Estudar o português exige do indivíduo dedicação e paciência. É preciso entender que o estudo de qualquer língua materna não é algo simples para ninguém, uma vez que as gerações se passam e as línguas evoluem. Uma palavra ou estrutura morfossintática bastante usual no século XIX pode ter entrado em desuso contemporaneamente, a ponto de alguns usuários da língua não conseguirem compreender essas formas arcaicas.
Existem, no português de hoje, palavras que só existem no plural, mesmo que façam referência a algo único. É o caso de óculos, férias e parabéns. Esses vocábulos são exclusivamente plurais em nosso vernáculo, e isso é evidente em relação à concordância. O correto é OS óculos, AS férias, OS parabéns (mesmo que seja um único objeto, um único período de descanso ou uma única felicitação). Um dia, há muito tempo, havia ÓCULO, FÉRIA e PARABÉM, no singular. Mas essas formas entraram em desuso, e apenas os vocábulos plurais foram mantidos. Há, em nossa língua, outros vocábulos que hoje também são usados exclusivamente no plural: pêsames, fezes, costas, núpcias.
Todavia, é preciso saber que existem também outros substantivos terminados em S e que não são exclusivamente plurais. É o caso de “tênis” e “ônibus”. Essas duas palavras podem ser empregadas tanto no singular quanto no plural, e quem determina isso é o artigo ou pronome que os acompanham. É correto dizer O ônibus ou OS ônibus. É correto dizer O tênis ou OS tênis. A presença da letra S, na terminação dessas palavras, não é um indicador de plural, diferentemente do que ocorre com os exemplos que citei no parágrafo anterior.
E vai haver pessoas que ainda vão querer brigar comigo em função disso! Eu sou apenas um usuário da língua, assim como você que me lê (e a escolhi como uma de minhas paixões e meu instrumento de trabalho). Eu não criei a língua, eu apenas vivo a língua! E digo mais: todos os idiomas do mundo possuem suas particularidades! A diferença é que não os conhecemos como falantes maternos!
Elias Santana – Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
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Excelente artigo, prof. Elias!
Peço desculpas pela meu comentário, pois no texto o professor não disse que o singular de parabéns não existia, apenas disse que está em “desuso”.
Olá professor Elias! Amei seu texto direto e conciso. Parabéns 🌹