Neste artigo, abordaremos um dos assuntos mais polêmicos da sintaxe da nossa gramática normativa: a diferença entre um adjunto adnominal e um complemento nominal, que são termos ligados a nomes (substantivos). Ambos sempre habitam o mesmo sintagma do substantivo a que se referem (o que os diferencia, por exemplo, dos predicativos).
Para começar, veja a tabela abaixo:
Um grande vacilo das pessoas ao estudar esse assunto e não seguir o passo a passo da análise. Ao observarmos o passo 1, é evidente que, quando um termo ligado ao nome não é preposicionado, ele só pode ser adjunto adnominal. Veja os exemplos abaixo:
1. A casa abençoada.
2. Esse amor verdadeiro.
Os substantivos estão em negrito. Nenhum dos termos a que eles se referem está preposicionado; todos são, portanto, adjuntos adnominais, sem medo e sem neurose!
Agora, mais dois exemplos:
3. A mesa de ferro.
4. Uma carteira com zíper.
É perceptível que, para dois dos termos sublinhados (“de ferro” e “com zíper”), só o passo 1 não resolve, uma vez que eles estão preposicionados. Com a informação do passo 2, é possível dizer que ambos são adjuntos adnominais, visto que eles se referem a dois substantivos que são concretos. Nada de mistério até agora.
Outros dois exemplos:
5. Ele é digno de louvor.
6. Ela mora perto da praia.
As palavras em negrito agora são, respectivamente, um adjetivo e um advérbio. A eles, fazem referência dois termos preposicionados. Se considerarmos o que é apresentado no passo 2, o que está sublinhado só pode ser complemento nominal. Até aqui, nada de dúvidas.
O PROBLEMA COMEÇA DE AGORA EM DIANTE.
7. O consumo dos brasileiros.
8. O consumo de carne.
O que é possível observar:
• Os dois termos sublinhados são preposicionados (o passo 1 não resolve);
• O termo em negrito é um substantivo abstrato (o passo 2 não resolve).
Agora sim, é necessário acionar o passo 3. Em outras palavras, iremos analisar se os termos sublinhados são semanticamente agentes ou paciente em relação ao substantivo em negrito.
No exemplo 7, é perceptível que os brasileiros consomem, ou seja, os brasileiros são agentes da ação de consumir. Portanto, “de brasileiros” é um adjunto adnominal. Já no exemplo 8, a carne é consumida, o que significa dizer que a carne é paciente em relação à ação de consumir. Portanto, “de carne” é um complemento nominal.
Depois de todas essas explicações, algumas considerações são importantes:
• O que está neste artigo é a noção geral acerca do assunto. É fundamental buscar aprofundamento e, principalmente, fazer muitos exercícios.
• A diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal é pouco explorada em provas. Todavia, esse conhecimento é um pré-requisito importante para dominar outros assuntos mais cobrados, como pontuação, sintaxe do período composto e sintaxe dos pronomes oblíquos.
Ah, outra dica importante: no YouTube, eu tenho uma aula completinha sobre o assunto, para vê-la, use este link: https://www.youtube.com/watch?v=zOwuMqTMVOQ
Essa explicação foi espetacular porque diferenciou e explicou corretamente a diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal.
A explicação foi excelente, porque bem elaborada. Aqui se nota o trabalho de um bom professor!
Obrigado!