Farmacologia versus Análises Clínicas: Principais alterações laboratoriais em pacientes em uso de Ozempic®

O artigo explora as principais alterações laboratoriais em pacientes utilizando Ozempic®, correlacionando farmacologia com análises clínicas.

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Olá pessoal! Tudo bem? Sou a professora Débora Juliani, farmacêutica, especialista em Análises Clínicas e faço parte da equipe do Gran Concursos.

Normalmente, não por acaso, apareço por aqui trazendo temas de Análises Clínicas para Concursos e Residências. Mas dessa vez farei uma abordagem um pouco diferente! Vamos correlacionar a farmacologia com as alterações laboratoriais que podem surgir nos pacientes em uso deste medicamento da moda, o Ozempic®.

Certamente você já ouviu falar dele, não é mesmo? Possivelmente conhece alguém que faz ou já fez uso do medicamento e pode até ser que você mesmo já tenha utilizado (espero que com boa indicação clínica e acompanhamento!)

Trata-se do fármaco semaglutida, um medicamento de uso subcutâneo (injetável) desenvolvido para ajudar no controle glicêmico em pacientes com diabetes mellitus tipo 2, mas que se popularizou mundialmente por auxiliar (e muito) na perda de peso, por meio da diminuição do apetite do paciente.

Vamos começar relembrando o mecanismo de ação da semaglutida, um agonista GLP-1 (do ingês glucagon-like peptide-1), ou seja, uma molécula que se liga ao receptor de “peptídeo 1 semelhante ao glucagon” (GLP), ativando-o e mimetizando os efeitos do GLP.

E quais seriam esses efeitos? Fisiologicamente, o GLP-1 (e consequentemente seu análogo, a semaglutida) é um tipo de incretina, ou seja, um hormônio intestinal que desempenha um papel crucial na regulação da glicose no sangue ao estimular a secreção de insulina pelas células beta do pâncreas de forma glicose-dependente depois de uma alimentação. Além disso, as incretinas têm efeitos que reduzem a produção de glucagon, outro hormônio que aumenta os níveis de glicose no sangue.

Assim, a semaglutida estimula a secreção de insulina em resposta a níveis elevados de glicose, inibe a secreção de glucagon, o que ajuda a reduzir a produção de glicose pelo fígado, promove a saciedade, ajudando no controle do peso e retarda o esvaziamento gástrico.

Porém temos um probleminha… Uma característica comum a todos os análogos de GLP1 é o fenômeno de taquifilaxia: são necessárias doses maiores da medicação para produzir o mesmo efeito, principalmente para perda de peso. Por isso, a dose da semaglutida para diabetes é até 1mg enquanto para tratamento da obesidade é de até 2,4mg.

Agora que você já está familiarizado com o mecanismo de ação e com os pricipais efeitos do medicamento, vamos discutir sobre as alterações laboratoriais mais frequentes em pacientes em uso de Ozempic® pois acredite, eles passarão por você em um Laboratório de Análises Clínicas.

Nos estudos clínicos, a semaglutida demonstrou causar um aumento dos níveis séricos das enzimas pancreáticas amilase e lipase. Inclusive a pancreatite aguda é um efeito adverso que pode surgir com o uso da semaglutida, sendo motivo frequente de descontinuação do tratamento.

Além disso, se o paciente também estiver em uso de outros hipoglicemiantes como sulfonilureia ou insulina exógena em concomitância com a semaglutida, pode apresentar um quadro de hipoglicemia (glicemia ≤ 70 mg/dL). 

Alguns estudos mostram que a semaglutida pode levar a uma redução nos níveis de LDL (lipoproteína de baixa densidade) e triglicerídeos, enquanto os níveis de HDL (lipoproteína de alta densidade) podem se manter estáveis ou aumentar.

Pode ainda haver um aumento temporário nos níveis de creatinina em alguns pacientes, especialmente nos primeiros meses de tratamento. Isso deve ser monitorado, pois pode ser um indicativo de desidratação ou de uma resposta renal ao medicamento.

Em alguns pacientes, pode haver aumento de enzimas hepáticas (transaminases TGO e TGP), que devem ser monitoradas, especialmente em quem tem histórico de doença hepática e finalmente, em casos raros, pode ocorrer diminuição dos níveis de potássio, especialmente se o paciente estiver desidratado devido a episódios de vômito ou diarreia.

Em conclusão, o Ozempic® é uma ferramenta eficaz no manejo do diabetes tipo 2, e pode ser também um importante aliado no tratamento da obesidade, quando bem indicado e acompanhado, mas suas alterações laboratoriais requerem atenção cuidadosa, ok?

Para encerrar, convido você a conhecer nossas videoaulas! Nelas discutimos todos estes parâmetros laboratoriais e seus significados clínicos, para que você chegue com tudo nas suas provas!

Um forte abraço e bons estudos!


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