Coluna Futuro Fiscal: Análise das Demonstrações Contábeis – Vertical e Horizontal

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Prezados,

Tudo bem? Espero que todos estejam conseguindo aprender a nossa bela contabilidade.

Neste material vou falar um pouco sobre a análise das demonstrações contábeis, especialmente sobre a análise vertical e a horizontal. É um assunto cobrado nas provas de contador e auditor.

Inicialmente devemos sempre lembrar que a Contabilidade busca, por meio da obtenção, da análise e do relato das mutações sofridas pelo patrimônio da Entidade, a geração de informações quantitativas e qualitativas sobre a sua estrutura e seus resultados.

Essas informações devem propiciar aos seus usuários base segura para suas decisões, pela compreensão do estado em que se encontra a Entidade, por seu desempenho, sua evolução, riscos e oportunidades que oferece.

Normalmente, a análise trabalha com informações que superam o conjunto das demonstrações contábeis. São vários os relatórios que podem servir de base, por exemplo:

  • situação financeira e relação de débitos e créditos
  • desempenho econômico e financeiro
  • potencial econômico da empresa
  • efetividade administrativa e operacional
  • relação entre obtenção e aplicação de recursos
  • programa de gerenciamento de risco.

 

Os usuários das informações podem ser internos ou externos e com interesses diversificados, razão pela qual as informações geradas devem ser amplas, fidedignas e suficientes para a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações sofridas pelo seu patrimônio, permitindo a realização de inferências sobre o seu futuro.

O conhecimento sobre as informações relevantes e fidedignas ajuda o usuário a avaliar o impacto de eventos passados, corrigindo as suas avaliações anteriores (valor confirmatório) ou a predizer resultados futuros (valor preditivo).

A análise gerencial visa extrair informações das Demonstrações Financeiras e assim mostrar a real situação sobre os dados apresentados pela empresa para que a administração e os demais usuários possam tomar as decisões operacionais necessárias.

A análise está voltada para um exame dos dados apresentados nas demonstrações contábeis, bem como os fatores internos e externos que afetam financeiramente e economicamente a instituição, respeitando a sequência lógica do processo contábil.

 

ATENÇÃO

Dado é diferente de informação. Dados são números que isoladamente não provocam nenhuma reação ao leitor. Informação é a comunicação que pode produzir reação ou decisão.

Assim, as “DCs” contêm uma série de dados que, quando analisados, tornam-se informações. É por isso que, na análise das demonstrações, o objetivo é levantar informações úteis com base nos dados apresentados.

As demonstrações contábeis são uma representação qualitativa e quantitativa estruturada da posição econômica, patrimonial e financeira em determinada data e das transações realizadas por uma entidade no período abrangido e são parte integrante das informações financeiras divulgadas por uma entidade.

É importante lembrar que o objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na posição financeira da entidade, que sejam úteis a um grande número de usuários externos em suas avaliações e tomadas de decisão econômica.

O conjunto completo de demonstrações contábeis inclui, normalmente, o BP, a DRE, a DRA, a DFC, a DMPL, a DVA e as notas explicativas, além de outros materiais explicativos necessários ou complementares.

Para atingir seu objetivo, as demonstrações fornecem informações sobre os seguintes aspectos de uma entidade:

<=> Ativos, Passivos e Patrimônio líquido – BP <=>

<=> Receitas, despesas, ganhos e perdas – DRE <=>

<=> Fluxo financeiro (fluxos de caixa) – DFC <=>

<=> Riqueza gerada – DVA <=>

<=>Resultados acumulados – DLPA ou DMPL <=>

 

Essas informações, juntamente com outras constantes das notas explicativas às demonstrações contábeis, auxiliam os usuários a avaliar a situação atual e estimar os resultados e os fluxos financeiros futuros da entidade.

A principal finalidade da análise é dar informações para as pessoas interessadas, referentes a:

  • demonstrar a atratividade de investimentos em ações;
  • facilitar a concessão de créditos;
  • demonstrar a capacidade de pagar suas dívidas; solvência da empresa;
  • apresentar a rentabilidade da empresa;
  • destacar a política financeira da empresa.

Para se efetivar a análise, são necessários alguns procedimentos, os quais servirão de ajuste no material que servirá de base para o trabalho. Assim, é normal que sejam respeitadas algumas fases no processo, especialmente as seguintes:

-> Coleta

-> Preparação

-> Processamento

-> Análise

-> Conclusão

 

COLETA DAS INFORMAÇÕES: obtenção das informações nas Demonstrações, além de outros dados sobre mercado de atuação da empresa, seus produtos, seu nível tecnológico, seus administradores e seus proprietários, bem como sobre o grupo a que a empresa pertence, entre outras.

PREPARAÇÃO DO MATERIAL: fase de padronização e reclassificação das demonstrações financeiras para adequá-las aos padrões necessários para a análise.

PROCESSAMENTO DOS DADOS APRESENTADOS: processamento das informações e emissão de relatório no formato estabelecido pelo analista. Normalmente, este processo é feito através de processamento eletrônico de dados.

ANÁLISE: fase de análise dos dados disponíveis, compreendendo a consistência das informações, a observação das tendências apresentadas pelos indicadores obtidos por meio das fórmulas de análise.

CONCLUSÃO: consiste em identificar, ordenar, destacar e escrever sobre os principais pontos observados. Nessa fase o analista expressa sua opinião em linguagem simples, clara e consistente, de modo que qualquer usuário da análise possa tomar decisão sobre ela.

Na prática a análise das demonstrações contábeis normalmente é dividida em duas categorias distintas:

A) Análise Financeira, que possibilita a interpretação da saúde financeira da empresa, seu grau de liquidez e capacidade de solvência. Está relacionada com contas patrimoniais.

B) Análise Econômica, que possibilita a interpretação das variações do patrimônio e da riqueza gerada por sua movimentação. Está relacionada com contas de resultado e utiliza indicadores de lucratividade e de retorno dos investimentos.

 

A análise da situação econômica e financeira possibilitará aos administradores, empresários, investidores e credores a avaliação do acerto da gestão econômico-financeira, a necessidade de correção nessa gestão, o retorno e segurança dos investimentos, a garantia dos capitais emprestados e o retorno nos prazos estabelecidos.

Existem 03 (três) métodos usuais para se efetuar a análise das demonstrações contábeis:

  • Análise de estrutura ou vertical;
  • Análise de evolução ou horizontal;
  • Análise por quocientes (liquidez, estrutura, prazo médio e rentabilidade).

Análise de estrutura ou vertical

Esta análise consiste em estabelecer uma conta ou um grupo de contas como base e, a partir daí, verificar quanto cada um dos demais itens representa em relação àquele escolhido como base.

Mede a porcentagem de cada componente em relação ao total da sua demonstração e, assim, auxilia na comparação dos valores dentro de um exercício social.

 

ATENÇÃO

A análise vertical mostra a importância de cada conta na demonstração através de um cálculo do percentual que cada elemento ocupa em relação ao conjunto.

Análise horizontal ou de evolução

A análise horizontal objetiva apresentar como está sendo a evolução de cada item ou conjunto de itens constantes das demonstrações no decorrer do tempo.

Este tipo de análise possibilita o acompanhamento do desempenho de uma das contas que compõem a demonstração, apresentando se houve aumento ou diminuição do seu valor. Serve para analisar índices futuros, seguindo uma evolução normal das contas e, por consequência, é fundamental para o estudo de tendências.

Para fazer a análise horizontal, deve-se indicar um número índice, que consiste em escolher um exercício como base, atribuindo aos seus valores o percentual de 100%. A partir desse exercício, calculam-se os demais valores dos outros exercícios por meio de regra de três.

A análise horizontal busca apresentar como está ocorrendo a evolução de cada conta ou grupo de contas constantes das demonstrações no decorrer dos tempos. É chamada de horizontal porque avalia o crescimento ou decrescimento de contas e, assim, não compara um item com outro no mesmo período, mas sim o mesmo item em exercícios sociais diferentes.

ATENÇÃO

Na análise horizontal, para apresentar a variação REAL, é necessário excluir o efeito da inflação nos valores que serão analisados. Se não for retirado o impacto da inflação, a análise é denominada de NOMINAL.

Por exemplo:

A conta despesa com salários apresentou em 2017 o montante de $ 100.000 e em 2018 o total de $ 250.000. A inflação do período foi de 10%.

De forma simples, bastaria fazer uma regra de três e apurar nominalmente a variação da seguinte forma:

100.000 – 100%

250.000 – x%

X = 250%

Nominalmente houve uma variação de 150%.

Entretanto, devido à inflação de 10%, este crescimento não é o real. Assim, devemos ajustar o valor de 2018 retirando dele o impacto da inflação.

Valor real = 250.000/1(1 + i)

Valor real = 250.000/1,1

Valor real = 227,27

Desta forma o crescimento real foi de 127,27%. 

Guardem: para apurar a evolução REAL, devemos descontar o impacto da inflação; para apurar a evolução NOMINAL, não há a necessidade de descontar a inflação.

 

ATENÇÃO

A análise horizontal compara em forma de percentual, a partir de um índice padrão, a evolução de determinada conta ou grupo de contas na sua demonstração em mais de um período.

Abaixo, comento algumas questões de prova sobre o assunto:

Tendo em vista que, na avaliação de uma empresa, além dos dados econômicos e financeiros que integram as demonstrações contábeis, outras informações de mercado e informações não financeiras devem ser levadas em conta, julgue o item seguinte. 

  1. (CESPE/TCE-PA/AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO/2016) A análise vertical efetua comparativos entre os períodos de tempo, ao passo que a análise horizontal se preocupa com o comparativo de itens no mesmo período de análise.

 COMENTÁRIO

A assertiva inverteu os conceitos. Análise vertical é a comparação entre itens do mesmo período de análise (participação da conta no seu grupo), enquanto a análise horizontal é a comparação entre períodos diferentes (apresenta a evolução do saldo).

A assertiva está errada.

 

A respeito da análise econômico-financeira de empresas, julgue o próximo item. 

  1. (CESPE/MPOG/CONTADOR/2015) Os relatórios contábeis obrigatórios — por exemplo, o balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício e as notas explicativas — são essenciais para que se realizem análises horizontal, vertical e por indicadores.

 

COMENTÁRIO:

A análise é feita com base nos dados obtidos nas demonstrações contábeis.

É importante lembrar que o objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na posição financeira da entidade, que sejam úteis a um grande número de usuários externos em suas avaliações e tomadas de decisão econômica.

O conjunto completo de demonstrações contábeis inclui, normalmente, o BP, a DRE, a DRA, a DFC, a DMPL, a DVA e as notas explicativas, além de outros materiais explicativos necessários ou complementares.

A assertiva está certa.

 

  1. (CESGRANRIO/CEFET-RJ/TÉCNICO CONTÁBIL/2014) A análise das demonstrações contábeis é a técnica contábil utilizada para decompor os elementos patrimoniais e fazer comparações e interpretações visando ao estabelecimento de relações entre esses mesmos elementos.

Nesse contexto, para as tomadas de decisão, o objetivo da análise de balanço é

a) analisar o saldo das contas

b) avaliar os resultados apurados

c) extrair informações úteis

d) testar a validade dos índices

e) verificar saldos e transações

 

COMENTÁRIO:

A análise gerencial visa mostrar, com base nas informações contábeis, a posição econômico-financeira atual da empresa, a fim de que a administração e os demais usuários possam tomar as decisões operacionais necessárias.

A análise está voltada para um exame dos dados apresentados nas demonstrações contábeis, bem como os fatores internos e externos que afetam financeiramente e economicamente a instituição, respeitando a sequência lógica do processo contábil.

Os dados serão analisados de forma que sejam extraídas informações sobre a empresa analisada.

Gabarito: letra “C”.

 

 

  1. (IF-CE/IF-CE/Gestão financeira/2016) Quando se busca encontrar a relação percentual de um elemento com o todo de que faz parte, utiliza-se o método de análise de balanço, denominado

a) análise da taxa de retorno sobre investimento.

b) análise por meio de quocientes.

c) análise horizontal.

d) índices-padrão.

e) análise vertical.

 

COMENTÁRIO:

Mede a porcentagem de cada componente em relação ao total da sua demonstração. Auxilia, assim, na comparação dos valores dentro do exercício social.

Tem por finalidade evidenciar a participação de cada elemento do conjunto em relação ao total, em um mesmo período.

Gabarito: letra “E”.

 

 

  1. (AOCP/TRE-AC/CONTADOR/2015) A companhia Magnus apresentou a seguinte evolução na Receita de Vendas para os exercícios sociais de 20×0 a 20×3:

           Receita de vendas          20×0                   20×1                    20×2                   20×3

 

           RS                                   75.000,00          105.000,00       60.000,00       135.000,00  

Inflação dos exercícios sociais de 20×1 a 20×3 foram, respectivamente, 8%, 12% e 9%.

 Ao efetuar a análise horizontal e tomando por base o exercício social de 20×0, é correto afirmar que:

a) 20×1: apresentou crescimento nominal de 30%.

b) 20×2: apresentou decrescimento real de 34%.

c) 20×3: apresentou crescimento real de 80%.

d) 20×1: apresentou crescimento real de 40%.

e) 20×2: apresentou decrescimento nominal de 80%.

 

COMENTÁRIO:

Para calcular o crescimento nominal, não é necessário excluir a inflação dos valores apresentados. Contudo, para calcular o crescimento real, devemos trazer o valor apresentado descontado da taxa de inflação.

Para calcular o crescimento nominal, não é necessário excluir a inflação dos valores apresentados. Contudo, para calcular o crescimento real, devemos trazer o valor apresentado descontado da taxa de inflação.

  • Crescimento nominal (com base no ano de 20×0)

20×0 = 75.000

20×1 = 105.000 – crescimento de 40%

20×2 = 60.000 – decréscimo de 20%

20×3 = 135.000 – crescimento de 80%

 

  • Crescimento real

Para calcular o valor real, basta dividir o valor nominal por (1+i) de toda inflação do período, sendo i a inflação anual.

20×0 – ano índice

20×1 – 105.000/(1.08) = 97.222

20×2 – 60.000/ (1.08)x(1.12) = 49.603

20×3 – 135.000/(1.08)x(1.12)x(1.09) = 102.392

 

20×0 = 75.000 = 100%

20×1 = 97.222 = 129,62% – crescimento real de 29,62%

20×2 = 49.603 = 66,13% – decréscimo real de 34%

20×3  = 102.392 = 136,52% – crescimento real de 36,52%

Gabarito: letra “B”.

 

Por hoje é só.

Espero que tenham gostado do material.

Um abraço e sucesso!


Cláudio Zorzo – Bacharel em Ciências Contábeis, pós-graduado em Análise Gerencial; Docência para Nível Superior; Auditoria e Perícia Contábil. É ex servidor público do Executivo Federal – Ministério do Exército e ex servidor público do Legislativo Federal. Assessor Parlamentar. Atualmente é professor de Contabilidade e Auditoria Pública e Privada.

 

 


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