“Não importa o que eu fizer hoje ou o que eu deixar de fazer, eu tenho meu valor. Sim, eu sou imperfeito e às vezes tenho medo, mas isso não muda a verdade de que também sou corajoso e merecedor de amor e aceitação.” – Brené Brown, pesquisadora e escritora norte-americana
A opção por uma vida plena e intensa conduz, de tempos em tempos, a alguns becos sem saída, caminhos que parecem não ir a lugar algum. Quem tem a ousadia de fazer essa escolha eventualmente vai enfrentar situações com as quais não saberá lidar, não importam os livros que leu, as palestras a que assistiu, os cenários que traçou, os planos que elaborou, as passagens bíblicas que estudou ou os cultos e missas que frequentou. Tampouco fará diferença a experiência, a idade, a profissão, o gênero ou a condição financeira. Até a pessoa mais sábia e corajosa está sujeita a se ver perdida uma vez ou outra. Fato é que viver consiste num eterno esforço para superar fases difíceis.
“Até a pessoa mais sábia e corajosa está sujeita a se ver perdida uma vez ou outra”.
Na condição de filho, irmão, namorado, empreendedor, sócio, palestrante e escritor, entre tantos outros papéis que a vida me reservou, confesso já haver passado por muitas situações em que me vi sem ter a mínima ideia de que passo dar em seguida. Sabe como é ser o José do poema do mestre Carlos Drummond de Andrade? Pois então…
E agora, José?
A festa acabou.
A luz apagou,
O povo sumiu…
Está sem discurso…
O bonde não veio…
E tudo fugiu…
Sozinho no escuro…
Você marcha… para onde?
E agora, José?
Perdi as contas das vezes em que perguntei a mim mesmo: e agora, Gabriel? Provavelmente já aconteceu algo parecido com você também. Acontece com todo o mundo, aliás. A dúvida que fica é: o que fazer quando não sabemos o que fazer?
Felizmente, a resposta pode estar mais ao nosso alcance do que pensamos. Começa por nos lembrarmos de que, se um dado problema surgiu em nosso caminho, é porque somos as pessoas certas para solucioná-lo. Se há uma certeza, é que não cabe a um terceiro resolver as coisas por mim. O poder de fazer isso está em minhas mãos, não nas dele.
“A resposta pode estar mais ao nosso alcance do que pensamos”.
Pode ser, porém, que a chave para resolver o meu problema não esteja tão evidente aos meus olhos. Talvez ela só se revele depois de uma boa noite de sono. Ou talvez eu precise refletir um pouco mais, coletar alguns dados e analisar melhor as circunstâncias antes de elaborar um plano. Quem sabe basta que eu crie novos vínculos, converse com outras pessoas ou dê uma voltinha de carro, sem destino certo, para começar a ter ideias?
Em situações mais extremas, pode ser que eu não encontre mesmo a solução definitiva. Seja como for, toda a experiência que acumulamos em nossa jornada não é de jogar fora. Ela nos fortalece. Superados tantos embates, as mãos ganham calos e o corpo uma resistente armadura. Aliada à humildade e à ousadia que nos são características, essa resistência permite que nos acostumemos, em certo grau, ao desconforto e às incertezas da vida. Podemos simplesmente aprender a conviver com elas.
É claro que não posso falar por todos, mas posso falar por mim. E digo que minhas decisões diárias não são tomadas em momentos de calmaria – nem sei o que é isso –, mas, sim, nos das maiores tempestades. Ser empreendedor num país como o nosso – e imagino que seja assim também com o concurseiro – é como trocar o pneu de um avião voando em altitude de cruzeiro, a 11 mil metros de altura. É muito difícil ter sabedoria e sagacidade para fazer uma avaliação sensata das circunstâncias e errar – e se arrepender – menos.
Conhecendo na pele essa dificuldade, tenho alguns conselhos para oferecer. Admito que minha experiência ainda não é das maiores, mas acredito que posso ajudar mesmo assim. Confia em mim? Então vamos lá.
- Minha primeira dica é: comece. Não importa o quão diminuta seja sua noção a respeito da situação, esboce uma reação, nem que seja para sair do estado de letargia em que se encontra. O segredo para fazer qualquer coisa – mesmo quando não se sabe o quê – é primeiro cultivar forte desejo de agir. Depois, vá aos poucos incrementando sua forma de proceder, de transformar, de enfrentar seja lá o que for. O que começa com um grão de areia em curto espaço de tempo estará enchendo caminhões. São pequenas melhorias, imperceptíveis, que se acumulam em resultados notáveis no médio e no longo prazo. Tente. Tenha paciência.
- Admita que você não se garante sozinho. Todos nós precisamos da ajuda de pessoas em nossas – às vezes extremamente dolorosas – tentativas de trilhar novas maneiras de ser. Pessoas que não nos julguem são fundamentais. É sempre bom poder contar com um braço amigo para empurrar uma porta travada.
- Esteja sempre pronto para receber feedback. Ouça, faça perguntas e aceite que você pode não estar compreendendo todo o cenário. Reconheça seus pontos fortes e como você pode usá-los para vencer seus desafios, mas jamais ignore os fracos. A humildade é fundamental para você evoluir e avançar.
- Examine a situação com a maior neutralidade possível. Observe o contexto objetivamente, atento aos dados, cedendo o mínimo à emoção. Nossos pensamentos e ações estão enraizados no que achamos atraente, no que nos beneficia, não necessariamente no que é lógico. É por isso que as emoções são uma ameaça para a tomada de boas decisões.
- Tenha uma conversa honesta consigo mesmo. Analise como é sua relação com o que lhe parece importante. Veja se você de fato age para implementar suas prioridades ou se apenas repete, para quem quiser ouvir, que vai fazer e acontecer, e só. Perceba se suas aspirações ficam ali, quietinhas, no plano das ideias, ou se você trabalha de verdade para concretizá-las. Guarde esta verdade: suas ações revelam suas verdadeiras vontades. Ter desejo não basta. É preciso encontrar motivação e, acima de tudo, agir, investindo energia e se sujeitando aos sacrifícios antes da merecida recompensa.
Compreende que a iniciativa deve partir de você? Se sim, registre nos comentários: “Vou fazer o que precisa ser feito!” e siga em frente.
“Tudo tem o seu tempo determinado… há tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou…tempo de derrubar e tempo de edificar… tempo de guardar e tempo de lançar fora…tempo de buscar e tempo de perder…” – Salomão, rei de Israel.
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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.