Ainda em torno do Dia da Mulher: uma aproximação filosófica

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Por Angela Vidal Gandra Martins

Voltando para o Brasil após um tempo de estudo e trabalho no exterior, deparei-me com o carnaval brasileiro, exibindo algumas reivindicações “feministas” que me fizeram refletir sobre a libertação da mulher.

Como professora de Fundamentos Antropológicos do Direito, reflito com meus alunos sobre uma questão primordial: o ser humano em toda sua profundidade e riqueza, aprofundando em sua racionalidade, relacionalidade, liberdade, corporeidade, etc., que sustentam, por sua vez, sua vida familiar, social, política, jurídica e econômica, bem como seu entorno, rumo ao que o jusfilósofo John Finnis chamaria de “florescimento integral”.

Nessas ponderações, reconhecer a diferença anatômica entre homem e mulher não é difícil nem para a física nem para a metafísica, que busca compreender o ser humano em sua completude, evitando-se assim o que poderíamos denominar de “mentira existencial”, tão oposta à “good life” ou felicidade aristotélica.

Porém, de mais difícil percepção – devido, talvez, a uma voluntária cegueira auto-interessada – é perfilhar e promover a fecunda complementariedade e interação possível entre homem e mulher, a partir da igualdade de uma natureza compartilhada que exige, por sua vez, o respeito mútuo próprio dos primeiros atos da virtude da justiça, que visa dar a cada um o que lhe é devido.

Um “ismo” – ainda que muitas vezes possa se manifestar carregado de radicalidade, hostilidade e reducionismo – pode nascer de um clamor legítimo, fundamentado tanto na igualdade natural como no diferencial real, que se torna necessário quando se perde de vista a dignidade intrínseca da mulher – e consequentemente do próprio homem – , levando a relações de domínio, manipulação, coisificação, desmerecimento, etc., que terminam por anular a valiosa potencialidade e contribuição da mulher para a sociedade.

Porém, para que a conquista seja estável e eficaz é preciso escolher prudentemente os meios, bem como detectar falsos interesses que parecem favoráveis à causa, mas em realidade provocam um abismo ainda maior com relação à meta. Nesse sentido, “slogans” ideológicos tendem a ser superficiais, movendo externamente, porém, sem uma convicção com relação ao objetivo, muitas vezes até mesmo ignorado. Como constatou a filósofa Hannah Arendt, é mais fácil mobilizar através da ignorância.

Empreender uma luta negativa pode não ser a solução. Nem tão pouco, a defesa de uma liberdade corpórea, tão limitada com relação ao objetivo de resgatar e firmar a grandeza da mulher em sua integralidade.

Mais do que lutar, sugiro ser simplesmente mulher com a cabeça e com coração, e se valorizar como tal. Colocar as características próprias da intelectualidade feminina a serviço da sociedade; exercer o destino antropológico de despertar o amor e a generosidade através de sua capacidade de cuidar; assumir os problemas educativos, sociais e empresariais; responsabilizar-se por provocar e sustentar as transformações necessárias para que a comunidade maximize suas capacidades e tantas outras ações afirmativas que lhe vão abrindo espaços rumo a uma plena e saudável igualdade de condições.

Porém, talvez, o primeiro passo é que descubramos nosso potencial e não o corpo.

Fonte: http://www.migalhas.com.br

 

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