Vulnerabilidade é força

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Vulnerabilidade não é a fissura que ameaça ruir sua estrutura interior; é o vão por onde entra ar fresco quando o ambiente parece asfixiante.

Desde cedo, aprendemos a mascarar imperfeições para parecermos inabaláveis. Esse verniz, porém, forma uma armadura tão rígida que acaba nos impedindo de crescer. Quem estuda para concursos logo percebe: não se evolui tentando convencer o mundo – ou a si mesmo – de que está tudo sob controle.

A arte japonesa do kintsugi propõe uma lógica diferente. O artesão toma de um vaso quebrado e o reconstrói, caco por caco, mas sem tentar esconder os traços da ruptura. Em vez disso, ele verte ouro líquido sobre as fendas. O objeto recupera sua forma original, mas agora com algo a mais. As cicatrizes reluzentes transformam o item em uma peça única e mais valiosa que qualquer outra intacta e… comum. Sua beleza não reside na ausência de rachaduras, mas na história que carrega – e no cuidado que fez das falhas seu maior diferencial. O que antes era visto como dano passa a ser símbolo de autenticidade e reinvenção.

Veja na imagem a seguir como essa estética é poderosa. Note como a restauração do vaso não disfarçou suas fraturas; ao contrário, fez delas o ponto focal da beleza e do valor da peça:

Agora, pense em como essa imagem pode representar sua própria trajetória de estudos. Cada reprovação, cada madrugada solitária, cada comentário de descrédito acrescenta um filete dourado à cerâmica que você está se tornando. As marcas denunciam quedas, sim, mas também são testemunho da sua resiliência.

Não são os estilhaços que definem o vaso, mas o cuidado com que cada pedaço foi recolocado no lugar. Do mesmo modo, não é o tropeço que define você como concurseiro, e sim a disciplina que o impulsiona a recomeçar no dia seguinte.

Ser vulnerável é reconhecer falhas sem se reduzir a elas. É encarar o rascunho da redação de ontem, perceber os erros e, mesmo assim, confiar que aquele esboço é matéria-prima do texto final.

Sob essa perspectiva, abandonar o papel do “invencível” é um gesto de coragem intelectual que só traz benefícios. Para dizer o mínimo, liberta a energia antes gasta com aparências e a redireciona para o essencial: estudo consistente, revisão criteriosa, treino sistemático.

Quanto mais honesto você for consigo mesmo a respeito do cansaço, da ansiedade e, sobretudo, dos erros cometidos, mais cedo encontrará os pontos que precisam da sua atenção. A transparência, aqui, não enfraquece: acelera. É uma via direta para a eficiência.

Há, portanto, força na vulnerabilidade, porque ela revela o que mais importa agora na sua preparação. Aponta o que deve ser relido, qual disciplina exige seu foco, onde a memória falha… A vergonha dá lugar à clareza quando a análise é feita com objetividade.

Por isso, se algum resultado recente o tiver deixado em pedaços, não encare isso como um fim, mas como a base para a sua próxima versão. Reaproveite cada fragmento da experiência, cada legado dela, e una tudo com o ouro do aprendizado.

A arte kintsugi não celebra o acidente; celebra a resposta a ele. Concurseiros que compreendem essa lógica deixam de colecionar frustrações e passam a reunir versões cada vez mais refinadas de si mesmos.

Que suas cicatrizes acadêmicas não sejam escondidas por vergonha, mas valorizadas e exibidas com orgulho. O orgulho de quem atravessou zonas de ruptura e saiu não apenas inteiro, mas mais forte, mais verdadeiro, mais inteiro de si.


Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.

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