Quanto tempo leva até que se crie o hábito de estudar para concurso?

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19 de junho5 min. de leitura

Quanto tempo leva até que se crie o hábito de estudar para concurso?“Faça algo todo dia que você não quer fazer; essa é a regra de ouro para adquirir o hábito de fazer suas obrigações sem sofrimento.” Mark Twain

Hábitos são padrões de comportamento que acabam se tornando parte da nossa essência, sejamos nós estudantes, professores, motoristas, atletas, escritores ou concurseiros. À medida que repetimos um comportamento no mesmo horário e no mesmo ambiente, o nosso cérebro vai estabelecendo vias sinápticas mais rápidas, de tal maneira que uma ação leva a outra de forma quase automática. É assim que um novo costume é criado, em um processo que demora algum tempo para ser concluído e que não deve ser interrompido. Sabe-se que apenas três dias de pausa na rotina bastam para pôr tudo a perder, mas de quanto tempo precisamos para efetivamente desenvolver um novo hábito?

Na década de 1960, o cirurgião plástico e psicólogo Maxwell Maltz notou que seus pacientes só se davam conta das mudanças pelas quais tinham passado no procedimento cirúrgico – na maioria, amputações de membros – 21 dias depois da operação. Suas observações foram publicadas no livro Psicocibernética. Em 1983, no artigo Mudando em três semanas (¹), publicado na revista Seleções, registraram-se os esforços de uma mulher que decidiu se tornar menos crítica em relação ao marido. Por três semanas, ela se dedicou ao projeto de criar um novo hábito: apontar apenas as qualidades do companheiro. No best-seller O poder do hábito, lançado em 2012, Charles Duhigg ratifica que são necessários 21 dias de repetição de uma ação para que ela se torne um hábito. Na mesma linha de pensamento, no livro Mind hacking: como mudar sua mente para melhor em 21 dias (²), John Hargrave também descreve a importância dos ciclos de 21 dias para o condicionamento da mente.

Claro que, apesar do aparente consenso entre os especialistas acerca do ciclo de 21 dias para a formação de um hábito, há uma variação nesse prazo. É o que mostra o estudo de Philippa Lally, pesquisadora da área de psicologia da saúde da University College London. A pesquisa, Como os hábitos são construídos: modelando a formação de hábitos no mundo real publicada no Jornal Europeu de Psicologia Social (³), evidencia que, em ciclos de a partir de 18 dias, é possível mudar um hábito. Esse período pode variar, a depender da pessoa, do comportamento e das circunstâncias, mas o tempo médio para um comportamento se tornar automático é de 60 dias.

O psicólogo Jeremy Dean, por seu turno, baseia-se em pesquisas mais recentes sobre o tema para sugerir alguns critérios que podem ajudar a definir o tempo necessário à criação de novos hábitos. No livro Criando ​hábitos, ​quebrando ​hábitos:​ por ​que ​fazemos as ​coisas, ​por ​que ​não ​fazemos e ​como ​fazer ​mudanças​ duradouras​ (4), ele explica como o cérebro funciona quando precisa automatizar escolhas, por meio da criação de hábitos, e por que é tão difícil se livrar de hábitos antigos e substituí-los por novos.

De acordo com os estudos do professor, levamos em média 66 dias para começarmos a fazer de maneira automática e inconsciente algo que antes não era do nosso costume. Esse número é uma média, variando bastante de indivíduo para indivíduo e de acordo com a natureza do hábito que se procura criar. Em suas observações, tarefas como beber um copo de água depois do café da manhã demandaram cerca de 20 dias para se transformarem em hábitos. Já atividades como exercitar-se, fazer uma caminhada matinal ou dar uma corrida no fim do expediente exigiram até 84 dias para se tornarem habituais. A conclusão que fica é a seguinte: no caso de objetivos simples, o hábito poderá ser desenvolvido antes dos 21 dias; mas, se a intenção for mudar ou desenvolver um comportamento mais complexo, será preciso bem mais do que essas 3 semanas iniciais.

Portanto, caro leitor, se você se enquadra no perfil de quem está “aposentado” dos estudos, “enferrujado”, sem ritmo e com preguiça, que tal começar agora mesmo a buscar o saudável hábito de estudar? Pare de procrastinar e arrume já um ambiente para as leituras. Deixe à mão, na mesa de estudos, tudo aquilo de que você possa precisar e elabore imediatamente o cronograma da sua preparação. E, ao fazê-lo, seja bem rígido consigo mesmo: não se dê nem um único dia de descanso, pelo menos nas três primeiras semanas ou até que você conclua já estar plenamente adaptado à nova rotina. É muito importante, ainda, que você se organize para que tudo seja feito no mesmo local, na mesma hora e, no mínimo, pelo mesmo intervalo de tempo. Trate o seu estudo como se fosse um trabalho: com horário de entrada e de saída e metas rigorosas a serem cumpridas.

Como eu já expus em outras oportunidades, no que diz respeito à formação do hábito, o estudo para concurso é bem similar à prática de atividades físicas. No início, é muito difícil. O corpo dói, a mente reclama, os olhos ardem. Porém, depois de algumas semanas de ação repetida e consciente, a atividade passa a ser executada com naturalidade, sem esforço e sem desconforto.

Não se esqueça de que é preciso educar o corpo e a mente sem falhar um dia sequer. Têm de entrar em cena a senhora autodisciplina e o senhor esforço. Depois de um tempo, o hábito estará tão consolidado, que você sentirá falta da rotina. Nesse estágio, dois dias sem estudar – ou sem se exercitar – serão suficientes para você se sentir um bocado insatisfeito. Pode acreditar. Digo isso como alguém que, ao longo do tempo, criou dois hábitos diários: o de praticar atividades físicas e o de estudar sempre, em busca de aprimoramento contínuo.

Sabemos que não se trata de uma tarefa simples. Tampouco será fácil. Mas pense nos frutos desse sacrifício, que serão doces e permanentes. Dê o primeiro passo hoje mesmo!

Bons estudos e GRAN sucesso,

“O início de um hábito é como um fio invisível, mas, a cada vez que o repetimos, o ato reforça o fio, acrescenta-lhe outro filamento, até que se torna um enorme cabo e nos prende de forma irremediável, no pensamento e na ação.” Orison Swett Marden

PS: Siga-me em minha página do Facebook e em meu perfil do Instagram. Lá, postarei pequenos textos de conteúdo motivacional. Serão dicas bem objetivas, mas, ainda assim, capazes de ajudá-lo em sua jornada rumo ao serviço público.

(1) BATEMAN, A. Three weeks to a better m​e, Reader’s Digest, 1983, tradução nossa.
(2) DUHIG, C. Mind Hacking: How to Change Your Mind for Good in 21 Days, Gallery Books, 2016, tradução nossa.
(3) LALLY, P. How are habits formed: Modelling habit formation in the real world, European Journal of Social Psychology, 2009, tradução nossa.
​(4) DEAN J. Making Habits, Breaking Habits: Why We Do Things, Why We Don’t, and How to Make Any Change Stick”​, Oneworld Publications, 2013, tradução nossa.​


Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e fundador do Gran Cursos Online e da GG Educacional. Sempre soube que a sua missão de vida era ser empreendedor. Por força do destino, ingressou no mercado de concursos muito novo, há mais de 10 anos. Acumulou experiências de grande valia ao acompanhar as atividades empresariais de seus pais, ambos ex-servidores com quase 3 décadas de experiência no mercado de concursos. Em 2013, decidiu que queria montar sua própria empresa e convidou o amigo Rodrigo Calado, também muito experiente na área, para ser o seu sócio. Nasceu ali a GG Educacional, uma organização totalmente dedicada à educação a distância, cujo lema é: “Ensino aliado à tecnologia”. Esse foco, em conjunto com o trabalho de colaboradores e professores dedicados e altamente especializados, resultou em crescimento exponencial ao longo dos últimos 2 anos. Atualmente, o Gran Cursos Online, principal marca da empresa, está entre as maiores do País e é referência em sua esfera de atuação.

É formado em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business, instituição de grande destaque no mundo corporativo. Nela, estudaram empreendedores de sucesso, como Jack Dorsey (fundador do Twitter) e John Paulson (fundador e presidente de um dos maiores fundos de investimento do mundo). Lá, participou de projetos desafiadores, interagindo com alunos do mundo inteiro e de visões muito diferentes da sua. Essa educação global e empreendedora hoje faz parte do DNA de Gabriel e da empresa que ele lidera, onde busca oferecer aos alunos o que há de melhor; tudo para ajudá-los a atingir os seus objetivos e a mudar de vida.

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