Camarão que dorme a onda leva

O ditado "Camarão que dorme a onda leva" revela a importância da atenção e ação constante, assim como exemplificado por Ayrton Senna.

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A sabedoria popular é mesmo atemporal. Prova disso é o ditado “Camarão que dorme a onda leva”, citado na série Senna, da Netflix, que conta a trajetória do ídolo da Fórmula 1 que viveu como se o mundo fosse uma pista de corrida e cada curva uma oportunidade de vitória. Conheci essa expressão no primeiro episódio da série. Simples porém profunda, ela traduz a dinâmica essencial da vida: o movimento.

A vida não espera por quem hesita. Tal como o mar, ela se move incessantemente, lançando desafios e oportunidades em ondas sucessivas. Quem se entrega à apatia ou ao comodismo será inevitavelmente tragado pelo mar da realidade. Nas entrelinhas desse aforismo, há um aviso digno de nota: não basta estar presente, é preciso estar desperto. O camarão distraído simboliza mais do que a preguiça, simboliza a desconexão com a realidade.

Ayrton Senna personificava essa filosofia do estado de alerta permanente. Ele sabia que as oportunidades vêm e vão, e que apenas os mais atentos têm a chance de agarrá-las. Então, para ele, correr não era sobre velocidade; era sobre atenção total. “No que diz respeito ao compromisso, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz bem-feito, ou não faz”, dizia. Era essa vigilância – esse estado de alerta ininterrupto – o diferencial que lhe permitia adaptar-se às condições mais adversas e triunfar onde outros tantos falhavam.

Na jornada dos concursos, a mesma lógica se aplica. A frase atribuída a Ayrton é mais que um alerta contra a inércia, é um chamado à adaptação constante e à ação consciente. Para você, concurseiro, isso significa que a cada dia, a cada videoaula assistida, a cada PDF estudado – ou não –, você está decidindo se vai surfar na onda ou ser arrastado por ela. Ignorar mudanças no edital, subestimar a importância de um bom plano de estudo ou, pior, presumir que o tempo está ao seu lado são armadilhas fatais. Um mísero segundo de desatenção é o que basta para você ficar atrás dos concorrentes.

Atenção plena, contudo, é apenas o começo. Como Senna demonstrava nas manhãs de domingo, perceber a onda chegando é só o primeiro passo, inútil se você não der o segundo: a ação. Um pit stop tático pode até ser necessário para reavaliar o cenário e recuperar a energia, mas o mundo não desacelera. A vida continua fluindo, e quem demora a retomar o movimento perde a chance de liderar.

Ter responsabilidade é outra lição central dessa metáfora. O camarão que se deixar arrastar pela correnteza renuncia ao controle do próprio destino. Sêneca, o filósofo estoico, já advertia: “Raros são aqueles que decidem após madura reflexão; os outros andam ao sabor das ondas e, longe de se conduzirem, deixam-se levar”. Escolher a inércia equivale a abdicar da liberdade e entregar-se ao acaso – uma traição ao próprio potencial.

A trajetória de Senna ilustra perfeitamente o oposto da inação. Ele nunca permitiu que as ondas simplesmente viessem e o levassem. Ao contrário, percebendo que elas seriam inevitáveis, tratou de usá-las a seu favor. Sua maestria nas pistas molhadas foi fruto disso. Poucos sabem, mas a primeira corrida de kart de Ayrton foi debaixo de chuva, e o jovem piloto perdeu a prova ao não conseguir controlar o carro. Certo de que adversidades não passam de desafios a serem superados, agiu para superar mais esse. Treinou incansavelmente até se tornar o “Rei da Chuva” que conhecemos.

Enquanto concurseiro, amigo seguidor, você pode se inspirar em Senna. Em vez de resistir às dificuldades, deveria estudar meios de tirar proveito delas e partir para a ação. Ayrton era particularmente bom em fazer isso. Quem viveu o viu aproveitar qualquer brecha – gap, como se fala no automobilismo – como oportunidade de ultrapassagem, mesmo quando o feito parecia improvável. A iniciativa surpreendia a todos que assistiam à McLaren dar seu show. 

Tal qual o camarão desperto, Ayrton Senna aprendeu cedo que a onda não decide nada; ele, sim. Então, reflita: você vai se deixar adormecer pelas desculpas, pelo cansaço ou pela rotina? Ou prefere, como Senna, surfar na crista da onda?

Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.

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