Concurso Anvisa – Regressiva: dica gratuita de Gramática!

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21 de outubro3 min. de leitura

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Nesta semana, falo sobre o uso do sinal indicativo de crase: um acento que atormenta a muitos. Quantas vezes ouvi de insipientes falantes: “Não sei pra que existe a crase. Este negoço deveria sumir”. Acho que fui duro e injusto ao utilizar o adjetivo “insipiente”. Agora, caro leitor, eu me retratarei (risos). Fui duro, pois eu me porto como um amante que defende, sem medir consequências, a sua amada. Fui Injusto, pois às vezes a contestação do usuário da língua é fruto de regras inócuas e de macetes adquiridos em salas de aula. Mostrarei agora que o uso do sinal indicativo de crase, em alguns casos, faz-se necessário para produção de determinado sentido ou evitar ambiguidade. Na construção “O homem cheirava a gasolina”, entende-se que o homem aspirava o combustível. Agora, na construção “O homem cheirava à gasolina”, fica claro que ele fedia tal qual o combustível. Observe mais um caso de ambiguidade, a assertiva “Temer depôs a CPI” possui, também, dupla interpretação: Temer destituiu a CPI ou Temer deu depoimento à CPI. Domingos Paschoal Cegalla assinala “É ambígua a frase: ‘O fogo queimou tudo, até a porteira do pasto.’ Isso porque “até” tanto pode exprimir limite como inclusão. Se a porteira não foi queimada, deve-se grafar até à, e o sentido da frase ficará nítido”. Como fazemos semanalmente, analisemos agora uma abordagem recente do Cespe.

 

Texto

Sua preocupação reduzia-se a tomar cuidado na hora perigosa da tarde, quando a casa estava vazia sem precisar mais dela, o sol alto, cada membro da família distribuído nas suas funções. Olhando os móveis limpos, seu coração se apertava um pouco em espanto. Mas na sua vida não havia lugar para que sentisse ternura pelo seu espanto — ela o abafava com a mesma habilidade que as lides em casa lhe haviam transmitido. Saía então para fazer compras ou levar objetos para consertar, cuidando do lar e da família à revelia deles. Quando voltasse era o fim da tarde e as crianças vindas do colégio exigiam-na. Assim chegaria a noite, com sua tranquila vibração. De manhã acordaria aureolada pelos calmos deveres. Encontrava os móveis de novo empoeirados e sujos, como se voltassem arrependidos. Quanto a ela mesma, fazia obscuramente parte das raízes negras e suaves do mundo. E alimentava anonimamente a vida. Estava bom assim. Assim ela o quisera e escolhera.

 

(CESPE/FUNPRESP/2016)

A introdução do sinal grave indicativo de crase em “a noite” (linha 7) manteria a correção gramatical do texto, mas prejudicaria seu sentido original.

Gabarito oficial: certo.

 

Comentário

Este item explora do aluno o valor semântico da construção. É fato: o sentido está vinculado à sintaxe (organização). Não podemos profanar o texto. Digo profanar porque toda análise desprovida de contexto é um meio de vulgarização dos aspectos morfossintáticos – e análises tacanhas, muitas vezes, levam o candidato ao erro. Vamos agora revisar! Emprega-se sinal indicativo de crase nas locuções adverbiais femininas. Exemplos: “O professor chegou à noite”; “Vendo somente à vista”; Cheguei às 10h. Advirto: no trecho “Assim chegaria a noite” – em que a expressão “a noite” está sem sinal indicativo de crase –, entendemos que “a noite” exerce a função sintática de sujeito da forma verbal “chegaria”. Engraçado! Estou escrevendo agora e constatei: o corretor de textos do word acha que neste caso o sinal indicativo deve ser colocado nesta expressão. Não dá para confiar em ninguém (risos). Verificamos, então, que o texto original está correto. Todavia, ao se empregar o sinal indicativo de crase em “a noite”, a estrutura sintática (organização) e semântica (sentido) do trecho será modificada, pois o sujeito de “chegaria” passará a ser elíptico (ele/ela), e “à noite” será locução adverbial. Notamos que a modificação sintática promoverá mudança no sentido original do trecho em questão.

 

Bons estudos!!!

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Claiton Natal – Bacharel e licenciado em Língua Portuguesa, é conhecido principalmente por ser especialista em provas para concursos públicos. Já lecionou em escolas, cursos pré-vestibulares e faculdades. Atualmente, atua em preparatórios para concursos públicos e ministra cursos e palestras em empresas, órgãos públicos e faculdades.

 

 

 

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Detalhes:

  • bullet1.gif (844 bytes)Concurso: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Concurso Anvisa 2016)
  • bullet1.gif (844 bytes)Banca organizadora: Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe)
  • bullet1.gif (844 bytes)Cargos: Técnico Administrativo
  • bullet1.gif (844 bytes)Escolaridade: nível médio
  • bullet1.gif (844 bytes)Número de vagas: 78
  • bullet1.gif (844 bytes)Remuneração: R$ 7.680,06
  • bullet1.gif (844 bytes)Inscrições: de 9 setembro a 29 de setembro de 2016
  • bullet1.gif (844 bytes)Valor da taxa de inscrição: R$ 70,00
  • bullet1.gif (844 bytes)Data da prova: 4 de dezembro de 2016

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