Todo concurseiro conhece intimamente o peso da sua jornada: um sem-fim de materiais para estudar, aulas para assistir e questões para resolver. As horas de dedicação podem parecer um fardo, mas já parou para pensar que é precisamente esse esforço que levará você ao próximo nível? O peso incomoda, sem dúvida; porém, abandoná-lo significaria perder o horizonte da aprovação.
Diante desse peso, muitos buscam refúgio na zona de conforto – uma armadilha bem disfarçada. É que a preguiça e o desânimo que nos convidam ao descanso não trazem a paz prometida. Ao contrário, uma poltrona macia, quando ocupada por tempo demais, aprisiona tal qual uma jaula. “Só mais um episódio”, “só mais cinco minutinhos”; tudo desculpa para permanecer na inércia. Você já está preso a uma rotina improdutiva e só com muita força de vontade conseguirá se libertar.
Felizmente, a matemática do esforço segue uma lógica infalível: pequenas ações, quando acumuladas com consistência, geram transformações exponenciais. Assim como cada semente plantada carrega o potencial de uma árvore frondosa, cada questão resolvida ou página estudada representa um investimento no seu futuro. Esse primeiro passo é crucial porque rompe a resistência inicial – exatamente como preceitua a Primeira Lei de Newton: um corpo em movimento tende a permanecer em movimento. Uma vez estabelecido o ritmo de estudos, a própria dinâmica do progresso alimentará sua continuidade.
O princípio da inércia encontra respaldo na biologia do aprendizado. Estudos recentes em neuroplasticidade indicam que desafios cognitivos frequentes fortalecem as conexões neurais e, assim, aumentam a capacidade de aprendizado e resiliência. Logo, toda vez que você escolhe persistir em vez de desistir, promove uma literal reconfiguração do seu cérebro. Da mesma forma que um músculo se fortalece e desenvolve com exercícios físicos constantes, a mente também se prepara continuamente para novos desafios à medida que a treinamos por meio do estudo disciplinado.
Essa capacidade de adaptação revela um profundo paradoxo presente no ato de assumir responsabilidades: ele é simultaneamente limitante e libertador. Quem se compromete com uma meta bem definida – o estudo para concurso público, por exemplo –, aceita restringir sua liberdade pelo tempo necessário. Por esse ângulo, a responsabilidade limita: limita almoços em família, encontros com os amigos, idas ao cinema… Ao mesmo tempo, ela liberta, ao nos poupar do peso da indecisão e das distrações. Em vez de gastarmos energia decidindo o que fazer a seguir ou cedendo a impulsos momentâneos, canalizamos nosso foco para aquilo que realmente importa.
Essa aparente contradição encontra eco nas palavras da escritora Simone Weil: “A liberdade é consentir com a necessidade.” Aceitar fazer o necessário, portanto, não representa submissão, mas demonstração de autonomia – uma escolha consciente que transforma obrigações em conquistas. E conquistas que, acredite, serão motivo de orgulho no futuro.
No entanto, para materializar essa escolha, é fundamental viver o presente. Como nos lembra Kierkegaard, “a vida deve ser compreendida olhando para trás, mas vivida olhando para frente.” O agora é o único tempo que efetivamente controlamos. Cada ação hoje é uma afirmação de propósito, uma oportunidade de moldar o amanhã conforme nossos objetivos.
Por isso, jamais encare suas tarefas como meras obrigações despropositadas – elas são elementos de uma transformação maior. Resolver questões, estudar conteúdos, fazer simulados: essa rotina é a base de algo significativo que você talvez só compreenda muito adiante. São gestos que concretizam sonhos.
O peso de fazer o necessário pode parecer esmagador, mas ele nos mune de tudo aquilo que precisamos para avançar. Na luta contra a inércia, encontramos liberdade, autonomia e propósito. Cada ação converte o fardo em força, a obrigação em liberdade, o cansaço em crescimento.
Então, concurseiro, carregue o peso de suas escolhas com determinação e resiliência. Esse é o fardo libertador que o sustentará até a aprovação.
Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.
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