Olá pessoal! Sou a professora Débora Juliani, farmacêutica, especialista em Análises Clínicas e faço parte do time de professores do Gran Concursos.
O tema deste artigo tem tudo a ver com o artigo anterior, em que falamos sobre o teste de Sexagem Fetal. Já leu? Se ainda não conferiu, sugiro que dê uma pausa aqui e procure por ele em nosso blog. O conteúdo está muito legal!
Bom, então a mulher descobriu a gestação, fez o exame de sexagem fetal e agora basta esperar mais alguns meses até o nascimento do bebê, certo?
Até parece simples, mas não é! Durante a gestação, o corpo da mulher passará por diversas alterações fisiológicas e hormonais, e ela vai observar, por exemplo, diversas alterações nos resultados de seus exames laboratoriais.
Vamos então conhecer, juntos, algumas das principais alterações que podem ser observadas nos exames laboratoriais de gestantes?
– Hemograma: na gestação, há uma elevação do volume sanguíneo total em cerca de 40 a 50%, como decorrência do aumento tanto do volume plasmático, em maior proporção, quanto da massa total de eritrócitos e leucócitos, em menor proporção, na circulação. Assim, como o aumento na massa total de eritrócitos ocorre em menor proporção se comparado ao volume de plasma, o resultado observado é uma hemodiluição, ou seja, as células sanguíneas ficam diluídas em um maior volume de plasma, aparentando uma pseudo–anemia gestacional. Esta hemodiluição é uma adaptação importantíssima do organismo às necessidades do transporte de oxigênio para o feto, uma vez que reduz a viscosidade sanguínea e consequentemente a resistência vascular periférica, facilitando a chegada de sangue na placenta. Ainda sobre o aumento na massa total de eritrócitos, cabe destacar que a quantidade de hemácias produzidas é controlada, principalmente, pela necessidade do transporte de oxigênio. Como a gestação é uma situação que demanda um maior consumo de oxigênio, ocorre um aumento na atividade da eritropoetina, hormônio que estimula a eritropoiese. Há, deste modo, uma moderada hiperplasia eritróide na medula óssea com discreta elevação na contagem dos reticulócitos. Além disso, é comum haver também uma elevação no número de leucócitos, porém com baixa probabilidade de desvio à esquerda, configurando uma leucocitose normal da gestação.
– Metabolismo do ferro: na gestação há um aumento da necessidade de ferro para o desenvolvimento do feto, placenta e cordão umbilical. Para suprir esta necessidade, o organismo utiliza diversos mecanismos, priorizando o novo ser em desenvolvimento, pois, por exemplo, para a produção da hemoglobina fetal, a utilização do ferro materno obtido através da placenta independe do estoque de ferro da mãe. Ou seja, para o bebê não irá faltar, mas para a mãe, se os estoques estiverem insuficientes, sim… Assim, caso não haja uma ingestão adequada de alimentos ricos em ferro e/ou a suplementação do íon, poderá haver uma queda progressiva dos valores médios da hemoglobina, VCM e ferritina, durante as semanas de gestação. Nesse caso, diferentemente da pseudo–anemia gestacional relatada anteriormente, teremos uma anemia ferropriva real que merece atenção, e que faz com que clínicos e pesquisadores recomendem o uso de ferro indiscriminadamente, em todas as gestantes.
– Glicemia: durante a gestação, é comum observar um aumento nos níveis de glicose no sangue, causado pelo fenômeno da resistência à insulina, que é uma condição, provavelmente causada, no caso da gestação, pelo aumento nos níveis de hormônios como progesterona e cortisol, na qual as células do corpo se tornam menos sensíveis aos efeitos da insulina. Assim, a gestante está mais propensa à instalação da diabetes gestacional, que pode trazer complicações para o feto e para o parto. Por isso, é comum (e essencial) realizar o teste de tolerância à glicose para avaliar o metabolismo da glicose na gestante.
– Função renal: durante a gestação, é comum observar um aumento no fluxo sanguíneo para os rins, o que pode levar a uma diminuição na concentração de creatinina no sangue, já que mais sangue é filtrado e, portanto, depurado de creatinina.
– Função hepática: durante a gestação, é comum observar pequenas elevações nos níveis de enzimas hepáticas, como AST, ALT e fosfatase alcalina. Essas alterações são consideradas normais e podem ser resultado das mudanças hormonais e metabólicas que ocorrem durante a gestação, e da adaptação do organismo da mulher à gravidez com maior exigência do fígado no metabolismo de diversos nutrientes e hormônios.
– Hormônios da tireoide: durante a gestação, é comum observar um aumento nos níveis de hormônios da tireoide, como TSH e T4 livre. Essas alterações são consideradas normais e podem ser resultado da estimulação da tireoide pela gonadotrofina coriônica humana (hCG), um hormônio produzido pela placenta. Tal aumento nos níveis de hormônios da tireoide é importante para garantir um bom desenvolvimento fetal, já que esses hormônios são essenciais para o crescimento e desenvolvimento do feto, especialmente do sistema nervoso central.
Essas são apenas algumas das principais alterações que podem ser observadas nos exames laboratoriais de gestantes. É importante lembrar que cada gestação é única e que as alterações nos resultados dos exames laboratoriais podem variar de uma gestante para outra, ok?
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Um forte abraço, bons estudos e até o próximo artigo!
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