A luz em Santana do Matos, no sertão potiguar, nunca foi abundante. Mas Miriam Martins descobriu cedo que claridade também se acende nas páginas de um caderno. Cresceu numa casa onde o pai trabalhava como mototaxista, sem nunca ter aprendido a ler, e a mãe cuidava do lar, sem jamais ter tido a chance de estudar. Foi ali, entre paredes simples e expectativas modestas, que a menina enxergou nos estudos uma estrada invisível aos olhos mais resignados.
No ensino médio, Miriam já liderava o quadro de notas. A cidade de apenas doze mil habitantes, porém, era incapaz de oferecer caminhos largos para quem sonhava alto como ela. Medicina? Impossível. Engenharia? Só mudando de CEP. Foi então que escolheu partir. No Instituto Federal de Natal, encontrou prateleiras mais altas: estágio na biblioteca pela manhã, aulas de tarde e, de noite, um turno na lanchonete da família do namorado. Entre um pedido de pastel e outro, anotava citações para o TCC em Biblioteconomia – a arte de catalogar o mundo em estantes.
Formou-se em dezembro de 2023 e, com o canudo ainda cheirando a tinta, já havia movido o foco para os concursos públicos. Assinara a plataforma do Gran em novembro, mesmo antes da publicação do edital do Concurso Nacional Unificado (CNU). Quando o documento saiu, em janeiro, o susto veio junto: eram muitas disciplinas novas e apenas quatro meses para aprender tudo. Miriam, porém, reagiu com a objetividade de quem organiza urgências, tratando cada dia como uma ficha a ser preenchida: um campo para dez, quinze videoaulas; outro para as leituras com o marca-texto em punho; um terceiro com as transcrições prontas para as releituras madrugada a dentro.
A prova seria em maio. Não foi. Enchentes adiaram o exame e trouxeram com a lama mais contas de supermercado. O dinheiro acabou. Era preciso trabalhar. Miriam conseguiu um emprego das 7h às 17h justamente na sua área. As noites encolheram, mas o cronograma não. O jeito era reler os resumos no ônibus, praticar redação nos intervalos do almoço. Não demorou para ela perceber que uma boa revisão valia bem mais que abrir matéria nova com a mente exausta.
Agosto chegou trazendo dois turnos sobre os ombros e uma serenidade que parecia audaciosa. Na carteira durante a prova, a candidata Miriam reconhecia cada questão como se folheasse o próprio caderno. Acertou 80% da prova objetiva, gabaritou a discursiva e ali soube que o caminho tinha sido vencido. Quando o Diário Oficial estampou seu nome no topo – primeiro lugar nacional para o cargo de tecnologista em informações geográficas e estatísticas –, ela precisou reler para acreditar.
Então veio o eco: a história da jovem que estudava à luz de lampião virou manchete nacional. Lá estava ela na capa da revista Exame, óculos simples, sorriso tímido, provando que também se redesenham latitudes sociais. Quem diria – pensou – que a estudante que atravessava o sertão a pé para chegar à escola um dia daria dicas de estudo em relação ao maior concurso da história do Brasil?
Contar à mãe foi devolver, em boletim de honra, o estudo que ela não teve. Contar ao pai foi mostrar que a moto velha ainda podia percorrer distâncias impensáveis, carregando orgulho no tanque. Miriam tomou posse recentemente. Foi lotada no Rio de Janeiro, onde planeja catalogar dados federais e empilhar títulos: mestrado, doutorado… Porque, para ela, concurso nunca foi fim, mas meio.
Se você lê estas linhas já um tanto desacreditado, saiba que não existe atalho. Mas existe caminho, e Miriam o percorreu, um passo por dia. A recomendação dela é simples e certeira: “tente, mas tente equipado”: com o material certo, o método que combina com você e fé para sair da cama mesmo quando ainda está escuro lá fora. Sim, concursos são montanhas altas, mas não intransponíveis. As trilhas estão mapeadas, e cada questão resolvida revela o próximo passo.
Na cidade onde a estrada acaba, Miriam desenhou a própria saída. O asfalto ainda não liga Santana do Matos ao Rio de Janeiro, mas bastou que ela o rabiscasse primeiro no caderno, linha por linha, aula por aula, até que o destino coubesse no Diário Oficial. E, agora, também no site da famosa Exame, cuja matéria você pode ler neste link.
Miriam foi aluna do Gran e ilustra como, aqui, aprovamos gente real, com histórias reais e das mais diversas origens. Gente que, em vez de esperar as “condições ideais” para começar, parte de onde está e com o que tem. Gente que inevitavelmente verá o próprio nome no topo do Diário Oficial.
Tenha certeza: o próximo lá pode ser o seu. O edital do CNU 2025 sairá a qualquer momento, então aproveite e estude com quem vivencia de verdade, todos os dias, o lema em que acredita: todo mundo pode.

Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.
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