Tudo que você precisa saber sobre Imunidade e Vacinas

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17 de Março de 2021

Se você leu nosso artigo “Vacinas contra a COVID-19: qual o cenário atual?” e ficou perdido ao se deparar com os vários tipos de vacinas que mencionamos lá, não se preocupe, você está no ligar certo!

Neste artigo, vamos relembrar juntos alguns conceitos importantísssimos sobre a Imunidade e sobre o mecanismo de funcionamento das Vacinas, para que você acerte qualquer questão sobre o tema na sua prova de concurso ou residência, combinado?

Vamos começar lembrando que nosso organismo reponde prontamente a uma infecção por meio da imunidade inespecífica (também chamada de imunidade natural ou inata), que é constituída de mecanismos de defesa bioquímicos e celulares (tais como as protéinas do sistema complemento e o processo de fagocitose celular, por exemplo), que já estão presentes em nosso organismo antes mesmo de se iniciar o processo infeccioso. Ou seja, já nascemos com ela e para que ela seja acionada, não não necessários estímulos prévios nem há período de latência.

Porém, em muitos casos esse processo é insuficiente para evitar uma contaminação por um agente infeccioso, por exemplo, e necessitamos de uma resposta mais eficiente: a imunidade específica (também chamada de imunidade adquirida ou adaptativa). Ela inicia-se quando os agentes infecciosos são reconhecidos nos órgãos linfoides pelos linfócitos T e B. Os linfócitos B iniciam a produção de anticorpos específicos (imunidade humoral) contra o antígeno e os linfócitos T viabilizam a produção de células de memória (imunidade celular).

A imunidade humoral possui dois estágios, e isso é importante para entendermos uma das muitas vantagens da vacinação. Quando o indivíduo é exposto ao agente infeccioso pela primeira vez ou quando recebe uma vacina, a primeira classe de imunoglobulinas a serem produzidas são as imunoglobulinas IgM que em curto espaço de tempo darão lugar às imunoglobulinas IgG, as quais ficarão presentes, na  maioria  das  vezes, para o resto da vida. Esse processo, chamado de resposta primária, leva algum tempo para ser processado e gera uma quantidade limitada de anticorpos.

Caso o indivíduo entre em contato novamente com o mesmo agente infeccioso, entra em cena a resposta secundária, que é muito mais rápida e potente (produz níveis muito mais altos de imunoglobulinas) se comparada à resposta primária, prevenindo a instalação da doença. Ou seja, um indivíduo vacinado, ao ter contato com o patógeno, desenvolve automaticamente uma resposta imune secundária, rápida e eficiente, protegendo-o da doença, entendeu?

Dito isso, vamos lembrar que existem duas formas de imunização: a Imunização passiva consiste na injeção dos anticorpos pré formados (imunoglobulinas), seja na forma purificada ou em soros, para fornecer tratamento ou ainda para fornecer uma proteção imediata porém temporária contra alguma doença. Este tipo de imunização é usada, por exemplo, no tratamento de imunodeficiências como o mieloma múltiplo, e em acientes envolvendo picadas de cobras peçonhentas (soros antiofídicos). Porém existe tambem a Imunização ativa, em que a resposta imune é estimulada ou pelo contato prévio com um imunógeno pelo processo de adoecimento propriamente dito (imunização ativa natural) ou por meio da exposição ao microrganismos ou a seus antígenos em vacinas (imunização ativa artificial), esta última foco do presente artigo.

Então vamos conhecer os principais tipos de imunização ativa artificial disponíveis ou, para simplificar, os principais tipos de vacina:

  1. Vacinas de microrganismo vivo (atenuado): contém microrganismos vivos, porém limitados em sua capacidade de causar doença, mas que ainda são capazes de multiplicar-se no organismo hospedeiro, gerando a resposta imunológica. Assemelha-se, desta forma, à infecção natural, porém de intensidade muito mais branda e é capaz de gerar uma proteção completa e duradoura já que induz resposta imune tanto humoral quanto celular. Tais vacinas não necessitam de adjuvantes (veremos a frente o que são eles) e nem de doses de reforço, porém devem ser administradas com cautela, já que existe o risco de reversão do patógeno atenuado em uma forma virulenta.
  2. Vacinas de microganismo morto (inativado): contém microrganismos mortos ou partículas antigêncicas destes (proteínas, por exemplo), ou seja, incapazes de multiplicar-se no organismo hospedeiro. Tais vacinas nem chegam a “imitar” a doença. O que fazem é enganar o sistema imunológico, pois este acredita que o agente infeccioso morto, ou uma partícula dele, representa perigo real e desencadeia a resposta imunológica. Porém, apesar de serem mais seguras pois não há risco de infecção, a imunidade induzida por elas geralmente não é duradoura (são necessárias doses de reforço) e pode ser apenas humoral e não mediada por células. Na tentativa de que reforçar sua imunogenicidade, geralmente são administradas com um adjuvante, geralmente o hidróxido de alumínio, cujo obejtivo é aumentar a mobilização e a ativação de células apresentadoras de antígeno no local da aplicação do imunizante. Neste grande grupo de vacinas, temos ainda alguns subtipos:
    a. Vacinas de toxóides: utilizam as toxinas produzidas por um patógeno (ex: tétano e difteria), porém inativadas para eliminar a toxicidade efetiva, mantendo a capacidade antigênica.
    b. Vacinas de subunidades: utilizam somente os fragmentos antigênicos (em geral proteínas) de um microrganismo que melhor estimulam uma resposta imunológica.
    c. Vacinas conjugadas: associam proteínas e polissacarídeos do microrganismo para estimular uma resposta imunológica mais duradoura.
    d. Vacinas de vetores recombinantes: produzidas por técnicas de engenharia genética, em que outro microrganismo (vírus não patogênico) ou outra estrutura (lipossomo) é utilizada para carrear um gene de interesse ou
    a fração antigênica desejada.
  3. Vacinas de material genético: um dos mais novos e mais promissores tipos de vacinas, em que o DNA ou mRNA do microrganismo é injetado e, após ser captado pelas células dendríticas, musculares ou macrófagos, ativam não só uma resposta celular, mas principalmente levam à expressão do gene para o imunógeno, como se fosse uma infecção natural. Ou seja, nosso organismo passa a produzir as proteínas do microrganismo, potencializando a resposta imune contra ele.

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Um forte abraço e bons estudos!

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17 de Março de 2021