Discursiva da prova da PM-TO – Racismo no Brasil: Correção na prática.

Uma dúvida muito comum quando você acaba de escrever uma redação é saber a nota que tirou. Seus problemas acabaram. Vou mostrar neste artigo como funciona o sistema de correção na prática.

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Compartilho com você a redação de uma aluna que me mandou texto de concurso recentemente aplicado para PM-TO, cujo tema foi sobre o racismo estrutural e a criminalização dessa prática no país. A banca organizadora foi Cespe/Cebraspe.

Bem, o combinado é simular o mais próximo possível da realidade. Por isso, vou trazer todos os elementos que permitem fazer a correção o mais fiel possível ao que o corretor realiza na prática.

 

PRIMEIRO PASSO: TEXTO MOTIVADOR + ENUNCIADO + TÓPICOS.

         É preciso que a gente inicie da primeira página. A página principal, sem dúvidas, é a discursiva com todos seus elementos de comando feitos pela banca: texto motivador, enunciado e tópicos.

A ordem de importância para sua estratégia de prova se encontra de trás para frente, ou seja, planejar bem como abordará os tópicos é o grande passo. Depois, é preciso ler e reler o enunciado da dissertação para fazer conexão com os tópicos. E por último se basear no texto motivador.

O bom candidato deve ler e reler esses elementos de comando da discursiva pelo menos umas 4 ou 5 vezes. Não tente pular essa etapa inicial com pressa e falta de estratégia. Muitas pessoas fazem a leitura apenas 1 ou 2 vezes e já vão passando a limpo.

É nesse momento que você terá consciência de como vai conduzir seus argumentos para que as respostas sejam mais coerentes.

O comando da discursiva da PM-TO foi o seguinte:

 

Texto motivador:

O Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) é uma organização criada em 2013 por três ativistas norte-americanas: Alicia Garza, da Aliança Nacional de Trabalhadoras Domésticas; Patrisse Cullors, da Coalizão contra a Violência Policial em Los Angeles; e Opal Tometi, da Aliança Negra pela imigração justa. Hoje, é uma fundação global cuja missão é “erradicar a supremacia branca e construir poder local para intervir na violência infligida às comunidades negras” pelo Estado e pela polícia. O Black Lives Matter começou nos Estados Unidos da América, mas acabou tendo impacto em todo o mundo, inclusive no Brasil, desde que foi criado, e alcançou, em 2020, uma repercussão ainda mais significativa devido à morte por asfixia de George Floyd, causada por um policial norte-americano.

Internet: (com adaptações).

 

A imagem:

Manifestação do movimento Vidas Negras Importam em cidade brasileira.

Internet: <pensareducacao.com.br>

 

Enunciado da discursiva:

Considerando que o texto e a imagem apresentados têm caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo, abordando os seguintes aspectos:

1 o racismo como um problema estrutural no Brasil; [valor: 12,00 pontos]

2 a criminalização do racismo no Brasil; [valor: 9,50 pontos]

3 a necessidade de representatividade para o combate à discriminação racial brasileira. [valor: 7,00 pontos]

 

SEGUNDO PASSO: O TEXTO ESCRITO PELA ALUNA

 

Olhe que texto interessante. Ela adotou uma estratégia muito bem-vinda nesse tipo de enunciado.  Organizou o texto em 4 parágrafos.

O primeiro de introdução foi bem curto. Estrategicamente pensado para ser assim, porque não está abordando com profundidade nenhum dos três tópicos.

Já o segundo parágrafo aborda o tópico 1, o terceiro aborda o tópico 2 e o de conclusão aborda o tópico 3.

Excelente saída encontrada pela aluna para escrever o máximo de conteúdo que a banca quer sem se desconectar da estrutura de um texto dissertativo-argumentativo com introdução, desenvolvimentos e conclusão. Bom demais!

 

TERCEIRO PASSO: AVALIAÇÃO DA PROVA

Como o examinador avaliaria a prova da aluna. Item por item comparando o padrão resposta.

O quadro que ela obteria dos aspectos macroestruturais seria esse a seguir:

No padrão de resposta, o Cespe/Cebraspe indicou que há conceitos diferentes para os itens 2.1, 2.2 e 2.3, a saber:

No Quesito 2.1:

0 – Não abordou o aspecto.

1 – Abordou de forma geral o contexto histórico da escravidão e do racismo no Brasil, mas não contextualizou o racismo na atualidade como problema estrutural ou vice-versa.

2 – Abordou apenas de forma geral o contexto histórico da escravidão e do racismo no Brasil e contextualizou o racismo na atualidade como problema estrutural.

3 – Abordou o contexto histórico da escravidão e do racismo no Brasil e contextualizou o racismo na atualidade como problema histórico e estrutural.

 

Perceba que, no texto produzido, existem todos os elementos de histórico da escravidão e do racismo no Brasil com passagens como: “escravização dos povos africanos em período colonial” e “a tardia abolição falhou em promover políticas de educação”. Assim como também contextualizou o racismo na atualidade como problema histórico e estrutural, citando referência de dados do IBGE em relação aos negros no mercado de trabalho. Portanto, nota máxima para o item 2.1.

Já no Quesito 2.2 havia a seguinte perspectiva:

0 – Não abordou o aspecto.

1 – Citou que a legislação criminalizou o racismo, mas não apontou que o racismo virou crime inafiançável e imprescritível.

2 – Citou que a legislação criminalizou o racismo e apontou que o racismo virou crime inafiançável e imprescritível

 

A aluna abordou as leis sobre a questão da criminalização, mas teria que incluir nos argumentos as palavras-chave: “crime inafiançável e imprescritível”. Por isso, a nota entra no conceito intermediário nível 1 a 2.

Em relação Quesito 2.3, a banca deu os seguintes conceitos:

0 – Não abordou o aspecto.

1 – Abordou a necessidade da representatividade para o combate à discriminação racial brasileira, mas não conceituou a representatividade como defesa e representação dos interesses e das expressões das pessoas (entidades, grupos) em nome da luta antirracista.

2 – Abordou a necessidade da representatividade para o combate à discriminação racial brasileira e conceituou a representatividade como defesa e representação dos interesses e das expressões das pessoas (entidades, grupos) em nome da luta antirracista.

Mais uma vez ficou difícil de alcançar a nota máxima porque os requisitos para responder sobre a necessidade de representatividade para o combate à discriminação racial brasileira deixou muita margem para inclusão de formas e grupos que lutam pela causa. A aluna citou algo mais genérico que foi: “é necessário a criação de políticas públicas que cota sociais para minorias”. Nota intermediária para o item 2.3

Sendo assim, a nota somada ficou: 12,00 + 4,75 + 3,50, respectivamente, para os itens 2.1, 2.2 e 2.3, o que dá 20,25. Com mais o 1,00 ponto (nota máxima) para a apresentação e estrutura textual, temos um subtotal de 21,25.

Mas não para por aí. Agora vamos à parte gramatical.

 

QUARTO PASSO: CALCULAR OS DESCONTOS DA NOTA MICROESTRUTURAL

Os descontos na prova acontecem quando são calculados os itens gramaticais, linha por linha. Vamos ao que aconteceu para se chegar na seguinte nota da grade abaixo:

 

Na linha 3, o erro simples na falta de acento na palavra “até”. Já na linha 4, faltou a vírgula em “…que o racismo persiste na sociedade porque”. O correto seria “…que o racismo persiste na sociedade, porque”. Nas linhas 5 e 6, houve mais uma vez erro na grafia: “País” com letra maiúscula e “sob essa ótica…” iniciando oração com “s” minúsculo.

Na linha 10, houve o “…acesso à Educação…”, há erro porque Educação não se escreve com letra maiúscula. Já na linha 14, foi erro de morfossintaxe “…segundo o IBGE de 2016…”, houve a inclusão do “de”, quando, na verdade, o ideal seria “em” para dar clareza ao texto. Na linha 19, a falha foi na ausência de vírgulas em “…sociais, como a lei…”. Na linha 24, o erro gráfico está em iniciar a expressão em maiúsculas em “Igualdade Racial”, pois o correto seria “igualdade social”. Por fim, na linha 29, mais uma troca de minúscula por maiúscula em “Negras”.

Percebe-se que, ao calcular, temos que achar o fator peso do aspecto microestrutural e multiplicar pelo número de erros. O fator peso nessa prova foi 4 e os erros foram 9. Portanto 4×9 é igual a 36. Esse valor 36 é dividido pelo total de linhas escritas. Por isso, 36/30 é igual a 1,20 pontos de desconto.

A nota que era 21,25 menos 1,20 ficará no final 20,05 pontos.

 

Mostra, portanto, um desempenho razoável da aluna.

66,83% de performance. O nível da prova foi alto, assim como as exigências do padrão de resposta. Considero que os erros de ortografia e a ausência da expressão “crime inafiançável e imprescritível” fizeram a diferença. Poderia resultar em aproximadamente mais 3,80 pontos. Apenas dois itens que ajudariam bastante a melhorar a nota da discursiva.

 

DICA FINAL

Caso esteja com dificuldade em achar temas para escrever ou se a análise para encontrar os erros estiver sendo uma tarefa mais difícil do que imaginava, há a possibilidade de contratar um especialista para fazer isso por você.

O auxílio de um profissional pode ajudar enormemente nessa etapa e acelerar o tempo de preparação. Tudo o que a gente não quer é um “bateu na trave” por causa da discursiva.

Para qualquer dúvida em redação ou necessidade de especialista em correção de discursivas entre em contato comigo:

– mandando um e-mail para prof.brunopimentel@gmail.com;

– enviando um direct no instagram em @prof.brunopimentel; ou

– dando um “oi” no telegram t.me/profbrunopimentel.

 

Foco na missão, guerreiro(a)!

Você é capaz.

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