As grandes falhas do candidato (parte 1)

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26 de maio4 min. de leitura

Tão importante quanto dominar o conhecimento necessário para fazer uma prova é a capacidade de dominar a si mesmo e suas emoções, principalmente no que tange à formulação de seu objetivo e responder a pergunta que faz muita gente tremer nas bases: “Qual prova devo fazer?”.

Minha experiência mostra que devemos desconfiar de todos as pessoas que se dizem 100% racionais e livres de vieses ou falhas, pois essas características são inatingíveis até para as almas mais iluminadas do mundo. Lembro-me de ter assistido a uma entrevista do Dalai Lama, e ele mesmo admite seus erros como qualquer ser humano – até mesmo repetindo sua frase de que ele mesmo, seus ódios, sua ignorância e seu apego, tudo isso é o seu pior inimigo. Mas essas pessoas que se dizem imunes a erros, justamente por serem as que menos percebem seus vieses, tendem a ser as mais passionais e descontroladas. Pelo fato de o componente emocional ser um driver significante para a rentabilidade do candidato, é indispensável estudar falhas envolvidas que podem atrapalhar nossas decisões.

 

  1. Falha da Ancoragem

 

A falha de ancoragem faz uma informação inicial ter maior peso na tomada de decisão ou no julgamento de tudo que se segue, independentemente de sua relevância. Ou seja, as pessoas confiam demais na primeira informação que escutam sobre algo. Isso acontece pelo fato de a mente humana necessitar de um ponto de referência em que possa basear suas estimativas e julgamentos. Dessa forma, a primeira impressão tende a ser muito mais poderosa. Estudos mostram que, se uma pessoa é previamente exposta a palavras como, por exemplo, “oportunidade”, “promoção”, “pechincha” ou “barato” perto do momento de realizar uma compra, ela tem mais chances de avaliar essa compra como vantajosa em relação a um comprador exposto a palavras como “caro”, “puxado”, “alto” etc.

No mundo dos concursos, temos as “oportunidades”. O exemplo que mais gosto de utilizar é o concurso de Agente da PCDF. Uma excelente oportunidade, de fato – muitas vagas, morar em Brasília, salário bom. Mas será que esse certame vale a pena para todo mundo? Toda oportunidade é boa, mas nem toda oportunidade é boa para você. Imagine uma pessoa que está estudando para ser Promotor e resolve fazer essa prova de Agente simplesmente por achar que se trata de uma “oportunidade”. Ela terá ao menos seis disciplinas diferentes para estudar, o que atrasará sua preparação para o concurso de Promotor e, pelo tempo escasso ou pela inaptidão, poderá inclusive gastar seus esforços à toa.

 

  1. Heurística da disponibilidade

 

As pessoas superestimam a importância das informações fácil e rapidamente disponíveis a elas. Por exemplo, um fumante pode argumentar que “fumar não é tão prejudicial assim à saúde”, pois conhece alguém que viveu até os 100 anos fumando três maços de cigarro por dia. Nesse caso, a pessoa definiu uma probabilidade de um evento acontecer: fumar não prejudica tanto a saúde; isso porque se lembra de um evento similar ter acontecido no passado, a saber, o fumo não ter feito mal a um conhecido.

Quando as pessoas desejam estimar a frequência de certo evento, tentarão recuperar exemplos da classe desse acontecimento em sua memória. Se a recuperação for fácil e fluente, o acontecimento será avaliado como abrangente e frequente. Ou seja, a heurística da disponibilidade é o processo de julgar a frequência de um acontecimento segundo a facilidade com que as lembranças vêm à mente. Se um amigo de outro país te perguntasse “Quão segura é a sua cidade?”, você deveria se basear em dados e estatísticas para respondê-lo. No entanto, usamos a memória para definir a probabilidade de sermos assaltados.

O problema é que um morador do Lago Sul, bairro alto padrão de Brasília, pode ter uma “precisão imprecisa” da realidade com base em suas memórias, julgando o mundo a partir de uma ideia equivocada. A premissa da heurística da disponibilidade aponta que, quanto mais rápido formos capazes de nos lembrar de um exemplo para um acontecimento, mais frequente ou provável ele é. Isso muitas vezes nos ajuda. No entanto, ocasionalmente somos dominados por esse viés, tornando-nos incapazes de tomar decisões verdadeiras baseadas em dados, uma vez que confiamos apenas em nossa falha memória, subjetiva e facilmente influenciada pelas emoções.

Quantas vezes alguém já chegou para você e falou sobre a informação de alguém ter passado em um concurso adotando determinado método, ou fazendo de tal forma. Isso cria uma quantidade de “barulhos” compostos por “dicas” e “fórmulas mágicas” que enganam sua memória e te levam a cair nesse tipo de falha.

 

  1. Efeito Bandwagon

 

A probabilidade de alguém adotar uma crença aumenta com base no número de pessoas que concordam com ela. É o chamado efeito manada, e essa é a razão pela qual as reuniões são frequentemente improdutivas. Essa falha nos faz seguir uma tendência de comportamento simplesmente porque muitas outras pessoas estão seguindo esse padrão, sem pensar ou raciocinar sobre a lógica por trás dessas ações.

Muitos acreditam que isso ocorra porque buscamos constantemente a sensação de pertencimento e de estar no time vencedor. Uma ideia de legitimar nossos atos. Esse efeito é bastante visível no mundo da moda, no qual muitas pessoas começam a usar determinada peça ou cor simplesmente para participar de um comportamento já aprovado por uma grande maioria. Outro exemplo ocorre quando precisamos decidir entre dois restaurantes e escolhemos o mais movimentado. Uma vez que errar quando todos acertam e “ser rejeitado pelo bando” são experiências dolorosas, ser diferente é visto como uma tarefa muito arriscada, apenas possível para poucos corajosos de fato.

Um exemplo no mundo dos concursos aconteceu exatamente esse ano no início da pandemia, quando tivemos nosso lockdown. Muitas pessoas simplesmente pararam de estudar, porque acreditaram no medo coletivo de que não haveria mais concursos, ou que nesse ano não sairia nenhum edital. Elas simplesmente acreditaram na opinião da massa, sem nem ao menos considerar as regras de experiência e outros eventos que aconteceram nos últimos anos (que inclusive são outros exemplos do efeito manada).

Quando tivemos nossa última crise econômica, também se pensou que não haveria mais concursos. Quando houve o impeachment de Dilma Roussef, assumindo Michel Temer e seu desejo de encolher a máquina pública, novamente se acreditou que não haveria mais concursos. Quando, no início do governo Bolsonaro, houve a imposição da ideia de reduzir os custos públicos, de novo, acreditou-se que não haveria mais concursos. Agora, com a proposta de reforma administrativa, qual é o pensamento geral?

Não estou dizendo para você ir sempre contra o coletivo, até porque o coletivo às vezes está certo. O que estou dizendo é para você tomar decisões com base nas informações, e não apenas seguindo o efeito manada, deixando que ele te influencie e te cause ansiedade.

Essa foi a primeira parte de nosso artigo sobre falhas. A segunda parte, além de outras dicas e artigos, você terá disponível aqui no blog do Gran Cursos Online. Para você que ainda não conhece os nossos serviços, aqui nós temos uma equipe capacitada (da qual tenho orgulho de fazer parte), composta por profissionais altamente habilitados e preparados, nossos GranXperts, cujo trabalho é exatamente traçar para você a melhor forma de atingir seus objetivos. Nós orientamos e acompanhamos seus estudos para que você atinja seu potencial máximo e, com isso, venha obter o melhor resultado em sua prova. Venha conhecer nossos serviços!

 

Confira: As grandes falhas do candidato (parte 2)

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