Mãe social: o que saber para a 1ª fase da Magistratura do Trabalho?

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A Lei nº 7.644 de 18 de dezembro de 1987 é a que dispõe sobre a regulamentação da atividade de Mãe Social.

O artigo 1º da Lei trata de quem pode se utilizar da mãe social. Com efeito, “as instituições sem finalidade lucrativa, ou de utilidade pública de assistência ao menor abandonado, e que funcionem pelo sistema de casas-lares, utilizarão mães sociais visando a propiciar ao menor as condições familiares ideais ao seu desenvolvimento e reintegração social”.

Quem é considerada mãe social? A resposta está no artigo 2º, pelo qual “considera-se mãe social, para efeito desta Lei, aquela que, dedicando-se à assistência ao menor abandonado, exerça o encargo em nível social, dentro do sistema de casas-lares”.

Entende-se como casa-lar a unidade residencial sob responsabilidade de mãe social, que abrigue até 10 (dez) menores (art. 3º, caput). As casas-lares serão isoladas, formando, quando agrupadas, uma aldeia assistencial ou vila de menores (art. 3º, § 1º).

A instituição fixará os limites de idade em que os menores ficarão sujeitos às casas-lares (§ 2º). E, para os efeitos dos benefícios previdenciários, os menores residentes nas casas-lares e nas Casas da Juventude são considerados dependentes da mãe social a que foram confiados pela instituição empregadora (§ 3º).

Nos termos do artigo 4º, são atribuições da mãe social:

I – propiciar o surgimento de condições próprias de uma família, orientando e assistindo os menores colocados sob seus cuidados;

II – administrar o lar, realizando e organizando as tarefas a ele pertinentes;

III – dedicar-se, com exclusividade, aos menores e à casa-lar que lhes forem confiados.

A mãe social, enquanto no desempenho de suas atribuições, deverá residir, juntamente com os menores que lhe forem confiados, na casa-lar que lhe for destinada.

E, quais são os direitos da mãe social? Ela tem vínculo empregatício? O artigo 5º da Lei de regência prevê que à mãe social ficam assegurados os seguintes direitos:

I – anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social;

II – remuneração, em valor não inferior ao salário-mínimo;

III – repouso semanal remunerado de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas;

IV – apoio técnico, administrativo e financeiro no desempenho de suas funções;

V – 30 (trinta) dias de férias anuais remuneradas nos termos do que dispõe o capítulo IV, da Consolidação das Leis do Trabalho;

VI – benefícios e serviços previdenciários, inclusive, em caso de acidente do trabalho, na qualidade de segurada obrigatória;

VII – gratificação de Natal (13º salário);

VIII – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou indenização, nos termos da legislação pertinente.

O artigo 6º estipula que o trabalho desenvolvido pela mãe social é de caráter intermitente, realizando-se pelo tempo necessário ao desempenho de suas tarefas.

Já o artigo 7º, que os salários devidos à mãe social serão reajustados de acordo com as disposições legais aplicáveis, deduzido o percentual de alimentação fornecida pelo empregador.

Nos termos do artigo 8º, a candidata ao exercício da profissão de mãe social deverá submeter-se a seleção e treinamento específicos, a cujo término será verificada sua habilitação. Tal treinamento será composto de um conteúdo teórico e de uma aplicação prática, esta sob forma de estágio. O treinamento e estágio não excederão de 60 (sessenta) dias, nem criarão vínculo empregatício de qualquer natureza.

A estagiária deverá estar segurada contra acidentes pessoais e receberá alimentação, habitação e bolsa de ajuda para vestuário e despesas pessoais (art. 8º, § 3º) e o Ministério da Previdência e Assistência Social assegurará assistência médica e hospitalar à estagiária (art. 8º, § 4º)

São condições para admissão como mãe social, segundo o artigo 9º da Lei nº 7.644 de 1987:

  • idade mínima de 25 (vinte e cinco) anos;
  • boa sanidade física e mental;
  • curso de primeiro grau, ou equivalente;
  • ter sido aprovada em treinamento e estágio exigidos por esta Lei;
  • boa conduta social;
  • aprovação em teste psicológico específico.

A instituição manterá mães sociais para substituir as efetivas durante seus períodos de afastamento do serviço (art. 10, caput). A mãe social substituta, quando não estiver em efetivo serviço de substituição, deverá residir na aldeia assistencial e cumprir tarefas determinadas pelo empregador. Quando no exercício da substituição, a mãe social terá direito à retribuição percebida pela titular e ficará sujeita ao mesmo horário de trabalho.

O artigo 11, caput, da Lei prevê que as instituições que funcionam pelo sistema de casas-lares manterão, além destas, Casas de Juventude, para jovens com mais de 13 (treze) anos de idade, os quais encaminharão ao ensino profissionalizante.

Já o parágrafo único do artigo 11 estipula que o ensino a que se refere o caput do artigo poderá ser ministrado em comum, em cada aldeia assistencial ou em várias dessas aldeias assistenciais reunidas, ou, ainda, em outros estabelecimentos de ensino, públicos ou privados, conforme julgar conveniente a instituição.

O artigo 12 determina que caberá à administração de cada aldeia assistencial providenciar a colocação dos menores no mercado de trabalho, como estagiários, aprendizes ou como empregados, em estabelecimentos públicos ou privados. As retribuições percebidas pelos menores nas condições mencionadas no caput do artigo 12 serão assim distribuídas e destinadas:

I – até 40% (quarenta por cento) para a casa-lar a que estiverem vinculados, revertidos no custeio de despesas com manutenção do próprio menor;

II – 40% (quarenta por cento) para o menor destinados a despesas pessoais;

III – até 30% (trinta por cento) para depósito em caderneta de poupança ou equivalente, em nome do menor, com assistência da instituição mantenedora, e que poderá ser levantado pelo menor a partir dos 18 (dezoito) anos de idade.

Extinto o contrato de trabalho, a mãe social deverá retirar-se da casa-lar que ocupava, cabendo à entidade empregadora providenciar a imediata substituição (art. 13).

As mães sociais ficam sujeitas às seguintes penalidades aplicáveis pela entidade empregadora: I – advertência; II – suspensão; III – demissão (art. 14, caput). Em caso de demissão sem justa causa, a mãe social será indenizada, na forma da legislação vigente, ou levantará os depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, com os acréscimos previstos em lei.

De acordo com o artigo 15, as casas-lares e as aldeias assistenciais serão mantidas exclusivamente com rendas próprias, doações, legados, contribuições e subvenções de entidades públicas ou privadas, vedada a aplicação em outras atividades que não sejam de seus objetivos.

Fica facultado a qualquer entidade manter casas-lares, desde que cumprido o disposto na Lei (art. 16).

O artigo 17 prevê que “por menor abandonado entende-se, para os efeitos desta Lei, o “menor em situação irregular” pela morte ou abandono dos pais, ou, ainda, pela incapacidade destes”.

O artigo 18 assegura às instituições que mantenham ou coordenem o sistema de casas-lares para o atendimento gratuito de menores abandonados, registradas como tais no Conselho Nacional do Serviço Social, isenção do recolhimento dos encargos patronais à previdência social.

De seu turno, o artigo 19 prevê que às relações do trabalho previstas na Lei, no que couber, aplica-se o disposto nos capítulos I e IV do Título II, Seções IV, V e VI do Capítulo IV do Título III e nos Títulos IV e VII, todos da CLT.

Por fim, o artigo 20 diz que incumbe às autoridades competentes do Ministério do Trabalho e do Ministério da Previdência e Assistência Social, observadas as áreas de atuação, a fiscalização do disposto nesta Lei, competindo à Justiça do Trabalho dirimir as controvérsias entre empregado e empregador.

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