No jardim da minha casa, há um ipê, uma árvore famosa por suas flores vistosas e coloridas em parte do ano. Os ipês são uma das belezas do cerrado brasileiro, onde moro. O da nossa casa, no entanto, nunca floresceu. Quando consultei a equipe de jardinagem sobre isso, a explicação me surpreendeu: o ipê só floresce na ausência de água. Como a irrigação em nosso jardim é constante, ele nunca passa pela privação que terminaria no espetáculo das flores pelo qual é conhecido.
É um fenômeno interessante, esse de só florescer durante a seca… Enquanto a maioria das plantas parece sucumbir ao rigor do clima, os ipês, numa demonstração de resiliência, desabrocham em cores vibrantes. Podemos extrair dessa anomalia da natureza várias simbologias poderosas, especialmente quando pensamos nos concurseiros, para quem períodos de dificuldade são quase tão certos quanto a estiagem que atinge Brasília todos os anos.
A primeira dessas simbologias está no aparente contrassenso que é a privação de algo tão essencial como a água criar as condições ideais para as flores do ipê se destacarem na aridez do cerrado. Numa evidente prova da sua capacidade de adaptação, a árvore prospera onde outras plantas lutam para sobreviver. Inspirado nesse exemplo, quem decide estudar para concurso público talvez devesse encarar as renúncias dolorosas e necessárias como oportunidades para se diferenciar dos concorrentes, seja ajustando as técnicas de estudo, seja explorando outras abordagens e táticas.
A perda das folhas dos ipês, que antecede a floração, traz em si outra metáfora interessante para o concurseiro: simboliza a necessidade de se desapegar de antigas crenças e hábitos, especialmente práticas e pensamentos autolimitantes. Trata-se de direcionar a energia para o que importa, de abrir espaço para novas possibilidades e aprendizados.
Os ipês ensinam muito, ainda, sobre paciência. Por meses, eles permanecem apagados em meio à paisagem, apenas acumulando energia enquanto não chega o momento certo de brilharem. Não é diferente entre os concurseiros, cuja jornada poderá ser igualmente cinzenta e também terminar na mais plena satisfação.
Há mais. Como tudo na natureza, os ipês fazem parte de um ecossistema sem o qual o florescimento seria impossível. A floração atrai polinizadores de longe, numa analogia perfeita do valor do trabalho coletivo. Da mesma forma, os concurseiros não devem estar sozinhos em sua jornada. O apoio da família, dos amigos e colegas é inestimável. Dividir com eles as experiências, boas ou ruins, fortalece os laços e cria um ambiente de mútua ajuda e motivação.
Eis que, no auge da seca, surge o colorido amarelo, verde, rosa, roxo e branco contra a vegetação marrom e o céu sem nuvens, provocando assombro até mesmo no brasiliense “raiz”, que já deveria estar acostumado ao espetáculo. Mas, não; essa é uma (re)descoberta anual de si mesmo, da sua terra e de tudo aquilo que a faz única. Analogamente, também o concurseiro, na sucessão de obstáculos que terá de vencer, percorrerá um processo de (re)descoberta que, importa dizer, se revelará tão valioso quanto a aprovação no certame em si.
Essa floração no período mais árido do ano é um símbolo de esperança e determinação. Por trás do fenômeno, o recado de que sempre há potencial para fazer o melhor com o que está disponível. A mensagem ao concurseiro é clara: ele não deveria aguardar indefinidamente as condições perfeitas antes de começar a preparação, até porque elas não existem.
Em resumo, os ipês são a prova de que a adversidade pode ser transformadora. Se na aparente desolação da seca é possível se deslumbrar com uma beleza tão notável como a deles, nada, absolutamente nada impede que o concurseiro também floresça em meio às dificuldades típicas de quem assume para si a tarefa hercúlea de conquistar uma vaga no serviço público.
Assim, querido leitor, ao ver – ainda que por meio de fotos ou vídeos – um ipê florido se exibindo pelas ruas da Capital em meados de setembro, pense por um instante em tudo que ele precisou fazer para chegar até ali radiante. Então, tome fôlego e volte ao trabalho, até chegar a sua vez de, finalmente, mostrar a que veio.
Gabriel Granjeiro
Presidente e sócio-fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 15 anos. É autor de livros e artigos que já foram lidos por mais de 1 milhão de pessoas e formou-se com honors em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business.
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