A revisão é uma estratégia criada pelos humanos para hackear o cérebro. É a sua melhor ferramenta para obrigar o cérebro a registrar toda e qualquer informação que você quiser. Sim, toda e qualquer informação que você quiser. E, pasmem, essa ferramenta é de graça!
Mas antes de explicar melhor porque a revisão é tão poderosa, vamos entender como funciona o nosso processo interno de absorção de novos conhecimentos. Vem comigo.
O processo natural de funcionamento da memória acontece de forma automática. Ele não exige a nossa atenção direcionada – em outras palavras, é um processo que o nosso cérebro realiza sem que tenhamos consciência dele.
Durante o dia, milhares de informações entram no nosso cérebro. Algumas de forma consciente e intencional – como durante o estudo –, mas a maioria esmagadora delas, de forma inconsciente e não intencional. Até mesmo durante o sono estamos captando informações!
Essas informações vêm do mundo externo e chegam a nós por meio dos nossos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar) a todo momento, e, seja qual for o canal sensorial de entrada, o cérebro inicia uma rotina de absorção daquele conhecimento. Nesse início, temos a aquisição, que é a primeira fase do processo mnemônico.
Há ainda outra forma de aquisição, muito menosprezada pela grande maioria das pessoas: os nossos pensamentos. Sim! Mesmo sem captar nada pelos nossos sentidos, nós, seres humanos, temos o poder de criar informações por meio do pensamento. São informações, portanto, do nosso mundo interno. Isso pode ser uma excelente ferramenta ou um veneno perigoso, dependendo do que pensamos repetidamente. Mas este é um assunto para outro momento.
Ainda na fase de aquisição, há um subprocesso importantíssimo que funciona como um filtro, chamado seleção. Este é responsável por filtrar o que, de alguma forma, é importante para você. Se não existisse essa seleção, você absorveria todas as informações captadas pelos seus sentidos (além daquelas criadas pelo seu pensamento). Imagine que loucura! Ainda mais agora, na era da Internet e das redes sociais, em que somos bombardeados por milhares de novidades. Temos acesso a tudo, mesmo sem querer.
Após esse processo de aquisição de informações selecionadas pelo cérebro, há o processo de retenção temporária. Nessa fase, o cérebro armazena por algum tempo as informações adquiridas. O tempo de armazenamento varia de acordo com a complexidade e a importância da informação, a vinculação emocional com ela e outros fatores.
Em dado momento, a informação será colocada no “paredão”, e o cérebro decidirá se ela continua no jogo, ou se será descartada. Esse processo de descarte é conhecido como esquecimento.
O esquecimento é um mecanismo de defesa do cérebro. Sua função é impedir que ocorra uma sobrecarga nos sistemas cerebrais responsáveis pela memória. Se não esquecêssemos das coisas, nossos cérebros entrariam em pane!
Considere o esquecimento como um grande abismo. Se o cérebro não considera aquela informação importante, ele joga a coitada no abismo. Sem dó nem piedade. A verdade é que a grande maioria das informações retidas temporariamente “cairão no esquecimento”.
Mas, se a informação não foi descartada na fase de esquecimento, significa que ela foi considerada importante o bastante para ser registrada de forma mais duradoura, possivelmente, de forma definitiva. Esse é o processo de consolidação, o qual também podemos chamar de retenção duradoura.
Por fim, temos o processo de evocação ou lembrança, que encerra o ciclo. Aqui a informação está à disposição da pessoa para ser acessada a qualquer momento. Esse é, inclusive, o processo mais desejado pelos concursandos na hora da prova!
Atenção! Em algum momento eu falei a palavra revisão? Não. Isso porque no processo natural do nosso cérebro NÃO EXISTE A REVISÃO!
Se deixarmos que o cérebro siga o fluxo normal de memorização, ficaremos à mercê do “paredão”, pois a decisão cerebral automática sobre o que será descartado e o que será registrado permanentemente é muito subjetiva. Nós não conseguimos compreender com exatidão esse processo. Sabemos que a retenção é guiada por uma forte carga emocional presente no momento da aquisição, ou então quando a informação utiliza vários canais de entrada ao mesmo tempo (visual + auditivo + sinestésico). Mesmo assim, milhares de informações serão esquecidas, pois esse é o mecanismo de prevenção de sobrecarga do cérebro.
Portanto, se precisamos enviar mais informações para a memória de longo prazo, precisamos da única ferramenta à nossa disposição: a REVISÃO!
Mas por que a revisão é tão poderosa? O que está por trás dela que a faz ter esse poder? O que explica, por exemplo, a retenção permanente da data do seu aniversário? Do seu nome completo? Essas e outras informações ficarão registradas no seu cérebro para sempre, salvo se alguma doença ou acidente afetarem a função cerebral. Em condições normais, você nunca esquecerá do seu nome, nem se tentar muito!
O que explica isso é a REPETIÇÃO.
No caso dessas informações mais simples, houve uma quantidade incalculável de repetições durante a sua vida. Desde que você nasceu e recebeu o seu nome, os seus familiares começaram a chamar você por esse nome. Depois, na escola, você foi chamado pelo nome mais algumas milhares de vezes. Toda vez que você conhece alguém novo, você diz o seu nome. Toda vez que preenche um formulário, escreve seu nome. Bom, você já entendeu onde estou querendo chegar.
No caso da memorização do seu nome ou da data do seu aniversário, a repetição ocorreu naturalmente ao longo da sua vida, por isso o seu cérebro entendeu que eram informações importantes.
Infelizmente, o seu cérebro não entende de forma automática que, na modalidade de licitação chamada tomada de preços, os interessados não cadastrados podem participar da licitação, desde que atendam às condições de cadastramento até três dias antes.
Se você já estudou licitações, provavelmente já viu o assunto acima, mas, se não lembra dele, é porque não revisou o número de vezes suficiente para o seu cérebro fixar essa informação.
Eu te proponho um desafio: memorizar o número do seu cartão de crédito. Acha que não é possível porque o número é muito grande? A partir de hoje, repita o número do seu cartão na hora que acordar, na hora do almoço, do jantar e antes de dormir. Quatro vezes ao dia, todos os dias, durante um mês. Eu afirmo, mesmo sem te conhecer, que você vai memorizar o bendito número!
Se memorizar o número do cartão não é interessante para você, escolha outro número, mas faça o teste. Aliás, como foi que você memoriou o seu RG? E o seu CPF? Pura repetição ao longo da vida!
Na revisão, o que temos é a repetição com estratégia, repetição de forma inteligente. Revisão nada mais é do que você mostrando ao seu cérebro que quer aquelas informações armazenadas. Na verdade, é você no comando do seu cérebro e ordenando que ele registre o conhecimento do qual você precisa na memória de longo prazo.
E como fica o processo de memorização para concursos públicos? Funciona do mesmíssimo jeito, quer ver?
Crie um mapa mental com as funções da partícula SE. Estude esse MM durante um mês, todos os dias, imediatamente antes de começar os estudos diários. Para melhorar, faça também uma questão sobre o assunto. Preciso dizer o que vai acontecer???
É possível que você esteja pensando que a sua realidade de concursando é muito mais difícil, afinal, você precisa estudar mais de dez matérias para o concurso, e cada uma delas tem dezenas de assuntos os quais você precisa estudar e revisar. Não é?!
Sim, meu amigo! Seja bem-vindo à realidade de todos os concursandos! É desafiador mesmo. É quase desumano ter de estudar várias matérias, sendo que de algumas delas você não gosta, mas tem de estudar mesmo assim. Esse é o preço a se pagar para ser um servidor público. Mas, acredite, vale cada centavo investido, cada minuto de estudo e de revisão.
Organizar um sistema de revisões eficiente pode ser muito complexo se você não tiver prática, por isso, o Gran Cursos Online disponibiliza uma equipe de profissionais, os Gran Xperts, para te auxiliar nessa tarefa. Entre em contato com nossa equipe de vendas, ou acesse a página de Coaching no seguinte link: https://www.grancursosonline.com.br/coaching-para-concursos
Grande abraço!
Cadu Marques.
Bibliografia:
Roberto Lent. Cem bilhões de neurônios: Conceitos Fundamentais de Neurociência.
Ramon M. Consenza, Leonor B. Guerra. Neurociência e educação: como o cérebro aprende.
Charles Duhigg. O poder do hábito: porque fazemos o que fazemos na vida e nos negócios.
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