Curiosidades em Análises Clínicas: Por que a urina muda de cor? Dos medicamentos aos alimentos!

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Olá, pessoal! Tudo bem? Sou a professora Débora Juliani, farmacêutica, especialista em Análises Clínicas. Faço parte da equipe do Gran Concursos e este é o sexto (se eu já não perdi as contas!) artigo da série “Curiosidades em Análises Clínicas”, em que pretendo abordar temas curiosos ou pouco conhecidos no mundo dos exames laboratoriais!

Hoje vamos conversar sobre algo que você já deve ter observado em casa, na sua própria urina: às vezes ela está mais escura, outras vezes quase transparente… Em alguns casos, aparece até uma coloração avermelhada, não é mesmo?

No laboratório, a cor da urina é uma das primeiras observações feitas, ainda na análise física que compõe o exame de urinálise (também conhecido como uroanálise, EAS, urina rotina, etc). E, embora pareça algo simples, a cor pode nos contar bastante sobre o que está acontecendo com o paciente.

A urina normal tem a coloração descrita como amarelo-claro a âmbar, devido à presença de uma substância chamada urocromo, que é um pigmento derivado da degradação da hemoglobina. Mas essa cor pode variar bastante, dependendo de vários fatores, nem sempre relacionados a doenças.

Por exemplo, um paciente que bebe muita água naturalmente produzirá uma urina quase transparente, por diluição do urocromo. Por outro lado, quando o corpo está mais desidratado, a urina tende a ficar mais escura, puxando para o âmbar ou até marrom, como uma espécie de alerta natural do corpo em relação ao risco de desidratação.

Agora, vamos à parte mais curiosa: tem certos alimentos que conseguem mudar a cor da urina de forma bem marcante. Já comeu beterraba e depois reparou que a urina ficou rosada ou avermelhada? Isso acontece por causa da betacianina, um pigmento da beterraba que pode ser excretado pelos rins e assustar quem não está esperando por isso!

Outros alimentos também fazem parte do “clube da urina colorida”. Os aspargos, por exemplo, além de deixarem um cheiro forte e característico, podem alterar levemente a tonalidade da urina. Já o açafrão (ou cúrcuma), presente em muitos temperos, pode dar um tom amarelado mais intenso. Cenoura em excesso pode puxar para o laranja, enquanto alimentos com corante azul (como balas ou gelatinas) podem causar uma coloração esverdeada.

E os medicamentos? Ah, esses são campeões em causar cores diferentes na urina. Um exemplo clássico é o Pyridium (fenazopiridina), muito usado para aliviar sintomas de infecções urinárias. que pode deixar a urina com um tom alaranjado intenso, quase fluorescente, o que costuma assustar quem não foi avisado antes. Outros exemplos incluem a rifampicina, que também pode causar coloração avermelhada, e a amitriptilina, que pode deixar a urina azul-esverdeada.

Mas atenção: embora muitas vezes a mudança de cor seja inofensiva, é sempre bom ficar atento a algumas colorações específicas. Urina vermelha (sem ter comido beterraba, claro!) pode indicar presença de sangue — algo que merece investigação. Urina castanho-escura, tipo “chá-preto”, pode aparecer em casos de mioglobinúria ou hepatopatias.

E aquela urina leitosa, esbranquiçada? Pode estar associada à presença de leucócitos, lipídios ou até cristais, dependendo do contexto clínico. Nesse caso, o exame microscópico e a análise química são essenciais para esclarecer.

Em determinados casos de infecção urinária, a coloração também pode mudar. Uma bactéria que chama bastante atenção nesse sentido é a Pseudomonas aeruginosa. Ela pode deixar a urina com uma coloração esverdeada ou azulada, por causa da produção de pigmentos como a piocianina. É algo bem raro de se ver, mas quando aparece no laboratório, acende um sinal de alerta, especialmente em pacientes hospitalizados ou com o sistema imunológico comprometido.

Uma dica importante para você, meu caro analista clínico: nunca subestime a cor da urina em um laudo. Às vezes, aquele pequeno detalhe já dá a dica que o médico precisa para montar o quebra-cabeças do diagnóstico.

No fim das contas, a urina é uma excelente “fofoqueira” do nosso corpo que, com cada mudança de cor, pode estar contando uma história. Saber ouvir (e observar) é uma habilidade importante para quem atua na área da saúde.

E aí? Qual foi a cor mais estranha de urina que você já viu no laboratório? Aposto que tem histórias boas pra contar! Um forte abraço e bons estudos, com a equipe do Gran Concursos, claro!


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