Dia Mundial de Conscientização sobre a Anemia Falciforme: Qual é o seu papel enquanto farmacêutico?

Descubra a importância do papel do farmacêutico na conscientização e tratamento da Anemia Falciforme.

Por
3 min. de leitura

Olá pessoal! Tudo bem? Sou a professora Débora Juliani, farmacêutica, e faço parte do time de professores do Gran Concursos.

Anualmente, o dia 19 de junho é dedicado mundialmente à conscientização sobre a Anemia Falciforme, uma doença que que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e considerada a doença hereditária mais frequente no Brasil. 

A data é uma oportunidade para promover a educação sobre a condição, destacar a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado, além de apoiar os esforços de pesquisa e sensibilização, visando melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir o impacto da doença nas comunidades afetadas.

Aproveitando a oportunidade, resolvi abordar no artigo de hoje alguns aspectos muito importantes sobre a doença, bem como o papel importantíssimo dos farmacêuticos na triagem e na realização dos exames de diagnóstico e acompanhamento, bem como no tratamento da doença.

Então vamos começar recordando que, como já foi dito, a Anemia Falciforme é uma doença genética, portanto hereditária. O gene responsável pela doença é o HBB e uma simples mutação pontual neste gene, que codifica a formação das cadeias beta da hemoglobina, resulta na substituição do aminoácido glutamato por valina na posição 6 da cadeia de beta-globina. Como resultado, ocorre a formação de uma molécula de hemoglobina instável, a hemoglobina S (HbS), que é responsável pela deformação das hemácias em forma de foice (daí o nome anemia falciforme).

Vale lembrar ainda que esta deformação das hemácias, à qual damos o nome de afoiçamento, ocorre principalmente em situações que favorecem a desoxigenação da hemoglobina S (HbS) como hipóxia tecidual, desidratação, acidose infecções e exercícios físicos intensos, e leva à hemólise, oclusão microvascular e inflamação sistêmica, com intensas crises dolorosas. Tais alterações provocam anemia e outros sintomas graves que tendem à recorrência quando não conduzidos da maneira correta e consequentemente com um desfecho pouco favorável ao paciente, inclusive o óbito

Um fato curioso sobre a Anemia Falciforme é que a presença do gene HBB confere uma certa resistência à malária pois as hemácias em forma de foice são menos susceptíveis à infecção pelo Plasmodium falciparum. O mecanismo exato para o fato ainda não é claro. São levantadas múltiplas hipóteses tanto à nível de mecanismos moleculares como à nível do sistema imunológico. 

Fato é que, como resultado, indivíduos heterozigotos (ou seja, que possuem apenas um gene da anemia falciforme) e que são classificados como portadores de um traço falciforme, têm uma vantagem evolutiva em regiões onde a malária é endêmica, como partes da África. Essa característica ajuda a explicar a alta prevalência do gene da anemia falciforme em populações dessas áreas, bem como o fato de a anemia falciforme atingir majoritariamente a população negra.

O teste de triagem mais comum para a Anemia Falciforme é o teste do pezinho, realizado em recém-nascidos, geralmente entre 24 e 48 horas após o nascimento. O procedimento envolve a coleta de algumas gotas de sangue do bebê, que são aplicadas em um cartão de papel filtro especial e o material é analisado para detectar a presença de HbS e outras variantes da hemoglobina. Inclusive já te convido a ler o próximo artigo, no qual abordarei a eletroforese de hemoglobinas e você entenderá mais sobre as hemoglobinas variantes, ok?

Se o teste do pezinho indicar a presença de HbS, o diagnóstico é geralmente confirmado com testes adicionais, como a eletroforese de hemoglobina ou a cromatografia líquida de alta performance (HPLC), que identificam e quantificam as diferentes formas de hemoglobina presentes no sangue.

Portanto, você já pôde identificar a atuação do farmacêutico na execução destes exames laboratoriais de triagem e diagnóstico, certo? Mas também existem os exames laboratoriais de acompanhamento do paciente já diagnosticado, essenciais para monitorar a progressão da doença, detectar complicações e ajustar o tratamento conforme necessário.

Alguns dos principais exames laboratoriais de acompanhamento incluem o hemograma completo para avaliar os níveis de hemoglobina, hematócrito, contagem de hemácias, leucócitos e plaqueta. O exame de reticulócitos também é de suma importância, pois ao medir a produção de novas hemácias pela medula óssea, mensura a resposta do corpo à anemia. Dosagens de ferro sérico, ferritina e capacidade total de ligação do ferro (TIBC) também devem ser realizadas avaliam o status do ferro no corpo, importante para evitar sobrecarga de ferro, especialmente se o paciente receber transfusões sanguíneas frequentes. A gasometria arterial pode ser usada para avaliar a oxigenação do sangue e detectar hipóxia e, finalmente, as dosagens de enzimas hepáticas (ALT, AST) e os níveis de bilirrubinas, creatinina e ureia, auxiliam na avaliação da função dos rins e do fígado, que podem ser afetados pela anemia falciforme. A bilirrubina elevada pode ainda indicar um quadro de hemólise aumentada, esperado em situações de crise falcêmica.

Para fechar com “chave de ouro”, vamos falar do papel do farmacêutico no tratamento da doença, abrangendo desde a dispensação de medicamentos até a educação do paciente e o apoio no gerenciamento da doença.

O profissional farmacêutico garante que os pacientes recebam os medicamentos corretos, como hidroxiureia, que ajuda a aumentar a produção de hemoglobina fetal e reduzir as crises dolorosas, além de antibióticos, analgésicos e suplementos vitamínicos necessários para o tratamento. Atua ainda na educação ao paciente e sua família sobre a natureza da anemia falciforme, a importância do autocuidado, a necessidade de manter a hidratação adequada, por exemplo, e a importância de comparecer às consultas regulares. Além disso, participa do monitoramento da terapia e da resposta do paciente ao tratamento, colaborando com médicos em possíveis ajustes conforme necessário, baseando-se nos resultados de exames laboratoriais e na evolução clínica do paciente.

Espero que você tenha percebido como o farmacêutico, portanto, desempenha um papel vital no cuidado integrado e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes com anemia falciforme, proporcionando suporte contínuo e especializado ao longo de toda a jornada, do diagnóstico ao tratamento! 

E espero também que você continue a estudar com o time do Gran Concursos. Temos cursos on line voltados para os editais dos principais concursos e residências do Brasil. Um forte abraço!

Quer ficar por dentro dos concursos públicos abertos e previstos pelo Brasil?
clique nos links abaixo:

Concursos Abertos

Concursos 2024

Receba gratuitamente no seu celular as principais notícias do mundo dos concursos!
clique no link abaixo e inscreva-se gratuitamente:

Telegram

Por
3 min. de leitura