É muito comum os alunos me procurarem com a seguinte demanda:
Professor!!! Não aguento mais… Já estou há 5 anos estudando e não consigo passar…
Minha pergunta é imediata: Quantos concursos você prestou nesse período?
Ah, professor! Até perdi as contas… Mais de 30…
Aqui está o problema! É a falta de foco que faz o aluno passar tanto tempo estudando sem chegar ao resultado esperado. Se tivesse estudado 5 anos para o mesmo concurso teria obtido êxito. A grande armadilha, e a maioria cai nela, é estudar na medida em que os editais vão surgindo na praça. Estuda-se sempre na correria e sem o planejamento devido.
Professor, você fala isso da boca para fora… Aposto que nunca passou 5 anos estudando para o mesmo concurso…
Meu desconfiado aluno, vou te contar uma breve história.
Em meados dos anos 2000, tomei a decisão de entrar na Polícia Rodoviária Federal (PRF). Fazia faculdade de Engenharia da Computação na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e estava muito desanimado com o mercado de trabalho. Olhei para o meu entorno e, primeiro, precisei decidir acerca de dois caminhos a seguir: permanecer no setor privado ou ir para o público.
Como estava cansado do setor privado, decidi pelo público. A segunda decisão foi escolher qual concurso público prestar. Como só tinha o ensino médio, meu leque de opções não era tão extenso. Naquela época, a PRF encaixava-se perfeitamente nas minhas pretensões: era um cargo de ensino médio, oferecia salário de nível superior e tinha o status da carreira policial.
O caminho delineou-se claramente. No entanto, apesar de ter focado a mudança, não existia previsão de concurso. Somado a isso, tomei outra resolução, que foi mudar para Santa Catarina (2001). Lá iniciei Ciência da Computação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2002. Nem sempre quando optamos por prestar concurso público, seguimos uma trilha reta… Por vezes, fazemos algumas curvas, mas é importante ter em mente que o desvio tem de ser momentâneo e nossos olhos devem continuar voltados para o horizonte que escolhemos seguir.
O ano já é 2001 e os rumores de concurso da PRF aumentam. Oportuno ressaltar que não havia essa “indústria” de concursos que temos hoje. Nem internet havia direito… Com isso, quero dizer que a abundância de materiais vista atualmente era algo inexistente no início deste século. O que fiz foi ir a uma banca de revistas e comprar uma apostila “completa” com as matérias da PRF. Pois é… Ocorre que a apostila tinha por base o último concurso, ocorrido em 1998, e não foi o Cespe/UnB que organizou.
Na minha ingenuidade, achei que debulhar aquele material seria suficiente para ir bem na prova. De qualquer forma, ao menos o Código de Trânsito Brasileiro foi decorado com a apostila. Isso já foi de grande auxílio para os passos que se seguiriam. Chega 2002 e a banca Cespe/UnB foi escolhida… Acelero meus estudos, ainda utilizando a famigerada apostila “completa”.
Neste ponto, é bom fazer um parêntese. Vinha de sucessos consecutivos em vestibulares: aprovado em Engenharia de Computação na Ufes, Ciência de Computação na UFSC e na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Apesar de não existir uma “indústria” de cursos públicos, havia a de cursinhos pré-vestibulares que, em sentido amplo, equivalem-se àqueles. Eu possuía uma bagagem muito ampla nessa última e com grande sucesso em aprovações. Foi natural aproveitar os ensinamentos adquiridos no meu novo objetivo: entrar na PRF.
Destarte, de maneira quase instintiva, comecei a usar técnicas e dicas que me foram passadas durante a época dos cursinhos pré-vestibulares para os estudos da Polícia Rodoviária Federal. Assim, e isso pode parecer simples hoje, mas ressalto que muitas coisas não eram tão triviais naquela época, apliquei uma das principais técnicas de revisão e treino: fazer exercícios da banca que irá aplicar o concurso.
Como o Cespe/UnB não tinha realizado certames para a PRF, busquei outras para exercitar, ao menos, as matérias comuns (português, informática, matemática etc.). Recordo-me bem de ter impresso duas provas: Petrobrás e Polícia Federal. O susto foi imenso… Percebi claramente que se continuasse com a apostila “completa” não iria chegar a lugar algum. Era preciso mudar o planejamento!!! Então, comecei minha estratégia vencedora. Mudei o planejamento e recomecei a caminhada rumo ao objetivo de entrar na Polícia Rodoviária Federal.
Chegou o dia da prova… Sem sombra de dúvidas, foi a prova mais difícil que fiz na vida. E saí arrasado da sala… Após estudar tanto, abrir mão de diversos momentos de lazer, o “presente” foi uma prova de nível altíssimo na qual, ao menos em meu pensamento, apenas os gênios seriam aprovados. Indignado, no dia seguinte, mandei mensagens eletrônicas para o Cespe/UnB e a PRF. Disse que era um absurdo aquele nível de provas, acabariam nivelando por baixo… Quando saiu o resultado, fui o primeiro colocado entre mais de 540 mil candidatos. Pois é…
Ocorre que havia a prova física. Quem já me viu sabe que não tenho aquele físico invejável para aguentar uma sequência pesada de exercícios. Mais ainda, como achei que não iria passar, parei de treinar para os testes físicos. Conseguem imaginar o tamanho do erro que cometi? O resultado foi que reprovei na corrida… Passei alguns dias para me recuperar: o primeiro colocado entre mais de 540 mil candidatos havia reprovado na prova física.
Enquanto procurava forças para assimilar a derrota, tomei a seguinte resolução: ainda que lá na frente minha vida siga outro caminho, vou fazer a prova e passar na PRF!!!
No dia 03 de janeiro de 2005, após outro concurso, comecei meus trabalhos na Polícia Rodoviária Federal, instituição na qual permaneci por 9 anos (hoje sou Analista Legislativo da Câmara dos Deputados). Da data em que comecei a sonhar com a PRF até o dia em que efetivei minha entrada, foram 5 anos!!! Cinco anos de FOCO, disciplina, dedicação, suor e lágrimas para, no fim, ter a alegria de ser aprovado. Portanto, não falo daquilo que não vivi. É preciso escolher um concurso e seguir nele até o fim. Se é o que quero, então será o que vou conquistar. Simples assim. Sem cair nas armadilhas dos editais lançados e sem se desviar do caminho traçado.
Professor!!! Mas eu não posso fazer outros concursos?
Meu perguntador aluno, não só pode como deve. O que você não deve fazer é largar todo seu planejamento feito para o concurso foco e sair estudando na “correria” cada vez que é lançado um novo edital. Nós só aprendemos a fazer prova treinando, por isso temos que fazer os concursos que surgem ao longo do caminho, até que o objetivo final seja atingido. Pense da seguinte forma: passo 6 meses estudando para um determinado concurso, aparece um edital no mercado e fico 3 meses estudando para o novo concurso. Quando retomar meu concurso foco, sem as devidas revisões, terei perdido boa parte dos 6 meses de estudos anteriores.
Portanto, é essencial ter foco. Quando definimos um ponto no horizonte, devemos nos concentrar nele para não o perder de vista. Se ficarmos olhando para a beira da estrada, fatalmente perderemos o objetivo marcado.
Já pensou em fazer coaching?
Vamos que vamos!!!
Um abraço.
Rodrigo Silva
Analista Legislativo da Câmara dos Deputados. Aprovado diversos concursos públicos, destacando-se o primeiro lugar na Polícia Rodoviária Federal, Banco do Brasil e Técnico de Controle Interno na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.
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Muito bom o artigo, professor!
Só gostaria de entender um pouco mais sobre como manter o foco pra determinado concurso e paralelamente prestar outros. Seria feito uma divisão do tempo do concurso em foco para estudar para o concurso que está com edital aberto?