Chover é um fenômeno da natureza? Por: Elias Santana

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08 de novembro2 min. de leitura

Eu sei que o título do artigo desta semana é polêmico; no entanto, se você chegou até aqui, ele cumpriu a sua missão! Obviamente, não tenho a pretensão de questionar o que a sábia natureza faz todos os dias, mas espero esclarecer alguns questionamentos relacionados a este verbo.

Do ponto de vista linguístico, a resposta à minha pergunta é depende. Vamos entender por quê.

Em uma construção como “chove bastante em Brasília nesta semana”, temos – além de uma verdade – o verbo “chover” em seu sentido denotativo, ou seja, “cair água em gotas da atmosfera”, conforme registra o renomado dicionário Aurélio. No caso apresentado, esse verbo é classificado pela gramática como impessoal, que é o mesmo que não admitir sujeito (a famosa oração sem sujeito); portanto, “chover”, nessa oração, só pode ficar no singular.

Já em orações como “chovem reclamações aos políticos”, “choveu bala durante o confronto” ou “choverão pétalas após a homenagem”, o emprego figurado do verbo (com o sentido de cair ou sobrevir em abundância) faz com que a análise seja diferente: “chover”, nessas ocorrências, passa a ser verbo pessoal, que significa admitir sujeito e, por isso, estabelecerá concordância. Nos três exemplos, os núcleos dos sujeitos são, respectivamente, “reclamações”, “bala” e “pétalas”.

Agora, faço uma pergunta: na construção “choveu granizo em Brasília”, o verbo é impessoal ou pessoal?

Pela lógica da vida, é fácil entender última ocorrência do verbo “chover” como impessoal, uma vez que é patente a percepção de um fenômeno natural; todavia, do ponto de vista linguístico, a situação não é essa. Entende-se que esse emprego também é figurado, com o sentido de “’cair da atmosfera”! Assim, o verbo “choveu” é pessoal!  Agora, você deve estar com uma dúvida na sua cabeça: e quem é o sujeito, Elias? “Granizo”, eu te respondo!

Em síntese, qualquer verbo que indique um fenômeno da natureza só é tido como impessoal quando ele, sozinho, descreve todo o evento. No último exemplo apresentado, o que acontece é diferente, uma vez que “granizo” contribui com o sentido do verbo.

Viu como é simples? É como eu sempre digo: o português é lógico; o resultado é que não é exato!

 


Elias Santana

Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

 


 

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