A língua e a credibilidade. Por: Elias Santana.

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23 de agosto2 min. de leitura

Imagine a seguinte situação: você é convocado para ir a uma entrevista de emprego. Dessa vez, não em uma empresa qualquer, mas naquela que sempre fez parte dos seus sonhos. Você, então, mentaliza como deseja estar trajado nessa ocasião. Pergunto: você se vê de bermuda, chinelo e camiseta regata?

A sua resposta, provavelmente, foi não. Não que haja algo de errado com esse vestuário, mas você há de concordar comigo que ele não é adequado a essa situação. Você sabe que não é necessário ostentar roupas caras e luxuosas; provavelmente haja, em seu guarda-roupas, algo que seja mais condizente com a situação. Sabemos que roupas não determinam comportamentos, mas estar apresentável pode colaborar para, à primeira vista, transparecer credibilidade.

O mesmo raciocínio desenvolvido na situação hipotética acima deve ser aplicado às nossas relações comunicativas. Sempre defendi, como mestre em linguística, que não há o certo e o errado, quando a comunicação é efetivamente estabelecida; todavia, é preciso ter atenção e zelo em relação ao que é adequado ou não à determinada interação. Enquanto professor da língua portuguesa em sua modalidade escrita culta, por exemplo, preciso transmitir que estar adequado é uma das formas de conferir credibilidade ao que é redigido.

Para ser adequado, é necessário avaliar duas variáveis: o contexto e a finalidade.

Nesta semana, a Gazeta Online divulgou a seguinte notícia: Erro de português leva a PRF a achar carga de maconha para Vila Velha. Ao abordar o motorista do caminhão e solicitar a nota, os policiais averiguaram que a carga seria de “dorço” de frango, quando na verdade a parte da ave se escreve com “s”, e não com “ç”.

Note que, claramente, houve uma inadequação que colocou em descrédito o motorista: para o contexto (uma abordagem policial) e para a finalidade (ludibriar os agentes da PRF), o emprego de “dorço” foi decisivo, pois a nota, por ser um documento, deveria estar registrada corretamente. Agora, vamos imaginar que, aproveitando-se dessa situação, uma empresa famosa resolva criar esta campanha publicitária:

Entre “dorço” e “dorso” de frango, escolha o certo. Com “S”, de Santana!

Desta vez, podemos considerar que houve adequação: o contexto (ambiente publicitário) e a finalidade (chamar a atenção de clientes) faz com que essa intertextualidade seja bem vista!

Diante disso, peço a você, prezado leitor(a), que avalie seus contextos e finalidades para saber qual língua adequada usar. Peço também que, principalmente, faça a mesma avaliação antes de julgar os que se comunicam ao seu redor. Uma correção pode ser construtiva ou destrutiva. Cabe a você ter esse discernimento.

 


Elias Santana

Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

 


 

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