Olá pessoal! Tudo bem? Sou a professora Débora Juliani, farmacêutica, especialista em Análises Clínicas e faço parte do time de professores do Gran Concursos.
Felizmente a medicina laboratorial está em constante desenvolvimento e atualização e sempre surgem testes curiosos e inovadores que, ao longo do tempo, têm ajudado a revolucionar o diagnóstico e tratamento de diversas condições.
No presente artigo vamos falar de uma condição que talvez você não conheça, a Fibrose Cística, e também de um exame laboratorial usado para diagnosticá-la, que é ainda mais provável que você também não conheça, o Teste de Suor! Ficou curioso (a)? então vem comigo que vou lhe explicar tudo!
A Fibrose Cística (FC), também conhecida como mucoviscidose, é uma doença genética rara que afeta principalmente os pulmões, pâncreas, fígado e intestinos. Ela é causada por uma mutação no gene CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator), que resulta na produção, pelas células epiteliais, de um muco muito mais espesso e pegajoso que o normal. Dessa forma, esse muco tende a obstruir os ductos das glândulas e causar danos aos órgãos afetados, especialmente aos pulmões, levando a infecções respiratórias frequentes e progressivas.
Para que você entenda melhor a fisiopatologia da doença, bem como o embasamento teórico do Teste do Suor, vou aprofundar um pouco mais para você sobre como e porque esse muco se torna mais espesso. A resposta está nos canais de cloro!
O gene CFTR, afetado na FC, codifica uma proteína de mesmo nome, responsável pela regulação dos canais de cloro nas células epiteliais. A mutação no CFTR resulta em um canal de cloro disfuncional ou até mesmo ausente, já que existem mais de 1.700 diferentes mutações conhecidas no gene CFTR, cujo tipo e localização no gene vão determinar a gravidade da doença.
Uma vez que os canais de cloro nas células epiteliais estão disfuncionais ou ausentes, ocorre a retenção de íons de cloro e água dentro das células. É por isso que as secreções mucosas (extracelulares) se tornam anormalmente espessas e viscosas (desidratadas), conforme você pode observar na imagem a seguir:
Agora vamos falar do diagnóstico! Por isso peço que você guarde essa informação que acabei de trazer para entender como funciona o Teste do Suor: uma característica marcante da doença é um paciente cujas células epiteliais possuem canais de cloro disfuncionais ou ausentes, portanto retendo íons cloro no meio intracelular, ok?
Considerando a gravidade da FC, que pode levar a complicações graves e que impacta negativamente na expectativa de vida do paciente, o diagnóstico precoce é crucial para iniciar o tratamento o mais rápido possível!
O tão famoso e conhecido Teste do Pezinho, um exame obrigatório para todos os recém-nascidos brasileiros, e que faz parte do Programa de Triagem Neonatal do Ministério da Saúde, ajuda na triagem de doenças genéticas, como a FC. Porém, mesmo se tratando de um exame extremamente importante na triagem da doença, ele não é capaz de confirmar ou excluir sozinho a presença da fibrose cística. O teste apenas tria os recém-nascidos que possuem o risco de ter a doença e, após o resultado positivo do primeiro teste e da recoleta, o Teste do Suor deve ser realizado para confirmar ou descartar a existência da FC.
Então vamos nos aprofundar nele, no Teste do Suor (também chamado de Teste do Cloreto no Suor), considerado inclusive o padrão-ouro de diagnóstico se realizado segundo a técnica de Gibson & Cooke, também denominada Teste do Suor por iontoforese quantitativa com pilocarpina.
O princípio do teste, realizado em bebês, crianças e adultos com suspeita de FC, envolve estimular a produção de suor em uma pequena área da pele, geralmente no braço ou na perna, utilizando para isso a aplicação de correntes elétricas de baixa intensidade (iontoforese) que facilita a penetração através da pele da substância chamada pilocarpina, a qual estimula as glândulas sudoríparas a produzirem suor.
O teste do suor envolve, portanto, quatro etapas:
I. Estimulação da sudorese pela iontoforese por pilocarpina;
II. Coleta do suor em gaze, papel-filtro ou espirais de plástico (macroduct);
III. Avaliação da quantidade de suor coletada (miligramas ou microlitros); e
IV. Análise quantitativa da concentração de cloro no suor
O Teste do Suor é considerado positivo quando a dosagem de cloro é maior que 60 mmol/L (em duas amostras) e negativo, quando menor que 30 mmol/L. Resultados do teste do suor entre 30 e 59 mmol/L são considerados inconclusivos e requerem encaminhamento para um centro de referência especializado, para testes adicionais (genéticos, por exemplo).
Observe então que pessoas com fibrose cística têm níveis muito mais altos de cloreto no suor do que o normal. E aí você já deve ter se perguntado: se na FC os íons cloreto ficam retidos dentro das células epiteliais, porque os níveis de cloreto ficam aumentados no suor? Essa é uma excelente questão!
Isso pode parecer contraditório à primeira vista, mas posso explicar de forma super simples essa aparente contradição: as glândulas sudoríparas, responsáveis pela produção do suor, são glândulas exócrinas (um tipo de glândula que secretam substâncias para fora do corpo ou em cavidades do corpo que se comunicam com o exterior) e possuem células com um grande número de canais CFTR. Quando estes estão disfuncionais, como ocorre na FC, as glândulas sudoríparas ficam cheias de íons cloreto e consequentemente produzem um suor anormalmente salgado, entendeu?
Por hora, ficamos por aqui, e agora você já conhece esse exame simples, rápido, indolor e não invasivo, fundamental para oferecer um diagnóstico preciso e seguro da Fibrose Cística!
Espero que tenha gostado do conteúdo e que continue estudando com o Gran Concursos para conquistar sua vaga dos sonhos! Temos cursos online voltados exclusivamente para editais das principais residências e concursos, civis e militares, do Brasil. Um forte abraço e bons estudos!
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