Demonstração do Resultado do Exercício: Estrutura, Objetivo e Importância Contábil

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A Demonstração do Resultado do Exercício – DRE é uma das peças mais relevantes das demonstrações contábeis, sendo obrigatória para todas as sociedades com escrituração regular, conforme previsto na Lei nº 6.404/76 (Lei das S.A.) e nos pronunciamentos contábeis emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC. Seu objetivo principal é evidenciar o desempenho econômico da entidade ao longo de um período, normalmente um exercício social de 12 meses.

A DRE resume, de forma ordenada, as receitas, custos e despesas incorridas durante o exercício, demonstrando o lucro ou prejuízo líquido apurado no período. Por exemplo, uma empresa que vende produtos eletrônicos pode usar a DRE para mostrar como transformou R$ 1.000.000,00 em vendas brutas em um lucro líquido de R$ 150.000,00 após todos os custos e despesas.

A estrutura da DRE começa pela Receita Bruta de Vendas e Serviços, suponha que uma empresa tenha vendido R$ 500.000,00 em produtos durante o ano. Desse valor, ela deve deduzir os impostos sobre vendas (como ICMS), devoluções e descontos comerciais. Se esses abatimentos somarem R$ 50.000,00, a receita líquida será de R$ 450.000,00.

A próxima etapa é calcular o Custo das Mercadorias Vendidas – CMV ou o Custo dos Produtos Vendidos – CPV. Imagine que a empresa gastou R$ 250.000,00 na compra ou produção dos produtos que vendeu. A diferença entre a receita líquida (R$ 450.000,00) e o custo (R$ 250.000,00) resulta em um lucro bruto de R$ 200.000,00.

Em seguida, são lançadas as despesas operacionais, como despesas com vendas, despesas administrativas e outras. Suponha que a empresa tenha gasto R$ 30.000,00 com publicidade, R$ 40.000,00 com salários administrativos e R$ 10.000,00 com despesas diversas. Total: R$ 80.000,00. O resultado operacional agora é de R$ 120.000,00.

Na sequência, a DRE apresenta o resultado financeiro, que inclui as receitas financeiras (como rendimentos de aplicações) e despesas financeiras (como juros sobre empréstimos). Se a empresa teve R$ 5.000,00 de receitas financeiras e R$ 20.000,00 de despesas financeiras, o resultado financeiro líquido é negativo em R$ 15.000,00, reduzindo o resultado para R$ 105.000,00.

A próxima linha da DRE é o lucro antes dos tributos sobre o lucro (LAIR). No exemplo acima, é R$ 105.000,00. Em seguida, são apropriados os tributos sobre o lucro, como IRPJ e CSLL. Suponha que a empresa deva pagar R$ 25.000,00 em tributos. O lucro líquido do exercício, portanto, será de R$ 80.000,00.

Esse valor de R$ 80.000,00 representa o resultado final do exercício, e será transferido para o patrimônio líquido no balanço patrimonial. Pode ser destinado a distribuição de lucros aos sócios, reserva legal ou retenção para reinvestimento.

Empresas de capital aberto, conforme o CPC 41, também devem apresentar o lucro por ação. Se uma empresa tiver 40.000 ações em circulação e um lucro líquido de R$ 80.000,00, o lucro por ação será de R$ 2,00 por ação.

Para análise gerencial, a DRE permite calcular indicadores financeiros como margem bruta (Lucro Bruto / Receita Líquida), margem operacional (Resultado Operacional / Receita Líquida) e margem líquida (Lucro Líquido / Receita Líquida). No nosso exemplo, a margem líquida é de 17,7% (80.000 / 450.000).

Além disso, a DRE é uma importante fonte de dados para gestores e investidores, pois permite analisar tendências de lucratividade, eficiência operacional e controle de custos ao longo do tempo. Uma queda de lucro de um ano para o outro, por exemplo, pode sinalizar problemas no controle de despesas ou perda de mercado.

Do ponto de vista legal e fiscal, a DRE compõe o livro diário da contabilidade e serve como base para o cálculo do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, especialmente para empresas do regime do lucro real. Eventuais omissões ou erros na DRE podem levar à malha fiscal e à aplicação de penalidades.

A DRE deve seguir o regime de competência, ou seja, as receitas e despesas são registradas no momento em que ocorrem economicamente, e não quando são recebidas ou pagas. Por exemplo, uma venda a prazo feita em dezembro deve ser reconhecida no resultado do exercício, mesmo que o cliente pague apenas em janeiro.

É importante destacar que a DRE deve ser analisada em conjunto com o balanço patrimonial e o fluxo de caixa, pois apenas assim é possível obter uma visão ampla e integrada da situação financeira da empresa. Uma empresa pode ter lucro na DRE, mas estar com dificuldades de caixa.

Convido você a seguir comigo nessa viagem pelo mundo da contabilidade, explorando sua história, conceitos, aplicações e inovações, além de praticarmos questões já cobradas pelas principais bancas de concursos.

Espero que a leitura deste e dos próximos artigos seja útil para sua jornada. Um abraço e até nosso próximo encontro!


Nayara Mota – Professora de contabilidade. Graduada em Ciências Contábeis em 2015 pela UNOESC, com especialização em Administração Pública pela UFRGS e em Contabilidade e orçamento público pela Universidade Metropolitana.


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