Perspectivas para o CACD 2019

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04 de dezembro2 min. de leitura

Finalizado o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD), é hora de pensar na próxima edição. Os CACDistas mais experientes e bem informados sabem que se trata de um processo seletivo bastante difícil e desgastante, mas também estão relativamente tranquilos com a confiança de que vão poder aproveitar o que estudaram já no ano que vem. E, se a aprovação não vier em 2019, provavelmente tentarão novamente em 2020 e assim por diante. Ou seja, não foi um cavalo selado que passou uma vez e poderá demorar anos para passar de novo, como ocorre com a maioria dos concursos públicos.

É preciso, no entanto, ter cuidado com a desinformação; muito mais danosa do que a falta de informação. Aprender errado é pior do que não saber nada. Atenção, portanto, para não se deixar influenciar, e consequentemente se desesperar, com notícias falsas (ou, em bom “português”, com as famosas “fake News”). Vamos, então, desmistificar três boatos recorrentes, a exemplo da imprensa, que agora parece passar mais tempo apontando informações fantasiosas do que divulgando verdadeiras.

O CACD de 2019 não será autorizado em decorrência da crise fiscal: FALSO. Diferentemente de outros concursos, a seleção de novos diplomatas não depende de autorização do Ministério do Planejamento (no próximo Governo, Economia) para ser realizada. O Itamaraty tem autorização para realizar exames anuais para nomear diplomatas que substituirão aqueles que se aposentaram. Por isso, o número de vagas costuma ser reduzido. Trata-se, pois, de uma reposição de pessoal. A quantidade de funcionários diplomáticos (para as demais carreiras não vale o mesmo, infelizmente) mantém-se a cada ano.

O novo Governo promoverá mudanças profundas no CACD: FALSO. Não devemos confundir eventuais alterações de rumo de política externa, o que é mais provável de ocorrer, com reviravoltas no processo seletivo. Falo, portanto, de manutenção da forma, não do conteúdo. O que se cobra nas provas, especialmente nas de Política Internacional, pode, sim, mudar, mas o formato do CACD não costuma ser influenciado por renovações do posicionamento brasileiro no plano internacional. Se nem o Golpe de 1964 ou a redemocratização de 1988 alteraram o concurso, por que isso ocorreria agora?

A nova Diretora-Geral do Instituto Rio Branco (IRBr) irá reformular completamente o conteúdo programático das provas: FALSO. O mesmo raciocínio exposto acima nos leva à conclusão de que isso é improvável. Diga-se de passagem, conheço bem a Embaixadora Gisela Padovan, que acaba de assumir a direção do IRBr, pois fomos colegas de posto na Embaixada do Brasil em Washington. Trata-se de profissional do mais alto gabarito, pessoa sensata e de bom senso. Conhece bem a academia diplomática brasileira, pois frequentemente participa de atividades acadêmicas do Instituto. Deverá ter suas ideias sobre eventuais aperfeiçoamentos do processo seletivo, mas certamente nada que o transforme de modo radical.

Nada do que foi dito acima, evidentemente, deve ser levado a ferro e fogo. Tudo pode acontecer com o CACD, inclusive nada. Ao tratarmos de perspectivas e atacarmos especulações, somos levados ao paradoxo de também especularmos. Isso é inevitável, mas creio que a mensagem principal é manter o foco no conteúdo dos estudos e esquecer, pelo menos neste momento, qualquer ameaça de temidas mudanças.

Se reinventassem, por exemplo, provas orais, o conteúdo a ser cobrado seria o mesmo das provas escritas das mesmas disciplinas. O formato da avaliação, portanto, pouco interessa. O importante é ter a confiança de que deverá, sim, ser lançado um CACD em 2019, como ocorre anualmente desde 1945, e que o que você estuda agora ou estudou para edições passadas lhe será útil. E deixemos para lá as fake news!

 


Prof.Jean Marcel Fernandes – Coordenador Científico

Jean MarcelNomeado Terceiro-Secretário na Carreira de Diplomata em 14/06/2000. Serviu na Embaixada do Brasil em Paris, entre 2001 e 2002. Concluiu o Curso de Formação do Instituto Rio Branco em julho de 2002. Lotado no Instituto Rio Branco, como Chefe da Secretaria, em julho de 2002. Serviu na Embaixada do Brasil em Buenos Aires – Setor Político, entre 2004 e 2007. Promovido a Segundo-Secretário em dezembro de 2004. Concluiu Mestrado em Diplomacia, pelo Instituto Rio Branco, em julho de 2005. Publicou o livro “A promoção da paz pelo Direito Internacional Humanitário”, Fabris Editor, Porto Alegre, em maio de 2006. Saiba +


 

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