O trabalho diplomático multilateral

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trabalho diplomático multilateral

Sede das Nações Unidas em Nova York

Na próxima terça-feira o Presidente da República Michel Temer abrirá o debate geral da 71ª sessão da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, Estados Unidos. Desde 1947, quando o então Chanceler brasileiro Oswaldo Aranha teve a honra de ser o primeiro a falar nesse importante evento, o Brasil sempre abre o encontro que reúne os 193 Estados-membros da maior organização internacional política do mundo, fundada em 1945.  Isso mostra o respeito a nosso país no cenário internacional e a importância do trabalho do diplomata brasileiro.

Dentro do Itamaraty, o trabalho de acompanhamento dos temas tratados na ONU, assim como em outras organizações internacionais, é conhecido como política multilateral. Em Brasília, essa tarefa cabe aos diplomatas lotados em unidades para tratar de assuntos como energia, meio ambiente, desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas, cooperação científica e tecnológica, combate a ilícitos transnacionais, erradicação da pobreza, desarmamento e tecnologias sensíveis, paz e segurança internacional, direitos humanos e temas sociais, entre tantos outros. Por aí é possível ter uma ideia do quão diversificado pode ser o trabalho diplomático.

Já no exterior, o Brasil tem representação não apenas junto aos países com os quais mantém relações diplomáticas – todos os 193 membros da Organização das Nações Unidas e mais alguns que não são –, mas também em organismos internacionais como a ONU, a Organização Mundial do Comércio (OMC), a União Europeia (UE), a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Mercosul etc. Em todos esses casos, há escritórios brasileiros chefiados normalmente por um Embaixador (profissional no topo da carreira) e diversos diplomatas menos graduados e pessoal administrativo (Oficiais de Chancelaria, Assistentes de Chancelaria e contratados locais).

O trabalho do diplomata brasileiro lotado em uma dessas representações consiste em acompanhar os debates lá realizados durante todo o ano, não apenas em períodos de reuniões especiais, como é o caso da sessão ordinária anual da Assembleia-Geral da ONU, sempre iniciada em setembro. Assim, por exemplo, como encerramento do debate geral, a Assembleia inicia a consideração das questões em sua agenda. Por causa do grande número de temas que é chamada a considerar – mais de 150 itens na pauta de cada sessão –, a Assembleia aloca para suas seis comissões principais os tópicos relevantes para seu trabalho. As Comissões discutem os assuntos, buscando sempre que possível a harmonização das várias abordagens dos Estados, e apresentam as suas recomendações, geralmente sob a forma de projetos de resolução e de decisão, para o Plenário da Assembleia, com o intuito de apreciação e ação.

Para se ter uma ideia dos temas discutidos, as seis Comissões Principais são: Comissão de Desarmamento e Segurança Internacional (Primeira Comissão), que trata sobre desarmamento e questões de segurança internacional relacionadas; Comissão Econômica e Financeira (Segunda Comissão), que trata sobre questões econômicas; Comissão Humanitária, Social e Cultural (Terceira Comissão), que trata de questões humanitárias e sociais; Comissão Política Especial de Descolonização (Quarta Comissão), que lida com uma variedade de assuntos políticos não abrangidos por qualquer outra Comissão, ou pelo Plenário, inclusive a descolonização, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) e os direitos humanos do povo palestino; a Comissão Administrativa e de Orçamento (Quinta Comissão), encarregada da administração e orçamento da ONU; e a Comissão Jurídica (Sexta Comissão), que lida com questões legais internacionais. Em certo número de itens da agenda, no entanto, como a questão da Palestina e a situação no Oriente Médio, a Assembleia age diretamente nas suas reuniões plenárias.

Quando você, candidata(o) do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) vê um representante do Brasil na televisão ou em um jornal sentado atrás de uma plaqueta com o nome de nosso país defendendo nossos interesses em uma reunião para tratar de um dos temas descritos acima, saiba que para seguir esse mesmo caminho, caso decida depois de aprovada(o) trabalhar com temas políticos multilaterais, é preciso conhecer profundamente esses assuntos. Trata-se, portanto, de uma atividade bastante técnica e muito desejada dentro do Itamaraty.

Como costumo dizer, a aprovação no CACD permite ingressar em uma carreira onde é possível ter dezenas de empregos diferentes, lidando com novas pessoas, em qualquer lugar do mundo e trabalhando com os mais variados temas durante décadas. A área da política externa multilateral é apenas uma delas. Em breve, você conhecerá muitas outras.

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