Minha história nos concursos em 12 lições

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Oi, gente! Eu sou a Maria Luiza Kunert. Entrei no mundo dos concursos em julho de 2008. Havia acabado de perder o emprego, estava grávida de quatro meses e com outro bebê de seis meses, quando vi um outdoor anunciando o concurso da Receita Federal. À época, o Auditor-Fiscal tinha um salário muito semelhante ao que eu ganhava na iniciativa privada. Sim, confesso, o que me atraiu foi o dinheiro.

Opa! Para tudo! Lembrei que, em 1992, na faculdade, eu tinha me inscrito num concurso para o cargo de Técnico do Tesouro Nacional (que atualmente é o Analista da Receita Federal), mas não cheguei a fazer a prova. Isso é só para constar. O marco zero dos concursos foi em 2008 mesmo!

Pensando em recuperar o salário perdido pela falta de emprego, fui imediatamente à escola preparatória, me matriculei no curso pacotão e comprei todas as apostilas. Paguei um valor que corresponde a R$ 9.000,00 hoje (atualizado pelo IGP-M) pelas aulas presenciais e pelo material. Aos poucos, fui me inteirando sobre o cargo, sobre as atividades e me pareceu muito interessante.

Comecei meus estudos. Não sabia nada sobre concursos, embora meus pais sejam funcionários públicos aposentados. Não conhecia nada sobre Direito, Contabilidade ou Economia, afinal, sou graduada em Engenharia Eletrônica. Português? Tinha base de escola, mas as provas me pareciam mais grego. Inglês, Espanhol? Sorte, sou fluente. Matemática Financeira, Raciocínio Lógico, Estatística? Ferrou! Saí da faculdade faz tempo. Administração, Comércio Internacional? Tenho algum conhecimento, mas pouco aprofundado. Conclusão: tenho que estudar tudo.

Assim como todo mundo, comecei do zero. Sem qualquer base. Selecionei as matérias para estudar primeiro conforme o cursinho ia ministrando as aulas presenciais. Comecei com Direito Administrativo, Estatística e Interpretação de Texto, sem qualquer planejamento. Só era assim porque o curso começou com estas matérias. A rotina: aulas presenciais pela manhã, estudo à tarde e à noite. Nem sei quantas horas estudava, pois nunca marquei. Fazia as questões da apostila (que eram dos concursos anteriores da ESAF) e não ia muito bem, ficava na casa de 70%. Lia a apostila, o caderno, mas não melhorava. Morria de sono, sentia saudade do bebê e do marido, mas continuava enfurnada estudando. Eu tinha um ponto positivo: um local de estudos bom, com luz apropriada, silencioso, cadeira razoável, sem calor ou frio.

Em julho, havia algumas inscrições de concursos abertas: TCU 2008, BNDES e TRT2. Fiz as três inscrições. E fiz as três provas. O pior de tudo foi que passei nos três. Quando digo passei, falo com minha mente concurseira antiga, que nem sabia o que era passar direito. Então, traduzindo: passei na prova objetiva do BNDES e fiquei por pouco na discursiva, mas o concurso se enrolou por muito tempo. Passei do corte no TCU, fiquei fora das vagas. Passei de verdade no TRT-2 e fui nomeada (muito depois).

Por que isso foi ruim? Porque eu achei que estava acertando e continuei com essa estratégia. Eu achava que ia passar na Receita. Enquanto o concurso que eu queria não vinha (Auditor da Receita), eu fazia outros. Gente, isso ainda era outubro de 2008, e eu, com três meses de estudo, achava que tinha passado em três concursos.

Continuei fazendo isso e… surpresa: passei em mais três concursos. Técnica em Regulação da Anatel 2009 (esse eu assumi e fiquei nele), Analista de Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas da SEFAZ SP 2009 e Agente Fiscal de Rendas da SEFAZ SP 2009 (nesse, fiquei fora das vagas).

E, assim, fiquei estudando de maneira errada, por apostilas, repetindo o conteúdo fraco e insuficiente, para o concurso da Receita Federal de 2009. Travei nessa estratégia e não mudei. Não abri a mente para conteúdos novos, materiais novos, afinal, eu estava sendo bem-sucedida.

 

Lição 1 – O sucesso pode não ser bom para você.

Com o concurso da Receita se aproximando e eu me mantendo na minha estratégia de estudos (aulas presenciais e apostilas), eu precisava de mais quantidade de horas estudos para vencer o Edital todo da Receita. Já estava trabalhando na Anatel e a rotina era bem puxada, pois eu morava bem longe do serviço, tinha as aulas presenciais e ainda precisava estudar.

A minha família (marido e filhos) sempre me ajudou muito, sem que eu nunca pedisse. Se não fosse por eles, eu não chegaria a lugar algum. Meu marido, muitas vezes, foi pai e mãe dos meus filhos, que estavam com menos de dois anos de idade à época.

Eles se engajaram espontaneamente, acho que porque me amam e querem a minha felicidade. Óbvio que reclamaram, xingaram, choraram e sofreram por minha ausência. Não foi e não é fácil. O apoio da família é muito necessário.

 

Lição 2 – Peça ajuda! Engaje sua família.

 Melhorei em estratégia de estudos, pois verticalizei o Edital da Receita em uma planilha e ia marcando os conteúdos estudados com sim/não. Quando cheguei às vésperas da prova, estava com cerca de 90% do Edital visto. Os 10% faltantes eram conteúdos que caíam pouco.

Abrindo um parêntesis aqui, muito embora eu tivesse estudando por apostilas para a Receita, bem no finalzinho eu comprei dois livros: o de Direito Previdenciário do Ivan Kertzman e o de Comércio Internacional do Rodrigo Luz. Isso porque eu ia mal com as apostilas. Vi um milagre acontecer: gabaritei essas matérias! E percebi também que tinha cometido um erro crasso.

Prova da Receita. Fiquei nervosíssima, demais mesmo. Vomitei no primeiro dia, chegando ao local de prova. Tremia. Um detalhe é que sou bastante sangue frio. Não fico nervosa, posso até ficar ansiosa, nervosa não. Eu já fiz quase cinquenta provas (discursivas e objetivas) e só fiquei nervosa em três. Tive um pouco de problema de tempo na primeira, deixei duas questões de Português que valiam quatro pontos, nas outras não.

Caraca, fui bem! Nos rankings, eu aparecia dentro. Até com folga. Comecei a estudar para a discursiva, seguindo uma estratégia que uso até hoje: conteúdo, forma e prática. E “vamo que vamo”…

Fiz a prova de Analista da Receita Federal. Com pouca esperança, pois não tinha estudado o Edital de maneira tão rigorosa. Também fui bem.

Quando saíram os resultados de Auditor e Analista da Receita: fui bem, só que não! Na de Auditor, fiquei de fora das discursivas por duas questões (aquelas famigeradas de Português, que eu deixei para o fim e não fiz). No de Analista, fiquei por uma questão. E agora? Prêmio de consolação: concurso de Analista do Banco Central.

Estamos em dezembro de 2009. Peguei minhas apostilas e fui estudar de novo. Estava de férias. Estudei muito, muito mesmo. Passei fora das vagas. Não desisti não. Vou para o próximo concurso. Qual? Não sei ainda…

 

Lição 3 – Quando você fica de fora por pouco, você está quase lá.

Eu já falei que fiz o TCU de 2008, né? E que passei do corte, mas não entrei na lista de aprovados. Depois, nunca mais fiz concurso nenhum do TCU, mas eu havia estudado duas matérias que gostei muito. Administração Financeira e Orçamentária e Controle Externo. Adoro essas até hoje, juntamente com Direito Administrativo e Tributário.

Em 2010, eu só fiz um concurso: o de Conselheiro Substituto do TCE-RO. O grande significado desse concurso foi que eu me encontrei nele. Ele congregou matérias que eu gosto de estudar, que eu consigo estudar sem cansar e que despertam o meu interesse. Comprei livros e amei esses livros.

Passei? Não. Também fiquei por bem pouco. Senti-me uma vitoriosa, pois o nível de dificuldade do concurso foi absurdo.

Acredito que, quando você gosta, quando você se identifica com o cargo, com as atribuições, tudo flui mais fácil. Seu estudo corre, desliza mais fácil. Em uma sociedade moderna, o trabalho tem que ter significado, não é só um trabalho.

A lição daqui serve para você selecionar a sua área de interesse. Controle, fiscal, gestão, policial, tribunais, bancária… Vai no que você gosta e siga Confúcio.

 

Lição 4 – “Trabalhe no que você gosta e nunca terás que trabalhar na vida.” – Confúcio

Bem, aproveito para confessar mais um pecado mortal: exceto para Auditor da Receita e Conselheiro Substituto do TCE-MG, eu sempre estudei quando saía o Edital. Todos, todos os concursos que fiz foram assim.

O ano de 2011 foi um ano de estiagem de concursos, e eu não estudei. Deveria, pois havia decidido ingressar na área de controle e precisava ganhar conhecimento. Ao final desse ano, saiu o Edital do concurso para o Senado Federal. Decidi fazer para Consultor Legislativo, na área de Telecomunicações e Tecnologia da Informação. Sabia que não tinha tempo e, por isso, decidi fazer em uma área em que, embora não fosse de minha preferência, eu ia bem, porque tinha experiência anterior na iniciativa privada.

Nessa altura, outra crença errada que eu tinha, a que a internet não presta para concursos, já tinha ido por água abaixo. A internet tem coisa boa sim! E eu fiz então algo que nunca havia feito: li depoimentos de vencedores, busquei fóruns, comprei material em PDF, montei grades, pedi ajuda à família e fomos à luta.

Resultado? 6ª Colocação. Brigo na Justiça até hoje.

O Senado me rendeu as minhas aulas de Legislação de Telecomunicações e Agências Reguladoras e muito conhecimento sobre o tema. Fui articulista de veículos nacionais e internacionais e ainda estabeleci importantes relações políticas. Outra consequência do concurso do Senado foi a minha aprovação como Analista de Infraestrutura do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em 2012.

Eu fiz um concurso em 2013, mas esse vamos ver mais para frente…

Em 2014, saiu o Edital da Câmara dos Deputados. Resolvi fazer para uma área afim, mas não obtive sucesso. Tive soberba por causa do Senado e, para piorar, errei a estratégia de estudos. Na verdade, eu usei a mesma estratégia de sempre, mas, como havia pouco tempo, eu decidi não estudar Processo Legislativo e foquei demais em Telecomunicações. A prova veio recheada de Ciências, Tecnologia e Inovação, Comunicação Social e, ainda, 15 questões de Processo Legislativo. Foi aqui que a lição 1 pesou. E foi aqui que eu entendi como funciona o CESPE. Vamos para o próximo.

Próximo concurso: Especialista em Regulação da Anatel 2014. Conteúdo: subconjunto da Câmara dos Deputados – sem Processo Legislativo (hehehe). Estratégia: a de sempre. Resultado: 7ª colocação. Primeira colocação nas provas discursivas. Cargo que exerço hoje, que é ótimo e em uma excelente instituição. Sou muito grata. E siga Peter Drucker: “Do what you do best and outs the rest” ( “Faça o que você faz bem e o resto vem”). E eu era bem boa na área de Telecomunicações e Tecnologia da Informação, a aprovação veio.

Aqui eu preciso muito, muito mesmo fazer um aparte. É que eu entendi como funciona a coisa toda com o concurso da Câmara. Deu aquele “tuim”, aquela lampadinha que acende quando você tem clareza da visão. Você tem que ser bom para passar. Ser bom na matéria? Ser um erudito? Nem pensar!!! Você precisa ser bom na prova, identificar as assertivas corretas e as erradas e ainda produzir o conteúdo que o examinador quer na discursiva.

Estudar para a banca sempre deve ser o que você faz bem. Para passar em concursos, você tem que fazer provas bem. O resto vem.

 

Lição 5 – “Faça o que você faz bem e o resto vem.” – Peter Drucker

Vamos voltar a 2013. Essa lição é sobre o concurso para Conselheiro Substituto do TCE-MS, aquele que fiz entre o Senado e a Câmara. Saiu o Edital. Estudei que nem uma condenada. Não consegui vencer o Edital inteiro, mas usei estratégia e estatísticas. Fiquei em 3ª colocação na prova objetiva. Estava bem.

Eu nunca tive medo de provas discursivas. Sempre tive feedback de professores que eu escrevia bem. E agora vamos falar de como ir mal em provas discursivas, do que fazer para perder sua vaga, para sempre.

Pois bem. Eu estava bem preparada para esse concurso. Tinha conteúdo, tinha treinado para a prova. Essa foi a segunda prova em que fiquei nervosa. Eu sabia o conteúdo e, quando olhava as questões, chorava e ria ao mesmo tempo.

A prova discursiva englobava dez questões e mais uma peça técnica de umas duzentas linhas, a serem feitas em cinco horas. Sabem o que isso significa? Que é impossível fazer rascunho. Hoje, depois de treinar muito, eu sei quando dá para fazer rascunho e quando não dá. Hoje, depois de treinar muito, eu não faço rascunho, e essa é uma das dicas mais preciosas que dou aqui neste meu depoimento.

Mas, no TCE-MS, eu tinha treinado muito com rascunho, escrevia muito rápido, e achei que ia dar certo. Fui teimosa. Preocupei-me demais com a forma, com a beleza da peça. Faltei com a atenção a todo o possível conteúdo que o examinador queria como resposta. Isso me tirou do certame. Faltavam dez minutos, e eu estava na metade da peça. Tive que resumir e suprimir conteúdo. Se eu não tivesse feito rascunho, teria passado.

Em discursivas, conteúdo é quase tudo. Forma é quase nada (salvo se sua pontuação vier expressa e alta). Preocupe-se com o conteúdo, ou fracasse.

 

Lição 6 – Como fracassar em provas discursivas

Passei um tempo sem prestar concursos. Vida difícil, muito trabalho, cargo político, comissionado. Aí, quase no final de 2015, saiu o edital do concurso de Conselheiro Substituto do TCE-PR. Pelos meus dois últimos erros de estratégia (Câmara e TCE-MS), pelo pouco tempo e pelo fato de eu não ter férias, licença ou qualquer folga, além de um trabalho cheio de desafios, resolvi buscar um coach.

Como selecionar um coach bom? Ou, no meu caso, como selecionar um coach capaz de uma missão impossível? Eu não queria falhar de novo. Fiz algo bem básico. Peguei indicação. Depois, levei em consideração algumas características: primeiro, ele tinha que ter aprovado gente. Segundo, ter algum conhecimento técnico das matérias “core” (núcleo) do meu concurso. Por último, precisava rolar alguma empatia.

O fato foi que, com esses poucos critérios, selecionei muito bem. Hoje eu seria mais técnica na minha escolha, mas acho que a pessoa escolhida seria a mesma. Não mudaria nadinha! O meu coach foi incrível, me levou a um nível de conhecimento que eu jamais adquiriria sozinha. E fez o principal: ensinou-me a estudar certo. Se antes eu olhava uma afirmação e sentia aquilo ser certo, hoje eu olho cada assertiva de uma prova objetiva e consigo fundamentar o que é certo e o que é errado. Fazer concurso é ir longe.

Quando eu aprendi a fazer isso, subi consideravelmente a minha nota em provas objetivas, graças às técnicas que aprendi. Comecei fazendo 65% em provas da área de controle, considerando as matérias e os pesos de concursos de Conselheiro Substituto (concursos de nível médio ou difícil). À época da prova do TCE-PR, eu fazia 72%. Hoje faço cerca de 90%. Obviamente, há o fator prova. Isso significa que não vou fazer esses 90%, e sim menos. O quão menos depende das suas condições físicas, mentais e emocionais, na hora da prova, não dá para precisar.

Essa lição é muito importante. Se você acha que não vai conseguir ir sozinho, chame alguém.

 

Lição 7 – “Se você quer ir rápido, vá sozinho, se quer ir longe, vá acompanhado.” – ditado popular

A minha nota na prova objetiva do TCE-PR foi baixa, mas passei por ela. Então, algo muito ruim aconteceu. Entre a prova objetiva e a discursiva, uma pessoa se suicidou pulando do meu prédio, vindo a cair a menos de um metro de onde brincava meu filho mais velho. Ficamos pensando que ele poderia ter morrido, ter nos deixado. Isso desestruturou a minha família, é lógico. Causou um caos. No meio do caos, eu estudei como deu, de qualquer jeito, mas, ainda assim, com disciplina. Foi muito difícil me concentrar e manter o foco. Eu podia ter desistido, mas todos me apoiaram muito.

Na discursiva, fiquei de fora por 1,99 pontos em 200. Faltou menos de 1% da nota para eu entrar. Em todas as vezes que fracassei, a culpa foi minha, eu errei. Nunca, jamais culpei ninguém. Eu sabia que não era a mais preparada. Mas, nesse certame, eu havia entrado, e a banca errou na minha correção, dizendo que eu não havia respondido a uma pergunta, e a resposta estava claramente lá, porque era de “sim ou não”. Eu respondi certo, igualzinho ao padrão de resposta. E o que me deixou de fora foi o erro material na minha correção. Judicializei.

Repito: o que me deixou de fora foi o erro da banca. Não foi o caos. Eu superei o caos, dei o meu máximo. Estudei durante o Natal, Ano-Novo e o Carnaval. Esses foram dias normais de estudo para mim. Então, a oitava lição é: supere!

 

Lição 8 – Na preparação para concursos, coisas ruins podem acontecer. E você tem que superá-las.

Passou o TCE-PR, estamos em fevereiro de 2016, e eu vou para o próximo: o TCE-MG. Passei um tempo de ressaca, mas, ainda assim, estudava uma coisinha ou outra. Fiz uma prova de concurso.

Dia 24/05/2016, resolvi estudar novamente. Fui sozinha, sem coach. Passei três dias fazendo um planejamento de estudos. Selecionei material, comprei material novo, mapeei pontos fortes e fracos, priorizei, utilizei a metodologia do coach (hehehe). Dos 72% em que eu estava ao fim do TCE-PR, sozinha, consegui chegar a 82% e travei por muito tempo nessa nota.

Quero que você que me lê preste muita atenção na minha evolução. Lembra como comecei? Uma porcaria! E eu aqui já meço meu desempenho. Calculo médias e desvios padrões. Essa técnica é minha, eu criei. Você precisa saber onde está para traçar o caminho para onde vai.

Diminuir o desvio padrão é muito, muito, importante. Preciso de outro artigo para falar do significado das estatísticas de desempenho, então vou pular essa parte. Fica o suspense…

O desempenho de 82% foi a minha primeira “nota atolada”, aquela em que você trava e não sobe, nem com bastante esforço. Eu, após tentar por três meses, voltei com o coaching, que, por sua vez, veio com várias novidades. Já gostei, porque ele evoluiu como coach. Vou evoluir também.

Estudei novamente mais um Natal, Ano-Novo e Carnaval. Eu nunca tive problemas de motivação e disciplina. Esse é um campo em que o meu coach nunca precisou atuar. Ah… não pensem que sou tão certinha assim… gosto de olhar as notícias, redes sociais, blogues de mães, de moda, de viagens, de inovações tecnológicas e receitas de comida. E a internet está aqui na minha cara. Eu deixo um horário pequeno para isso, cinco minutos diários. E, depois, deixo o celular fora do meu canto de estudo, porque ele atrapalha muito. Durante este concurso, abandonei as redes sociais.

Estudo no computador, exceto por livros que só existem em papel. Controlo o tempo pelo relógio do computador. Salvo as leis em PDF e grifo as palavras-chave. Faço muitas questões.

E a nota continuou atolada. Mas o desvio padrão diminuiu. 82% é uma boa nota? Dá para passar? Eu não sabia. Mas achava que tinha que conseguir uns 90%, no mínimo. E 100%, dá para conseguir? Coach, ajuda aí…

 

Lição 9 – O céu é o limite. E vou acompanhada, porque vou longe.

A nota continuava atolada. Eu era bastante boa em todas as matérias que tinham peso significativo para a minha prova e mediana nas que tinham pouco peso. Nessas matérias em que eu era mediana, saí praticamente do zero, em termos de conhecimento neste concurso. Nas outras, eu só fazia questões. Percebi que, nas matérias em que eu era boa, a evolução no geral tinha sido muito pequena.

Preciso melhorar meus pontos fortes, que é o que tem mais peso. Selecionei muito bem material em Constitucional, Administrativo, Controle Externo, Administração Financeira e Orçamentária, Direito Previdenciário e Direito Tributário (o que tinha mais peso para a minha prova). E apavorei de estudar.

Quando falo em material, entenda-se livros, pdfs, videoaulas, leis em áudio, jurisprudência de monte. Usei tudo!

Só usei material bom. O seu material é que vai gerar o seu conhecimento. Material ruim gera conhecimento ruim. Material péssimo gera conhecimento péssimo. Isso é bem, bem óbvio.

 

Lição 10 – Selecione muito bem o seu material

Durante o meu concurso, meu sogro faleceu. Meu sogro morou conosco por muito tempo e só ficou afastado quando fomos morar em Brasília. Ele foi muito presente na primeira infância dos meus filhos. Ele era uma pessoa muito predominante, toda a família era muito apegada a ele. Mesmo quando morávamos longe, todos os programas e viagens em que pensávamos o incluíam. Ele ficou doente por um tempo e não o víamos muito, uma das causas disso era esse concurso. Quando ele morreu, e foi repentinamente, estávamos morando muito longe. Foi uma tristeza muito grande. O velório e o enterro foram tristíssimos. Meu marido ficou devastado, meus filhos arrasados. Ficamos de luto profundo.

Dez dias depois, eu estava estudando. Senti muito por não dar o apoio certo à minha família. Eles também sentiram.

Outras coisas ruins aconteceram, mas nada igual a isso. Tive um desentendimento grave com meu chefe e pedi remoção para Brasília, minha lotação original, mudando-me com toda a minha família. Briguei com meus pais, e a relação ficou comprometida. Continuei estudando nesse caos enorme.

 

Lição 11 – Coisas muito ruins podem acontecer. Seja resiliente.

E a nota atolada? A estratégia de melhorar os pontos fortes funcionou. A quantidade de esforço para se ir do bom para o ótimo é quase igual à de se ir do péssimo para o bom. Travei novamente nos 86%. E fiquei nesse patamar por cinco meses. Só desatolei nos três meses que antecederam a prova objetiva, quando fui para os 90%, no meio do caos enorme. A estratégia? Manjadona: fazer muitas, muitas questões. Revisar por questões.

Mais um Natal, Ano-Novo, Carnaval estudando. Foram três ao todo!

Fiz a prova meio doente, fiquei “naqueles dias” na véspera. Por todo o estresse, a minha menstruação veio muito severa. Contra isso, usei o meu mantra de provas: “eu vim aqui para fazer o meu melhor. Então entrego, confio, aceito e agradeço”.

Não fui tão bem quanto queria ter ido, mas passei. Fiquei na quarta colocação na objetiva. O concurso tinha duas vagas. Esse concurso foi tido como um dos mais difíceis que ocorreram no Brasil, em todos os tempos. Verdade? Não sei. Foi difícil. Muita gente excelente e conhecida reprovou na prova objetiva.

Não estudei para as discursivas até passar na objetiva. E agora? Deu um medo danado! Tô ferrada! As minhas últimas discursivas de TCE não foram muito bem-sucedidas. Usei para mim mesma a desculpa de que era outra época, de que eu não tinha 20% do conteúdo que tenho hoje.

Então, decidi jogar com todas as minhas armas. Contratei os dois caras mais tops do mercado, grandes feras mesmo, para me dar aulas de discursivas. Eles montaram um curso especial para mim e para dois outros concorrentes, inclusive o que ficou em primeiro lugar. Isso fez toda a diferença. Nas questões, fiquei em primeiro lugar. Na peça, não fui tão bem, mas subi para terceira colocação geral. Passei em quarto lugar, após os títulos. Vi meu nome na lista no dia 19/06/2018. Consegui.

Acredito que, quando a gente consegue algo muito extraordinário, deve retribuir ao mundo, fazer por alguém aquilo que o mundo fez por você. É a Terceira Lei de Newton, lei da ação e reação: tudo que vem, volta. E é por isso que estou aqui para compartilhar o que aprendi, as técnicas que usei e para fazer você chegar onde você quer chegar.

Um grande beijo a todos e não se esqueçam da lição de número doze:

 

Lição 12: Perdedores desistem quando falham. Vencedores falham até ter sucesso.

PS.: aproveito para agradecer a minha família: vocês são “os caras”!!!

 

Maria Luiza de Moraes Kunert – Pós-graduada em Direito Tributário e Direito Administrativo. Cursou Mestrado na Unicamp e MBA em Administração na FIA/USP. Engenheira Eletrônica pela UFPE. Exerce o cargo público de Especialista em Regulação na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), no qual foi aprovada em concurso público, na 7ª colocação. Na Anatel, também foi assessora do Conselho Diretor. Exerceu os cargos de Analista de Infraestrutura no Ministério do Planejamento (MPOG) e de Técnica em Regulação na Anatel. Servidora pública desde 2009. Professora de cursos preparatórios para concursos desde 2012, nas disciplinas de Administração Financeira e Orçamentária, Controle Externo, Direito Financeiro, Regulação e Legislação de Agências Reguladoras. Aprovada em oito concursos públicos, dentre eles o de Conselheiro Substituto do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais e Consultor Legislativo do Senado Federal.

 

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