Na Ponta da Língua – Episódio 14: A crase

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na-ponta-da-lingua-elias-quadrado-facebookPaixão para poucos, frustração de muitos. Um mero acento – conhecido como grave – acima de uma letra é capaz de atormentar a vida de inúmeros usuários da língua portuguesa. A função dele é marcar a ocorrência de um fenômeno, conhecido como crase (fusão de fonemas vocálicos idênticos, segundo a teoria literária adotada para a análise de sílabas poéticas). Importamos essa nomenclatura para a teoria gramatical, a fim de indicar a fusão de vogais A. Um dos A, necessariamente, precisa ser uma preposição. O outro A pode ser fornecido por artigos (a, as) ou pronomes (aquele(s), aquela(s), aquilo, a qual, as quais, a, as).

Como sempre digo aos meus alunos, crase não é memorização, mas questão de bom senso! Vejamos alguns exemplos:

  • Ele sente falta de alguma companhia.
  • * Ele sente falta da alguma companhia.

Não tenho dúvidas de que você achou a opção 1 mais adequada. Sabe por quê? Quem sente falta, sente falta “de” alguém. Mas “alguma companhia” não aceita artigo (pela presença do pronome indefinido “alguma”)! Por isso a fusão “da” (preposição “de”+artigo “a”) não ficou adequada. Com isso, vejamos

  • Ele se referiu a alguma companhia.
  • * Ele se referiu à alguma companhia.

“Alguma companhia” ainda rejeita o artigo, independentemente da oração. Quem se refere, se refere “a” alguém. É apenas necessário o emprego da preposição! Logo, a opção 3 está correta.

Outra comparação:

  • * Ele sente falta de tia do interior.
  • Ele sente falta da tia do interior.

Mais uma vez, tenho certeza de que você achou a opção 6 mais adequada. A preposição ainda é a mesma, mas é perceptível que “tia do interior” exige a presença de um artigo “a” antes do substantivo feminino “tia”. Assim sendo, no par

  • * Ele se referiu a tia do interior.
  • Ele se referiu à tia do interior.

A forma correta é a 8, pois sabemos agora que “tia do interior” obriga a ocorrência do artigo, assim como “referir-se” continua exigindo a preposição.

Esses foram pequenos exemplos para te explicar o porquê da existência da crase. Um dos maiores desejos para a educação do futuro é que os alunos possam ser investigadores, cientistas dos fenômenos ligados a cada componente curricular. Isso não é diferente em língua portuguesa. Somos laboratórios vivos, e cabe a cada um de nós a autoinvestigação. O que acabei de apresentar não resolve tudo, mas pode te iniciar no caminho da ciência linguística!

Esse será o assunto do programa Na Ponta da Língua de dezembro! Além de discutirmos um pouco sobre esse polêmico assunto, repetirei uma fórmula que fez muito sucesso entre os alunos: resolverei questões de crase de diferentes bancas, para compararmos como cada uma explora esse assunto! Tenho certeza de que essa aula vai mudar a sua vida! Por isso, te espero, no dia 14 de dezembro, às 20 horas, no canal do YouTube do Gran Cursos Online! Vamos colocar muito bom senso em prática! Até lá!

Perdeu os episódios anteriores? Não se preocupe! As transmissões estão disponíveis para visualização em nosso canal, clique nos links abaixo:

1º episódio – O Hino e a Língua
2º episódio – Particularidades léxicas: ame-as ou entenda-as!
3º episódio – Minissimulado – IDECAN

4º episódio – Especial PC-GO
5º episódio – O “Que” e “Por que” decorar?
6º episódio – Aviões do Forró – Fiquei sabendo
7º episódio – Minissimulado – CESPE
8º episódio – Regência Verbal
9º episódio – Minissimulado FCC – Parte I
10 episódio – Minissimulado FCC – Parte II
11º episódio – Minissimulado FCC – Parte III
12º episódio – Minissimulado Idecan
13º episódio – O Hino Nacional


Elias Santana é Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por esta razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

 


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