menos importante, deve-se entender que é de grande importância manter contato com o médico assistente do paciente classificado como ASA II, III e IV.

Dessa forma, antes de iniciar qualquer tratamento odontológico, é preciso discutir com o médico o estado sistêmico do paciente, as condutas farmacológicas e as possibilidades de interações medicamentosas, visando uma maior segurança para o paciente e para o transcorrer do procedimento odontológico.

 

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Eduardo Dias De. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia. 3ª ed. São Paulo: Artes Médicas, 2014.

MALAMED, Stanley. Manual

 

Agora vamos discutir como esse assunto pode ser abordado nas provas de residências e concursos em Odontologia.

 

QUESTÕES DE CONCURSO E RESIDÊNCIA

  1. (CADAR 2019 – Banca Aeronáutica) No exame físico pré-operatório de Cirurgia Oral e Maxilofacial, o cirurgião utiliza-se dos órgãos dos sentidos para a realização de manobras de avalição do paciente. A auscultação é uma manobra utilizada rotineiramente em cirurgia bucomaxilofacial para:

a )avaliar a frequência cardíaca.

b) checar as alterações de oclusão.

c) verificar a normalidade respiratória.

d) aferir corretamente a pressão arterial.

 

Comentários:

A auscultação é uma das manobras utilizadas no exame físico. Ela é usada para avaliar a pressão arterial do paciente. Nesse caso, o cirurgião-dentista irá empregar o método auscultatório, cujo equipamento consiste no esfigmomanômetro e no estetoscópio.

Resposta: D.

 

  1. (IBFC – 2019 – Prefeitura de Cabo de Santo Agostinho – PE – Cirurgião Dentista (adaptada)) A fim de classificar o estado físico e risco anestésico dos pacientes submetidos a anestesia e/ou cirurgia, a American Society of Anesthesiologists (ASA) apresentou uma classificação que, introduzida na prática clínica em 1941, é hoje mundialmente empregada e aceita (Saklad, 1941). De acordo com tal classificação, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).

(  ) ASA I – paciente hígido.

(  ) ASA II – pacientes tabagistas e etilistas apenas, excluindo-se os com doença sistêmica mesmo que em grau leve.

(  ) ASA III – paciente portador de doença sistêmica de grau leve.

(  ) ASA IV – paciente portador de doença sistêmica grave que é ameaça constante à vida

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.

a) V, F, F, V

b) V, V, F, F

c) F, V, V, F

d) V, F, F, F.

 

Comentários:

Uma primeira observação é que o livro do Malamed (2013) afirma que a Classificação ASA foi adotada pela American Society of Anesthesiologists em 1962 e não 1941, como trata a questão. Mas isso não vem ao caso, porque nada está sendo perguntado em relação a isso.

Em relação a questão, de acordo com o que estudamos no conteúdo, temos que a resposta da questão é a letra A. A segunda alternativa pode gerar dúvidas, já que de acordo com o livro do Andrade (2014), um paciente tabagista seria classificado como ASA II. Por outro lado, o livro do Malamed (2013) considera o tabagista um paciente ASA I (desde que sem outras doenças sistêmicas). Dessa forma, após avaliar todas as alternativas, só teremos a possibilidade de V – F – F – V.

Resposta: A.

 

  1. (IBFC – 2019 – Prefeitura de Cabo de Santo Agostinho – PE – Cirurgião Dentista (adaptada)) Uma paciente de 40 anos de idade procurou tratamento queixando-se de boca seca e do aspecto geral do seu sorriso que a deixava com ar mais envelhecido. O exame clínico revelou ausência dos molares superiores e inferiores. Nos pré-molares superiores tinham restaurações de amálgama oclusais enegrecidas e muito porosas. Os caninos superiores estavam hígidos, mas ligeiramente extruídos e vestibularizados. Na anamnese, a paciente relatou o uso de medicações para controle da hipertensão. Com base nesse caso clínico, julgue o item a seguir.

A queixa da paciente referente à boca seca pode estar relacionada ao uso da medicação              anti-hipertensiva.

Comentários:

                O objetivo dessa questão é compreender o cerne do nosso artigo. É importante conhecer o nosso paciente: suas doenças de base, as medicações de uso crônico e os efeitos dessas medicações. Esse conhecimento irá guiar nossa conduta clínica e nosso diagnóstico. Especificamente em relação a nossa questão, os anti-hipertensivos podem, sim, diminuir a salivação. Nesse caso, o paciente pode evoluir com histórico de boca seca.

Resposta: CERTO.

 

 

Pessoal, sempre falo nas lives e eventos que é importante tirar todas as dúvidas a respeito de temas que possam cair nas provas. Entre em contato! Não permaneça com a dúvida!

 

Um abraço e bons estudos!

Prof. Daniel Miranda

@danielmirandabucomaxilo

 

 

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