Estudos mais recentes com métodos de avaliação mais precisos como a tomografia computadorizada e análises bioquímicas avançadas estão demonstrando que o exercício pode fazer você ter maior desempenho cognitivo. Transformando em dados, você pode aprender 20% mais rápido imediatamente após se exercitar. palavra de quem entende
Entende-se ainda como desempenho cognitivo aquele compreendido pelas fases do processo de informação cerebral, como a percepção, a atenção, a vigilância, a aprendizagem, a memória, o raciocínio e solução de problemas.
Qual a explicação fisiológica?
Parece que cada vez que você se exercita, a musculatura esquelética enviam sinalizadores bioquímicos que atravessam a barreira do cérebro para estimular a produção de fator neurotrófico derivado do cérebro ou BDNF (Brain-Derived Neurotrophic Fator).
Esse BDNF é determinante para a melhora da atividade cerebral.
Parece que o BDNF é uma espécie de “adubo” para a neuroplasticidade causando a formação de novos neurônios, facilitando a comunicação com os outros, melhorando os processos cognitivos, como a memória e o raciocínio (Gomez-Pinilla).
O BDNF é uma proteína que está presente no cérebro que se liga aos receptores dos neurônios através de sinapses, aumentando subsequentemente a força da transmissão do sinal no cérebro, fazendo com que ele trabalhe com em uma maior capacidade.
Existe uma ligação entre hormônios de crescimento e a função do cérebro. O hipocampo é o centro da memória e aprendizagem, e ele é facilmente afetado por certos hormônios, como o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) e a fator de crescimento semelhante à insulina-1 (IGF-1).
Quando o sujeito se exercita há maior produção do BDNF, o VEGF e o IGF-1, que também aumenta a função de memória no hipocampo.
Além da maior produção de BDNF, o exercício físico também, produz maior serotonina, que é um neurotransmissor essencial para o foco, concentração, além de maior a autoestima e bem-estar emocional.
O que dizem os estudos?
Um estudo conduzido por Leckie et al, mostraram que idosos que caminharam por 40 minutos tiveram melhora significativa nos níveis de BDNF e da função cognitiva.
Uma análise de 18 estudos que investigaram a relação entre atividade física e inteligência mostrou que o funcionamento cognitivo foi significativamente melhorado, independentemente do tipo de exercício aeróbico realizado.
A principal conclusão foi que o exercício é uma chave para aumentar os níveis de BDNF no hipocampo em uma área vital para a memória, resolução de problemas e aprendizagem.
Mais pesquisas também parecem apoiar a ideia de que o exercício físico estimula o crescimento de células neurais dos lobos frontais do cérebro, áreas responsáveis pela organização de multitarefas, tomada de decisões, planejamento futuro.
Mas calma aí, apenas os exercícios aeróbicos mostraram efeitos benéficos.
Apenas os exercícios físicos aeróbicos foram associados à uma melhor cognição. Foi o que pesquisadores suecos mostraram com mais de 1 milhão de jovens entre 15 e 18 anos (Aberg et al) e por pesquisadores americanos, que publicaram em um dos jornais mais conceituados do mundo: a Nature (Hillman et al).
Para os pesquisadores, somente exercícios aeróbicos demonstraram promover maior oxigenação do cérebro, causada por um melhor condicionamento cardiopulmonar. Exercícios de força, como musculação, não demonstraram o mesmo efeito n a melhora cognitiva.
Estudos recentes indicaram que a realização de testes padronizados de matemática foi altamente correlacionada com maior nível de aptidão física aeróbica.
Seja regular…
Mas, como tudo, ou use-o ou perca-o. Se você faz exercício regularmente, mas passa um mês essa pausa parece ter o feito deletério em causar a diminuição dos neurônios.
E não precisa correr longas distâncias ou em grande tempo. Um caminhada ou corrida moderada de 30 minutos, 3 vezes por semana, já provoca impacto positivo logo no primeiro mês.
Conclusão
Portanto, você acha que ao ficar mais tempo estudando você está levando vantagem do seu amigo(a) que foi se exercitar, repense seus conceitos. É provável que ele quando voltar estará com a capacidade mental melhor do que você, que passou mais tempo na frente dos livros.
Ou seja, para quem acha que vai perder tempo ao fazer exercício, na verdade está ganhando mais inteligência e saindo na frente dos concorrentes. Quem fica sentado estudando o dia inteiro e não se exercita, está deixando de melhorar a inteligência.
E aos candidatos que precisam treinar para o TAF de concursos que exigem testes físicos para o ingresso, também aproveitem e aliem a necessidade obrigatória de treinar com a vantagem dos benefícios do exercício físico para a maior capacidade mental.
César Marra
Coordenador técnico da Equipe AprovaTAF.
Especialista em Fisiologia do Exercício
Mestre em Educação Física
Doutor em Saúde Pública
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Referências
Gomez -Pinilla, F. The influences of diet and exercise on mental health through hormesis. Aging Research Reviews, 7(1): 49–62, 2008.
Leckie, RL , et al. BDNF mediates improvements in executive function following a 1-year exercise intervention. Frontiers in Human Neuroscience, 8,985, 2014.
Van Praag, H. Exercise and the brain: something to chew on. Trends in Neurosciences. 32, 5, 283–290 , 2009.
Aberg MAI. et al. Cardiovascular fitness is associated with cognition in young adulthood. Proceedings of the National Academy of Sciences, 8: 106, 49. 2009.
Hillman, CH. Et al. Be smart, exercise your heart: exercise effects on brain and cognition. Nature, 9. 2008.
Legal.