Desvendando a fisiologia da lactação e a contribuição da Farmacologia: você conhece os fármacos galactagogos?

Descubra os galactagogos na fisiologia da lactação! Prof. Débora Juliani explora o papel farmacológico desses medicamentos estimulantes.

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25 de Janeiro3 min. de leitura

Olá pessoal! Tudo bem? Sou a professora Débora Juliani, farmacêutica, e faço parte do time de professores do Gran Concursos.

No artigo de hoje, vamos falar sobre um tema pouco usual, mas bastante interessante na Farmacologia: o efeito galactagogo que alguns fármacos apresentam. Mas você pode estar se pensando: “Afinal, o que é esse tal efeito galactagogo? Nunca ouvi essa palavra…”. 

Então vamos esclarecer: o termo galactagogo refere-se a substâncias, sejam elas alimentos, ervas, medicamentos ou outros compostos, que estimulam a produção de leite em mulheres que estão amamentando. De forma mais resumida, são substâncias com o potencial de aumentar a produção de leite materno. Nosso foco central será, naturalmente, os medicamentos com esse potencial e qual é o mecanismo de ação por traz deste interessante efeito farmacológico. 

Mas é essencial frisar que nem todas as mulheres que amamentam precisam ou devem usar galactagogos já que em muitos casos, a produção de leite é adequada sem a necessidade de intervenção. Lembre-se que antes de iniciar qualquer tratamento, é aconselhável que as mães consultem profissionais de saúde, como obstetras, pediatras ou consultores de amamentação, para obter orientação específica para sua situação individual, ok?

De volta ao conteúdo, vamos nos aprofundar um pouco na Farmacologia dos galactagogos: de forma simplista, tais medicamentos são antagonistas dopaminérgicos que levam ao aumento da prolactina, hormônio que desempenha um papel importante na lactação.

Para recordar, a prolactina é secretada pela hipófise (glândula pituitária) em resposta à estimulação mamilar durante a sucção do bebê. Porém, assim sendo, haveria o risco de uma produção de leite descontrolada: quanto mais o bebê mamasse, mais leite seria produzido, mais ele iria sugar o seio, e assim sucessivamente, chegando à hiperlactação, que é um problema (porém assunto para outro artigo). Torna-se necessário, portanto, um mecanismo de controle, mediado principalmente pela dopamina, um neurotransmissor que também atua como um hormônio. UaCuida | Amamentação: Produção de Leite — UaCuida

A dopamina é sintetizada no citoplasma dos chamados neurônios dopaminérgicos e, agindo nos receptores do tipo D2 na hipófise, inibe a secreção de prolactina. Assim, os medicamentos que antagonizam os receptores dopaminérgicos, como os galactagogos, inviabilizam essa modulação exercida pela dopamina e consequentemente deixam livre o mecanismo de estímulo nervoso e sensorial que a sucção do bebê desencadeia na hipófise, aumentando a secreção de prolactina.

Em síntese: os galactagogos aumentam a prolactina sérica neutralizando a influência inibitória da dopamina sobre a secreção de prolactina. Agora ficou fácil, não é mesmo?

Mas afinal, quem são esses galactagogos? Dentre os medicamentos mais utilizados em nosso meio com este objetivo, podemos citar domperidona e metoclopramida, originalmente desenvolvidos para tratar distúrbios gastrointestinais, mas que demonstraram como efeitos colaterais o estímulo à produção de prolactina. 

A metoclopramida teve seu efeito galactagogo foi descrito pela primeira vez em 1975, porém seu uso é questionável devido às frequentes reações extrapiramidais por meio das quais alguns pacientes em uso do fármaco desenvolvem tremores em braços e pernas, espasmos e aumento na contração ou na rigidez dos músculos. Além disso, o medicamento pode aumentar o risco do surgimento de depressão pós-parto nas lactantes.

A domperidona, por sua vez, apresenta menor lipossolubilidade e maior peso molecular que a metoclopramida, o que a torna menos permeável à barreira hematoencefálica e, portanto, mais segura às lactantes devido ao menor risco de efeitos extrapiramidais. Além disto, atinge baixos níveis no leite materno, sendo igualmente mais segura para o lactente. 

Existe ainda um terceiro medicamento, a sulpirida, também antagonista dopaminérgico, porém rotineiramente prescrito como antidepressivo e antipsicótico. O medicamento atua sobre receptores D2, D3 e D4 promovendo aumento dos níveis de prolactina sérica semelhante aos demais galactagogos.

Agora você já seria capaz, por exemplo, de acertar esta questão de prova, aplicada em 2020, veja só:

É só marcar a letra A como gabarito e “partir para o abraço”, pois você já sabe que os antagonistas dopaminérgicos são fármacos que apresentam propriedades galactagogas, pois eles aumentam a prolactina sérica, neutralizando a influência inibitória da dopamina sobre a secreção de prolactina! Desta forma, são frequentemente utilizados durante o período de amamentação com intuito de elevar a produção de leite, sendo a metaclopramida e a domperidona os mais comuns!

Gostou das informações e da questão de prova? Espero que sim! E espero também que você continue a estudar com o time do Gran Concursos. Temos cursos on line voltados para os editais dos principais concursos e residências do Brasil. Um forte abraço!

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