Eufemismo X Ironia. Por: Elias Santana

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09 de novembro2 min. de leitura

eufemismo x ironiaNesta semana, publiquei, em minhas redes sociais, uma questão sobre figuras de linguagem. Notei, por meio dela, que muitas pessoas têm dificuldade com o assunto – o que é normal, visto que algumas são realmente complicadas. Por esse motivo, resolvi falar de duas que confundem muito a cabeça das pessoas: o eufemismo e a ironia.

Analise e compare as duas orações abaixo apresentadas:

(1) Ele partiu desta para outra melhor.

(2) Ele foi morar na cidade dos pés juntos.

As duas frases representam o mesmo sentido: alguém morreu. Todavia, para a construção do sentido, optou-se por outras formas, de semântica paralela. Em 1, a intenção é tornar a informação sobre a morte mais leve, suave e aceitável. Como a intenção é melhorar a informação – visto que não é fácil falar sobre morte –, afirma-se que foi usado o eufemismo. Em contrapartida, na construção 2, a ideia é brincar com a morte, falar dela de maneira jocosa. Nesse caso, a figura de linguagem praticada é a ironia.

Acredito que os exemplos acima apresentados são os mais corriqueiros para se diferenciar eufemismo de ironia. Vou, então, apresentar algumas outras possibilidades:

(3) Infelizmente, você será desligado da empresa.

(4) Você trabalha tão bem que será cedido para trabalhar em outra empresa.

Nos dois casos, a notícia a ser dada é a mesma: alguém será demitido. Em 3, o enunciador procura minimizar os impactos da palavra “demissão”, por meio de um desligamento – por isso, eufemismo. Em 4, percebe-se que a ironia beira a grosseria, uma vez que é possível perceber, pelo texto, que o trabalho prestado pelo funcionário demitido não está de acordo com o esperado.

Chegamos, novamente, a um ponto amplamente discutido por mim em vários dos meus artigos: o bom falante/escritor deve ser poliglota em sua língua materna. Entender o contexto em que se está inserido é fundamental para saber o que dizer ou redigir. E isso é fundamental desde as estruturas gramaticais até a construção textual. Por isso, não há gramática sem texto, e não é possível conceber o texto sem a gramática. Selecionar o emprego culto ou coloquial da gramática é o primeiro passo para se optar por um texto formal ou informal. Por seu turno, a perfeita compreensão de qualquer tipo de texto depende da plural compreensão gramatical do receptor. Em outras palavras: para escolher entre eufemismo ou ironia, observe em que contexto sua informação será proferida. E a decisão correta depende exclusivamente de um poderoso instrumento de transformação social: a educação.


Elias Santana

Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

 


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