Procrastinação: o fator emocional que pode te derrubar

Maior medo dos concurseiros?

Na minha experiência clínica, um dos maiores medos é estudar, estudar e NÃO passar. Muita gente trava devido a esse medo. E esse medo está, dentre outras questões emocionais, atrelado à procrastinação.

Vejo em consultório, diariamente, pessoas que lutam contra a questão da procrastinação. Como sempre digo a vocês, para lutarmos contra algo, temos que ter consciência do que significa e conhecer sua forma correta. Caso contrário, a luta estará perdida.

Muita gente menospreza essa questão emocional e procura soluções fáceis. Com a procrastinação, isso não funciona. Aliás, funciona por alguns dias. E depois? Esse SINTOMA volta e pode voltar pior.

Ela é silenciosa e ardilosa. Ela é uma AÇÃO, ao contrário daquilo que pensam. O PROCRASTINADOR escolhe entre dois caminhos: o imediatismo e o prazer ou o planejamento a longo prazo. Adivinha quem ganha? Se temos uma escolha, temos uma ação.

A procrastinação mexe com o nosso maior patrimônio: o tempo. O fato de ser emocional é algo muito óbvio: ela está atrelada a questões de ansiedade de planejamento, depressão, impulsividade (reações instintivas), baixa autoestima, estresse, comportamentos autodestrutivos, mentiras internas etc. Sim, o mecanismo é bem complexo. Não se puna por estar nesse estado, pois o procrastinador já tem um castigo diário. Ele já está em sofrimento e tende a querer afastar a ação para se sentir menos culpado de algo que não faria certo. UFA!!!!

E quanta energia se gasta nesse processo. É normal vermos procrastinadores esgotados.

Está bem claro que, na psicologia evolutiva, alguns quadros foram adquiridos no decorrer da evolução por terem sido adaptados em algum momento pelos nossos ancestrais, como, por exemplo, esses três: comer alimentos gordurosos, hábito herdado pelos ancestrais para ter energia e sobreviver ao frio; o alerta essencial de sobrevivência para lutar ou fugir (ansiedade); e a questão de não termos o planejamento a longo prazo, pois, à época das cavernas, a recompensa era imediata: caçar, comer e lutar no dia seguinte – isso se a natureza fosse gentil e nos deixasse vivos, pois o perigo sempre rondava.

A procrastinação também faz parte dessa carga ancestral, porém, hoje temos o acesso a redes sociais como prazer imediato, uma indústria milionária de entretenimento para te distrair do seu objetivo, e uma longevidade cada vez maior para te seduzir com a procrastinação. E não esqueçam das questões emocionais que estão necessariamente atreladas ao quadro. SEMPRE.

IN LOCO com os pacientes em tratamento, percebo muito que, na família de procrastinadores, sempre tem algum membro que também procrastina. Uma das minha hipóteses clínicas é que essa aprendizagem também ocorre por COPING: observar algo e aprender a agir daquela forma. Pessoas ao nosso redor que possuem hábitos de procrastinar podem ter nos “inspirado” na aprendizagem por observação. Isso vale para pessoas com algum tipo de vício e que não conseguiram sair, que fizeram parte da nossa convivência, sonhadoras demais ou que não deram certo em nada na vida. Pessoas que também tiveram figuras de muita rigidez e agora resolveram não obedecer a regras quando adultas também podem ser uma causa.

O procrastinador não puxa uma carga de estagnação somente daquele momento de estudo. Ele puxa uma carga de outras questões que ele não conseguiu resolver e do meio em que vive.

É muito importante ter consciência da causa para se tratar, e você deve fazer isso em contato com um profissional da área de saúde. Um bom psicólogo irá te ajudar muito.

Ter força de vontade? Muitas pesquisas em psicologia indicam que essa questão pode ser inócua em relação ao estado do procrastinador, pois a força de vontade é igual a um músculo: quando trabalhada em EXCESSO, pode causar uma fadiga. Ela é instável para o procrastinador, pois, ao primeiro sinal de um humor rebaixado, ele irá desistir e não acreditar nessa força, e o quadro poderá piorar. Como o procrastinador é autocrítico, perfeccionista, imediatista e tem medo de errar, essa “força “ pode piorar o estado. Por exemplo: uma pessoa que está acima do peso sabe que tem que emagrecer, e se ela for testada de forma contínua na sua “força” de vontade, ao passar diariamente na frente de doces , ela com o tempo irá ceder, e de forma feroz.

O procrastinador não funciona sob pressão. Nas “quedas” , deve ser entendido que isso ocorre em toda mudança de um quadro. A mudança aqui deve ser aos poucos e inserida no cotidiano da pessoa, de forma que, naturalmente, a mudança irá ocorrer.

Nesse caso, mudanças pequenas e contínuas são mais fortes do que a força de querer mudar rápido. É isso que a nossa sociedade prega hoje.Tenhamos paciência com as nossa emoções que já estão há pelo menos alguns anos no nosso cérebro.

Sim, podemos ter quedas no processo e ainda assim ele continuará em movimento. Você não voltará ao estado inicial. Com o tempo, as mudanças irão ocorrendo e você se surpreenderá. Afinal, a paciência deve ser inerente ao concurseiro.

Qual a saída então?

1. Procure a sua causa, sempre com um profissional da área de saúde. Ela está atrelada a quadros de ansiedade, baixa autoestima, impulsividade, prefeccionismo, depressão, dentre outros.
2. Veja se existe alguma causa biológica. Muitas vezes você está com uma anemia e está saindo de procrastinador.
3. Recursos de controle da ansiedade ajudam e muito o procrastinador, como, por exemplo, respiração e mindfulness.
4. Não sonhe de forma ilusória. Isso pode fazer com que o procrastinador tenha uma desconexão com a realidade e ache que já chegou no objetivo. Muitas vezes puxo a orelha do procrastinador: você não é rico e está vivendo como se fosse. Realismo. O procrastinador é um sonhador.
5. Para criar um hábito, temos que nos desconectar de outros ruins. Como a procrastinação é um hábito negativo, substitua-a de forma gradativa por alguns hábitos positivos. Como em qualquer procrastinador, a inserção deve ser gradativa, pois, ao menor sinal de que algo deu errado, o quadro vira uma avalanche emocional.
6. Use o método de respirar 3 segundos e agir. Não deixe o seu cérebro escolher entre estudar e ver the walking dead. Sim, os zumbis irão ganhar sempre.
7. Coloque as metas de curto prazo junto com as de longo prazo, assim você irá manter a motivação.
8. A rotina pode ser uma segurança para o procrastinador, pois irá criar mais estabilidade e segurança.
9. Não se sinta mal com o que irão pensar e falar sobre os seus planos. O procrastinador tem horror do que os outros irão pensar, então ele prefere não agir. Você não está no mercado livre para ser avaliado. E lembre-se: as pessoas pensam e falam aquilo que quiserem, não temos nenhum controle sobre a vida dos outros.
10. Forme um sistema de recompensas para essa luta, assim você equilibra a natureza de uma tarefa ruim com outra prazerosa para essa missão. Se visualize em terceira pessoa: o que você faria se fosse você?

Cuide do seu emocional. Isso é investir. Ao menor sinal de prejuízo na sua vida, de sofrimento ou de atraso, é hora de procurar ajuda especializada.

Quer saber mais sobre o assunto? Assista o divã do concurseiro dia 25 com a nossa psicóloga Juliana Gebrim.

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Juliana Gebrim

Psicóloga clínica e neuropsicóloga conhecida e reconhecida por seu trabalho e palestras em todo o Brasil. Inúmeras especializações. Psicóloga clínica (UNB – Universidade de Brasília). Mestrado (UNB). Trabalho de 2 anos com o gênio Luiz Pasquali (LABPAM-UNB). Neuropsicóloga (IPAF-Instituto de Psicologia Aplicada e Formação de Portugal). Terapeuta com certificado internacional pelo Institute EMDRIA e EMDR Ibero-Americano-Francine Shapiro-(EUA). Terapeuta especialista em Brainspotting com David Grand(CA-EUA). Psicóloga perita(UNB-CEFTRU). Psicóloga especialista em Play of Life com CarlosRaimundo (Austrália). Terapeuta especialista em Barras de Access Conciousness com Jeffrey L. Fannin. Especialista em Thetahealing com Leonardo Codignoli(Brasília). Especialista em PMK(Psicodiagnóstico Miocinético). Experiência de 20 anos em psicoterapia,sendo 10 anos atuando em ambulatório e hospital-dia psiquiátrico(CAAP-VIDA). PRIMEIRA e ÚNICA psicóloga no BRASIL a fazer uma teoria usada em clínica , e patenteada em 5 esferas, sobre EQUILÍBRIO EMOCIONAL PARA CONCURSOS PÚBLICOS. Trabalho com dezenas de resultados e amplamente divulgado em todo o Brasil, pelos pacientes. Palestrante, professora de EQUILÍBRIO EMOCIONAL PARA CONCURSOS PÚBLICOS,em vários cursinhos preparatórios. Palestra já vista por mais de 20 mil pessoas. Programa na plataforma do Gran Cursos Online: Divã do Concurseiro.

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