Recursos TJ MA: confira os comentários e os prazos!

Confira neste conteúdo, os Recursos TJ MA! Os mestres do Gran estão preparando um conteúdo especial para os interessados em uma das vagas de Técnico Judiciário Apoio Técnico Administrativo do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão.

O gabarito preliminar foi publicado no dia 22 de julho de 2024. De acordo com o edital de abertura, os candidatos terão 02 (dois) dias úteis para interpor recursos, contando da data de publicação.

Confira abaixo os recursos elaborados por nossa equipe de especialistas:

Para elaboração dos recursos, os professores utilizaram essa PROVA AQUI.

Recursos TJ MA: Noções de Gestão Pública e Ética – Questão 32

Recurso elaborado pelo professor Rafael Barbosa

A Norma ISO 9000 apresenta oito princípios de gestão da qualidade. Um princípio é uma
crença ou regra fundamental e abrangente para conduzir e operar uma organização,
visando melhorar continuamente seu desempenho a longo prazo, pelo foco nos clientes e,
ao mesmo tempo, encaminhando as necessidades de todas as partes interessadas. Com
base nos oito princípios de gestão da qualidade, analise as afirmativas a seguir.

I. O princípio do envolvimento das pessoas tem como aplicação a construção de um ambiente inovador e criativo que contribua para a realização dos objetivos da organização.
II. O princípio da abordagem sistêmica para a gestão tem como benefício fornecer um melhor entendimento de papéis e responsabilidades para alcançar objetivos comuns, reduzindo barreiras funcionais e melhorando o trabalho em equipe.
III. O princípio da melhoria contínua indica que decisões eficazes são baseadas na análise de dados e informações precisas, confiáveis e suficientes.
IV. O princípio da liderança está ligado à criação e manutenção de um ambiente interno, no qual as pessoas possam estar totalmente envolvidas no propósito de atingir os objetivos da organização.

Está correto o que se afirma apenas em:
A. III.
B. I e II.
C. I, II e IV.
D. II, III e IV.

Proposta de recurso

A questão afirma que a Norma ISO 9000 apresenta oito princípios de gestão da qualidade,
desconsiderando a alteração efetivada pela Norma ISO 9000:2015, na qual constam
apenas sete princípios da qualidade, razão pela qual há de ser anulada, consoante
fundamentos a seguir deduzidos.

Conforme a Norma ISO 9000:2000, os oito princípios da gestão da qualidade são os
seguintes:

• a) foco no cliente;
• b) liderança;
• c) envolvimento das pessoas;
• d) abordagem de processos;
• e) abordagem sistêmica para a gestão;
• f) melhoria contínua;
• g) abordagem factual para tomada de decisão; e
• h) benefícios mútuos nas relações com os fornecedores.

“Esta terceira edição cancela e substitui a edição anterior (ABNT NBR ISO 9000:2008), a qual foi tecnicamente revisada.”

Desse modo, encontra-se em vigor, no presente momento, a Norma ISO 9000:2015, na qual constam apenas sete princípios, quais sejam:

• Foco no cliente;
• Liderança;
• Engajamento das pessoas;
• Abordagem de processos;
• Melhoria;
• Tomada de decisão com base em evidência; e
• Gestão do relacionamento.

Desse modo, há de se reconhecer que a questão, ao abordar os princípios do envolvimento das pessoas; da abordagem sistêmica para a gestão; e da melhoria contínua, abordou princípios cancelados e tecnicamente revogados pela Norma ISO 9000:2015, atualmente em vigor.

Recursos TJ MA: Língua Portuguesa – Questão 06

Recurso elaborado pelo professor Márcio Wesley

Enunciado: “O texto parte de um fato do cotidiano: da necessidade dos filhos cuidarem de seus pais quando eles apresentam limitações próprias da idade ou do estado de saúde. Diante das ideias evidenciadas ao longo do texto, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.”

Gabarito preliminar da banca: d) V, V, V.

Nosso gabarito extraoficial: sem resposta ou possivelmente a opção “b) F, F, V.”, mas ainda uma opção insatisfatória, diante das “ideias evidenciadas ao longo do texto”.

RECURSO PARA A QUESTÃO 06

A primeira afirmativa é: “A ordem natural é que os pais cuidem dos seus filhos, pois eles necessitam dos cuidados dos pais, como também ‘foge à ordem natural dos fatos’ quando um filho morre antes dos pais”.

O enunciado pede o julgamento das afirmativas “diante das ideias evidenciadas ao longo do texto”. Ora, a tônica insistente do texto é que foge à ordem natural dos fatos o período da vida quando um filho precisa cuidar dos pais. Isso fica evidenciado no título (Todo filho é pai da morte de seu pai – com a expressão “pai da morte” em sentido figurado de cuidados no ciclo terminal da vida de um pai) e é reforçado (evidenciado) em várias passagens ao longo do texto:

• Primeiro parágrafo: “uma quebra na história familiar […] quando o filho se torna pai de seu pai”;
• Parágrafo seis: “E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.”;
• Parágrafo sete: “Todo filho é pai da morte de seu pai.”;
• Parágrafo oito: “Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas”;
• Parágrafo onze: “Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro.”;
• Parágrafo quatorze: “A casa de quem cuida dos pais…”;
• Parágrafo dezoito: “E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte [entende-se claramente: antes da morte de seu pai, e não da morte do filho], e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.”;
• Parágrafo final: “O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida [entende-se claramente: no fim da vida do pai, e não no fim da vida do filho] é que seu filho está ali.”

Conforme se observa ao longo do texto, as “ideias evidenciadas” indicam claramente apenas a inversão da ordem natural como sendo o filho cuidar do pai, e não quando o filho morre antes dos pais. Para ser verdadeiro que “também ‘foge à ordem natural dos fatos’ quando o filho morre antes dos pais”, seria preciso que o enunciado pedisse ideias subentendidas, sugeridas, inferidas. Mas o enunciado pede “ideias evidenciadas ao longo do texto”. Por isso, a primeira afirmativa deve ser julgada como FALSA.

A segunda afirmativa é: “Declarar que ‘todo filho é pai da morte de seu pai’ nos remete que há filhos que se tornam pais de seus pais, no momento em que eles se encontram debilitados devido a problemas consequentes da idade avançada ou de saúde.” Desde o primeiro parágrafo até o parágrafo dezoito, fica clara a ideia de cuidar do pai fragilizado, debilitado por problemas consequentes da idade avançada. Os últimos parágrafos mostram o exemplo de um amigo do autor do texto que estava com o pai debilitado pelo câncer no hospital em seus últimos momentos, ou seja, cuidava do pai devido a problemas consequentes de saúde debilitada pelo câncer. Então deve ser jugado como VERDADEIRA esta afirmação.

A terceira afirmativa é: “A expressão ‘pai da morte de seu pai’ evidencia a proximidade do fim da vida dos pais.”. De fato, ao longo do texto, fica mesmo evidenciado que se trata dos cuidados de um filho com seu pai quando este se aproxima do fim da vida. Então esta afirmativa deve se julgada como VERDADEIRA.

Conclusão: a resposta deveria ser “F, V, V”, mas não existe opção para assinalar com esta combinação de valores de verdade para as afirmativas dadas.

PEDIDO: solicita-se anulação da questão por não existir resposta.

Recursos TJ MA: Língua Portuguesa – Questão 10

Recurso elaborado pelo professor Márcio Wesley

Enunciado: “Observe as transcrições textuais a seguir:

‘No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, […]’ (20° §)

‘É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar.’ (3° §)

A função sintática exercida pelas expressões sublinhadas nas frases é, respectivamente”.

Gabarito preliminar da banca: a) Sujeito; aposto.

Nosso gabarito extraoficial: questão sem resposta, mas aviso de que a banca se equivocaria e apontaria como resposta a opção “a) Sujeito; aposto”.

RECURSO PARA A QUESTÃO 10

É inquestionável que o termo “a enfermeira” exerce função sintática de sujeito para a forma verbal “fazia”. Porém, a rigor, o termo “outrora firme e intransponível” não pode exercer função sintática de aposto. Vamos demonstrar com base em bibliografia especializada de renomados estudiosos do vernáculo.

1. BECHARA, Evanildo. Lições de Português pela Análise Sintática. 16ª ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2000. Lemos na página 104, acerca do aposto: “pode ser assim definido: uma expressão de natureza substantiva ou pronominal que se refere a outra expressão de natureza substantiva ou pronominal para melhor explicá-la, ou para servir-lhe de equivalente, resumo ou identificação” [grifei]. Nota-se que, por definição, a classe gramatical que pode exercer função sintática de aposto é o substantivo ou o pronome. De modo equivalente a um substantivo, sabemos que uma oração subordinada substantiva pode exercer função de aposto explicativo. Um adjetivo não exerce função de aposto. Um adjetivo pode exercer função de adjunto adnominal (termo determinante/especificador do núcleo de um sintagma nominal) ou um adjetivo pode exercer função de predicativo (caso em que vai informar estado ou situação de um termo de base substantiva ou pronominal).
2. GAMA KURY, Adriano da. Novas Lições de Análise Sintática. São Paulo: Ática, 1985. Lemos na página 57: “Uma idéia [sic] fundamental contida num termo de valor substantivo, em qualquer função sintática, pode ser continuada, explicada (inclusive por comparação), desenvolvida ou resumida num termo acessório, seu equivalente ou adjunto, também necessariamente substantivo, aposto.” Mais uma vez se registra por obra da literatura especializada que aposto deve ser representado por palavra substantiva, e não por adjetivo. O mesmo douto estudioso observa na página 59: “Há um tipo de predicativo cuja colocação na frase, em aparente aposição, leva alguns a incluí-lo entre os casos de aposto: vem separado do substantivo fundamental por uma pausa (indicada por vírgula) e exprime a situação do sujeito no momento do processo indicado pelo verbo: ‘Os castanheiros, grandes e concentrados, ouviam subir a seiva.’ (Eça, PB, 6.)” E Gama Kury continua: “Como a função de aposto é exercida somente por substantivo, cumpre excluir dessa função os adjetivos que ocorrem nessa situação: são simplesmente predicativos, pela sua natureza atributiva (os castanheiros eram grandes, e estavam concentrados)” [destaque do próprio autor]. Agora fica ainda mais claro que adjetivo não pode exercer função sintática de aposto.
3. CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 49ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020. Lemos na página 365: “A) O núcleo do aposto é um substantivo ou um pronome substantivo. […] B) O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas frases seguintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo do sujeito: […] As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num balé de cores.” [destaque do autor] Mais um estudioso de peso confirma que aposto só pode ser representado por substantivo ou pronome substantivo, além de afirmar com todas as letras: “O aposto não pode ser formado por adjetivos”.

Poderíamos enumerar ainda outros estudiosos, mas vamos poupar a douta banca.

Ora, o termo entre vírgulas “outrora firme e intransponível” apresenta como núcleos dois adjetivos: firme, intransponível. Esses dois adjetivos informam estado ou situação do sujeito “aquele pai”, ou seja, são adjetivos atributivos de qualificação para o sujeito, e não mostram equivalência ou continuidade para identificar um ser, além de não serem substantivos, o que seria necessário para que fossem analisados como aposto. Esses dois adjetivos funcionam aqui como predicativo do sujeito, conforme se comprova em orientação abalizada dos renomados estudiosos citados. Não se trata de aposto.

CONCLUSÃO: a questão fica sem resposta.

PEDIDO: ANULAR A QUESTÃO, por não existir resposta.

Resumo do Concurso TJ MA