No meu dia a dia no Gran, uma pergunta me é feita com frequência: “Que conselho você daria ao seu eu do passado?”. Essa questão sempre me faz refletir sobre as lições que o tempo ensina e como a sabedoria se constrói através das experiências vividas. Pensando numa forma de transmitir ao Gabriel de ontem ao menos parte da experiência do Gabriel de hoje, concluí que o melhor formato para isso seria uma carta – aquela que eu gostaria de ter recebido ao completar 18 anos. Assim, houvesse a tão idealizada viagem no tempo, eu voltaria uns quinze anos e entregaria a mim mesmo um texto que diria mais ou menos o seguinte:
“Gabriel,
Sei que esta carta o encontrará num momento de apreensão, com a maioridade recém-alcançada, a mente cheia de sonhos e o peito carregado de incertezas. Posso adivinhar o que se passa em sua cabeça neste instante: você se sente pressionado a definir o rumo da sua vida, como se o destino fosse decidido de uma tacada só e a partir de uma única escolha.
Pois bem. Preciso lhe dizer que não é assim que as coisas funcionam. O futuro não é linear como uma reta; está mais para uma teia delicada, tecida com o fio de pequenas decisões diárias. São essas escolhas cotidianas, aparentemente insignificantes, que moldam quem você se tornará.
Na sua idade, é comum se iludir com a ideia de sucesso fácil. Olhamos para o quintal do vizinho e admiramos a grama bem cuidada, sem, no entanto, enxergar as raízes regadas à base de suor. Por isso, meu primeiro conselho para você é: jamais se deixe levar pela aparência de vitória. Em vez disso, apaixone-se pelo trabalho, pelo processo, pela construção silenciosa. Acredite em mim quando digo que essa paixão será o alicerce do seu sucesso. Sabe aquele filme sobre o garoto que vence um torneio de judô com um único movimento, lapidado à exaustão? Será mais ou menos assim com você: seus pontos fracos se tornarão sua maior força, desde que você seja resiliente e se dedique de corpo e alma a essa transformação.
E por falar em transformação, sei que você tem medo de errar. É natural. Mas encare esse instinto como uma luz de alerta, não como correntes que o impedem de avançar. Os erros não definem sua capacidade – a covardia, sim. Tropece, mas tropece para a frente. O fundo do poço, como você descobrirá, é onde as sementes mais resistentes são plantadas.
Haverá momentos de dúvida, quando a tentação de desistir parecerá irresistível. A vida testará sua resiliência, e pessoas próximas questionarão suas escolhas. Quando isso acontecer, lembre-se: ninguém carrega o peso dos seus sonhos além de você mesmo. Nem todos entenderão sua jornada, e isso não importa. A persistência sempre vence o talento adormecido, e ter disciplina é manter-se fiel ao compromisso consigo mesmo inclusive quando o entusiasmo perde força.
Gabriel, você será tentado a buscar aprovação alheia para validar suas escolhas. Quanto a isso, só posso lhe pedir cuidado, pois hoje, mais maduro, sei que ninguém pode ditar quem devemos ser. O preço de viver para agradar aos outros é alto demais, entende? Como disse Viktor Frankl certa vez, ‘a última liberdade humana é escolher sua atitude diante das circunstâncias’. Então, olhe-se no espelho e responda honestamente: quem você quer ser? A resposta será sua bússola. Fie-se nela.
E, quando encontrar sua direção, prepare-se, pois haverá privações. Você verá amigos se divertindo enquanto você estuda e trabalha; notará a família preocupada com o seu isolamento; e terá a incerteza como companheira mais leal. Para conviver bem com tudo isso, reconecte-se com o seu propósito inicial. Reitero: a dor do agora é a base da plenitude do amanhã.
Ah, sim… Não confunda eventuais e necessárias pausas com desistência. Até os imparáveis descansam. Afinal, ser imparável não significa ser indestrutível ou perfeito. Significa continuar apesar do cansaço e entender que a coragem só existe na presença do medo. É sobre construir sua vida em base sólida, de tal forma que as piores tempestades podem destruir tudo a sua volta, mas você permanecerá firme.
Nessa jornada, não acredite no mito do equilíbrio perfeito. A vida, meu jovem, é feita de altos e baixos, de momentos que exigem diferentes prioridades. Ora o foco será a sua carreira, ora será a sua família, numa ciranda entre pausas e movimentos bem pensados. O importante é não se perder de si mesmo, mantendo sua essência enquanto se adapta às circunstâncias.
Crie metas, mas se permita ajustá-las, pois rigidez em excesso é inimiga do aprendizado. A vida nem sempre seguirá o plano, mas – não tenha dúvida – as surpresas podem ser ainda melhores que o programado. Acostume-se a ouvir os sinais e a recalcular a rota sem desistir do destino. A perseverança está em adaptar-se sem perder o rumo.
Nos dias em que o fardo parecer insuportável, permita-se dar uma pausa. Feche os olhos, respire fundo e acalme a mente focando em ouvir apenas o pulsar do seu coração. Pense que cada batida dele é um lembrete de que você tem mais uma chance. Tropeçou e caiu? Levante-se, mesmo que a vontade de desistir seja grande. A disciplina deverá entrar em cena para fazê-lo reagir ainda que a motivação falhe.
As vitórias virão, e serão doces, mas não deixe que elas intoxiquem sua alma com traços de vaidade. A humildade, como você já deve ter percebido, é a marca dos grandes. Sei que ser um bom líder é importante para você, então tenha em mente que o seu valor não está em seus feitos, mas na maneira como os emprega para impactar positivamente o mundo. A verdadeira liderança começa no exemplo que você dá a si mesmo.
Gabriel, meu caro, seja ao mesmo tempo grato e eterno insatisfeito. Cultive a gratidão por tudo que já conquistou, mas mantenha alguma insatisfação, mirando o que você ainda pode alcançar. Esse aparente paradoxo será o motor do seu crescimento, transformando suas limitações em novos desafios. Como o Livro ensina, é nas adversidades que plantamos as sementes mais promissoras, e a colheita após a tempestade costuma ser mais abundante.
Outra coisa: não carregue sozinho o peso da sua jornada. Construir é um ato coletivo, então aprenda a delegar, a pedir ajuda, a confiar. Cerque-se de pessoas que acreditam em você – elas farão toda a diferença, especialmente quando suas próprias forças estiverem se esgotando.
Por fim, nunca se esqueça de que a vida é um presente raro e precioso. Celebre as pequenas vitórias: o café da manhã preparado com atenção, os momentos de silêncio que trazem paz, as pequenas conquistas diárias. É nos detalhes que a plenitude se revela. Quando se sentir muito fraco, evoque as palavras do apóstolo Paulo: ‘Porque quando estou fraco, então sou forte.’ Proteja-se dos ‘ladrões de alegria’, cultive o poder do silêncio sempre que necessário e – talvez o mais importante – viva um dia de cada vez.
Gabriel de 18 anos, não tome esta carta como uma espécie de mapa do tesouro, e sim como um lembrete de que você é mais forte do que imagina e mais capaz do que acredita. O mundo não espera que você seja perfeito, apenas que tenha coragem para começar e persistência para continuar.
Então vá. Seja imparável.
Com carinho,
Você alguns anos mais sábio.
Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.
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