O “SE”. Por: Elias Santana

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26 de abril2 min. de leitura

Muitos têm medo de cachorro. Tantos outros temem altura. Alguns não suportam o escuro ou lugar fechado. Há ainda aqueles que não aguentam a solidão. Diante desses e de tantos outros medos que acometem a humanidade, não é admissível que, no Brasil, as pessoas sintam tamanho pavor de uma única palavra: o “se”. Duas letras, de aparência simpática, que tiram o sono de estudantes, concurseiros, comerciantes e cartazistas.

Apesar da introdução hiperbólica e irônica (aproveite para revisar essas duas figuras de linguagem), o objetivo do artigo desta semana é falar um pouquinho sobre o “se”. Quero falar com você, basicamente, acerca de duas funções sintáticas dessa palavra (que é, morfologicamente, um pronome oblíquo átono): partícula apassivadora (PA) e índice de indeterminação do sujeito (IIS). São as duas classificações que mais aparecem em nosso dia a dia, e que nos exigem uma atenção especial acerca da concordância verbal.

Veja, comigo, as duas orações abaixo:

  1. Aluga-se uma casa.
  2. Precisa-se de vendedor.

Primeiramente, vamos entender o que há de comum: em ambas, não é possível determinar quem pratica a ação verbal tanto de alugar bem como de precisar. Quando ocorre essa “falta de agente explícito”, sabemos que o “se” ou é PA ou é IIS. Agora, compare (1) e (2): note que “uma casa” está sem preposição, ao passo que “de vendedor” está com preposição. Sabendo que, na língua portuguesa, o sujeito – que é com quem o verbo concorda – jamais pode ser preposicionado, podemos afirmar que, em (1), temos um candidato a sujeito, enquanto que, em (2), ninguém pode ser sujeito.

Assim, podemos já podemos fazer algumas afirmações: como em (2) ninguém pode ser sujeito, a função do “se” é IIS; se não há sujeito, não há também quem estabeleça concordância com o verbo; por isso que, quando ocorre IIS, o verbo só pode ficar no singular. Já em (1), o “se” faz com que “uma casa” se torne sujeito paciente; a função do pronome, portanto, é PA (em que a frase possui sujeito e com ele deve concordar). Se colocarmos no plural “casa” e “vendedor”, nosso resultado será:

  1. Alugam-se umas casas.
  2. Precisa-se de vendedores.

Quando houver a partícula “se”, lembre-se sempre de analisar (1º) se existe alguém que pratique a ação verbal e (2º) se existe algum termo sem preposição para ser o sujeito e estabelecer concordância com o verbo. Veja abaixo:

 

Doa-se filhote. Doam-se filhotes. (Não há preposição)

Trabalha-se em casa. Trabalha-se em casas. (Há preposição)

Vende-se lindo apartamento. Vendem-se lindos apartamentos. (Não há preposição)

Confia-se na política. Confia-se nas políticas. (Há preposição)

Vale um comentário: essa é só uma pitada sobre a partícula “se”, mas que já vai te ajudar demais no dia a dia! Quer saber mais? Hoje, às 19h, no meu programa, Na Ponta da Língua, falarei só sobre esse assunto! Basta estar comigo, no horário combinado, pelo YouTube ou Facebook do Gran Cursos Online! Conhece alguém que precisa saber disso? Então, convide-o a ler este artigo e a estar comigo ao vivo no programa de hoje!

Elias Santana – Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

 


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