Do lado de fora, as flores desabrocham e se enchem de cor, os pássaros sobem o tom dos cânticos, as aves migratórias reaparecem. O verde reacende, a umidade aumenta, o frio diminui. O inverno vai se dissipando e abrindo espaço para a estação mais alegre e bela do ano. Em algumas cidades, como Brasília, a seca ainda é intensa, mas a esperança nas chuvas ressurge. Se no frio de julho o bicho-homem hesitava em sair de casa e até os animais se escondiam do mau tempo, ali por volta de setembro as ruas e matas ganham novo movimento. É como se a natureza se negasse a seguir chorando e finalmente reagisse.
Não dá pra negar que o inverno é facilmente associado a tempos de luta, dureza e dificuldade. O céu é cinzento, escurece mais cedo e amanhece mais tarde… As referências são todas lúgubres. Em lugares realmente frios, há até desânimo para sair de casa. O corpo fica preguiçoso, e é comum a imunidade baixar. A natureza, sabedora do desafio climático, poupa a si mesma e opera em ritmo mais lento e silencioso. Há animais que hibernam a temporada inteira. Tudo é planejado e feito com a esperança de que vai passar.
E, de fato, o inverno não é definitivo. Como tudo na vida, passa. A natureza muda, as pessoas mudam, nada permanece como já foi um dia. Não é possível nem mesmo se banhar no mesmo rio duas vezes, que dirá viver dias e experiências iguais. Entretanto, por mais desconfortável que a estação do frio seja, há pessoas que se acostumam a ela. Gente hábil em se escorar em um conforto disfuncional, ilusório, aquém do merecido e do plausível. Quem se acomoda com o inverno perde a oportunidade de conhecer a beleza da primavera. Deixa de se deslumbrar com as cores encantadoras que tomam conta de tudo. Os tons cinzentos dificultam até que se enxergue direito o que está à frente. Um grande inimigo da fé é esse tipo de acomodação. Há gente tão familiarizada com certo modo de viver, que nem sequer acredita ser possível ir além e fazer diferente. É um desperdício.
Para os outros de nós, o desconforto da estação mais fria do ano nos faz valorizar ainda mais a bênção do calor de setembro. No inverno, tratamos de nos resguardar e de nos preparar, fincando bem nossas raízes, para voltarmos com fôlego renovado na nova estação. Sabemos que ninguém consegue evoluir enquanto se mantém na zona de conforto. Enxergamos nos desafios o incentivo que talvez nos faltasse para perseguirmos com voracidade novos patamares em nossa trajetória. Por isso, se você está sendo desafiado neste momento, na busca pela primavera em sua vida, entenda que essa fase é indispensável. Daqui a alguns anos, você vai olhar para trás e compreender tudo.
Em 22 de setembro último, o inverno oficialmente acabou no hemisfério sul, abrindo espaço para a primavera, que, convenhamos, é bem mais agradável. Até choveu em Brasília, e apenas dois dias mais tarde, o que foi motivo de grande alegria para os aqui residentes. As cenas dos brasilienses celebrando se repetiram no Instagram o fim de semana inteiro.
Todavia, no plano metafórico, em março de 2020 entramos num longo e rigoroso inverno que custa a dar lugar à primavera. Não bastassem os desafios de sempre, surgiu uma pandemia que lançou a humanidade numa espécie de inércia. Não tenho respostas sobre por que razão a doença veio e se impôs sobre todos nós, suspendendo planos e interrompendo projetos a torto e a direito; mas, quando olho para trás e me lembro de tudo que vivemos nesse ano e meio – no Gran, junto aos alunos, na família, no País, no planeta Terra –, concluo sempre o mesmo: fomos muito fortes.
Estar aqui hoje, no que parece o fim desse inverno atípico, não é um feito trivial. Há inúmeros feridos, machucados mesmo, com cicatrizes ocasionadas por perdas irreparáveis. Todos e cada um de nós sofremos, mas, se você me lê, está aqui, vivo, e precisa se aprontar para seguir em frente. Tem de se preparar para cantar nestas primeiras luzes da primavera.
Talvez você, amigo leitor, tenha sido capturado em algum ponto da dura provação que a humanidade vem tentando superar e passado a enxergar o mundo como uma zona de adversidades intransponíveis. Talvez já tenha até concluído que é melhor ficar onde está, a fim de não correr o risco de se frustrar ainda mais. Nesse caso, meu recado é: não ceda! Volte a se alegrar e a sorrir com a esperança trazida pela primavera.
Mire-se no exemplo da natureza: negue-se a chorar para sempre. Abra a janela e deixe o sol entrar e aquecer tudo a sua volta. Vire a página. As oportunidades que se delineiam a sua frente são muitas, mas você precisa enxergá-las. Busque a ajuda das pessoas certas, mapeie o que pode e o que deve ser feito, estruture o seu tempo, faça acontecer. Tome as decisões necessárias, com foco nas conquistas que planejou para si e acabaram prejudicadas por toda a nebulosidade invernal. O tempo da alegria, das conquistas, das vitórias precisa voltar. E vai voltar, desde que você faça a sua parte.
As coisas estão melhorando, sabe? Inclusive na área dos concursos públicos, as oportunidades vêm surgindo para quem está de olho. Os que não esmoreceram lá atrás, no início do duro inverno pandêmico, estão começando a colher os frutos do esforço. Nossos alunos que não interromperam os estudos em março de 2020 hoje são dos mais competitivos nas provas. Vários deles já alcançaram a sonhada aprovação, como demonstram as centenas de recentes depoimentos que colhemos (veja AQUI). Mantiveram-se firmes no plantio, e a colheita veio.
Tal como ocorre na natureza, nossa vida também passa por ciclos, que vêm e vão. Não se confundem exatamente com as estações do ano, mas podem ser por elas influenciadas, provocadas, despertadas. É por isso que digo sem medo de errar: o tempo de cantar também chegará para você.
Sem inverno, não há primavera. Sem desconforto, não há mudança. Sem alguma decepção, não se cruzam limites. Essa dualidade é parte do jogo. Aprenda a lidar com ela.
Quero ver você “cantando” a sua aprovação em nosso quadro Cheguei Lá. Quem sabe será um dos próximos entrevistados por mim no canal Imparável? Eu gostaria disso. E você?
“Porque eis que passou o inverno: a chuva cessou e se foi. Aparecem as flores na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da rola ouve-se em nossa terra.” Cantares 2:11-12
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