Simplificando a classificação das anemias

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07 de junho3 min. de leitura

A anemia é um tema recorrente em provas de concursos e residências. Esta alteração hematológica é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a condição na qual o conteúdo de hemoglobina do sangue esta abaixo dos valores considerados normais para a idade, sexo, estado fisiológico e altitude. Na prática, dosagens de hemoglobina com valor inferior a 13g/dL, 12 g/dL e 11 g/dL para homens, mulheres e crianças, respectivamente, definem a anemia.

As anemias podem ser classificadas sob dois pontos de vista diferentes: a classificação fisiopatológica e a classificação morfológica.

Sob o ponto de vista da classificação fisiopatológica, subdividimos as anemias em hipoproliferativas ou hiperproliferativas. É bastante simples de entender: nas anemias hipoproliferativas há uma proliferação de células vermelhas (hemácias) reduzida, ou seja, observamos um baixo número dos precursores eritrocitários, os reticulócitos, cuja contagem esperada é abaixo dos 25.000/mL. E porque isso pode acontercer? Basicamente por situações carenciais, de deficiência de estímulo ou deficiência de produção. Vamos explicar melhor, usando uma analogia: a produção de hemácias como uma receita de bolo, ok?

Nas anemias hipoproliferativas carenciais, há um défcit dos “ingredientes do bolo”, que no caso da produção de hemácias, poderiam ser, por exemplo, o ferro (ferropriva), a vitamina B12 ou o folato (megalobásticas).

Nas anemias hipoproliferativas por deficiência de estímulo, falta “o gás para acender o forno que irá assar o bolo”, que no caso da produção de hemácias, poderia ser, por exemplo, em um paciente portador de doença crônica, a falta do hormônio eritropoietina, secretado pelos rins, e que estimula a medula óssea a elevar a produção de células vermelhas do sangue.

Já nas anemias hipoproliferativas por deficiência de produção, “o forno que irá assar o bolo está estragado”. No caso da produção de hemácias, esta situação ocorre quando a medula óssea encontra-se aplasica, ou seja, o tecido medular normal foi substituído por tecido gorduroso e, portanto, não há formação adequada das células sanguíneas normais. Como resultado, temos não apenas uma anemia, mas a chamada pancitopenia (redução da contagem das 3 séries sanguíneas: série vermelha, série branca e série plaquetária).

Por outro lado, nas anemias hiperproliferativas há uma proliferação de células vermelhas (hemácias) aumentada, como tentativa de reagir ao quadro de baixa na contagem de hemácias e de hemoglobina. Desta forma, observamos um elevado número dos precursores eritrocitários, os reticulócitos, cuja contagem é superior a 75.000/mL, evidenciando o esforço da medula óssea em reagir ao quadro anêmico. Este cenário costuma acontercer por situações de consumo elevado, como ocorre por exemplo em uma hemorragia, ou destruição elevada, como ocorre por exemplo nos quadros hemolíticos.

Agora vamos falar sob o ponto de vista da classificação morfológica. Neste caso, avaliamos o tamanho ou a cor (conteúdo de hemoglobina) das hemácias.

Ao avaliarmos o tamanho das hemácias, utlizamos o parâmetro hematológico VCM (volume cospurcular médio) para subdividirmos as anemias em microcíticas (VCM reduzido, ou seja, abaixo de 80fL), normocíticas (VCM normal, ou seja, entre 80fL e 100fL) ou macrocíticas (VCM aumentado, ou seja, acima de 100fL). Uma dica importante, na microscopia, é comparar o tamanho da hemácia ao tamanho do núcelo de um linfócito normal. Uma hemácia  normocítica será do mesmo tamanho do núcleo do linfócito, uma hemácia  microcítica será menor e uma hemácia  macrocítica será maior que núcleo deste linfócito. Fácil, não é?

Já ao avaliarmos a cor (cromia) das hemácias, utlizamos o parâmetro hematológico CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média), ou seja, a concentração de hemoglobina em uma hemácia, o que nos permite subdividir as anemias em hipocrômicas (CHCM reduzido, ou seja, abaixo de 32 pg) ou normocrômicas (CHCM normal, ou seja, entre 32 e 36 pg). Esses valores indicam a coloração que a hemácia apresentará à microscopia, por isso quando os valores estão baixos, o centro da célula ficará mais pálido que o normal, indicando uma falta quantitativa de hemoglobina dentro da hemácia.

Agora vamos juntar tudo? Correlacionando a classificação fisiopatológica com a classificação morfológica, vemos que as anemias hipoproliferativas carenciais podem ser do tipo microcítica hipocrômica como no caso da anemia ferropriva ou do tipo macrocítica normocrômica como no caso das anemias megalobásticas. As anemias hipoproliferativas por deficiência de estímulo costumam ser do tipo normocítica normocrômica como no caso das anemias de doença crônica.

Já as anemias hipoproliferativas por deficiência de produção costumam ser do tipo normocítica normocrômica como no caso das anemias aplásicas. Por fim, tanto as anemias hiperproliferativas por consumo elevado quanto as anemias hiperproliferativas por destruição elevada são normocíticas normocrômicas como no caso das hemorragias e das anemias hemolíticas, respectivamente.

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Um forte abraço e bons estudos!

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