Iniciar – ou recomeçar – é reconhecer a incerteza e, ainda assim, escolher avançar. É como se cada ação fosse uma pequena revolução pessoal. Afirmo com convicção: os mais bem-sucedidos não são, necessariamente, os mais inteligentes. São, quase sempre, os mais corajosos. De pouco adianta ter capacidade, talento e competência se faltar coragem para tentar quantas vezes forem necessárias.
Essa coragem de agir diante do incerto nos remete a Fernando Pessoa que, sob o heterônimo Álvaro de Campos, escreveu sobre a inquietação que nasce do tédio, sugerindo que a renovação brota justamente do desconforto. Seguindo essa lógica, quem insiste em recomeçar transforma o incômodo em ponto de partida – e, com isso, se reinventa a cada nova tentativa.
É exatamente nesse espírito de reinvenção que preparar-se para concurso público se assemelha a percorrer um labirinto onde cada corredor guarda surpresas. Muitos hesitam logo na entrada, temendo se perder, e poucos seguem adiante, conscientes de que um caminho tortuoso nem sempre conduz à derrota. Quem arrisca o primeiro passo – ainda que trêmulo – acaba descobrindo possibilidades que o espectador cauteloso jamais conhecerá.
Quando falo em tentar sucessivas vezes, não me refiro a repetir inutilmente a mesma fórmula esperando resultados diferentes. Ao contrário: em cada nova tentativa há margem para ajustes, olhares inéditos, descobertas possíveis somente para quem sai do território conhecido. É como lapidar uma pedra bruta até que, pouco a pouco, uma obra bela se revele onde antes só havia um bloco disforme.
Talvez você questione se insistir demais não seria mera teimosia, e eu respondo que não, desde que se caminhe com consciência. Não se trata de ignorar as dificuldades, e sim de aceitá-las como parte essencial do processo e, mais importante ainda, de enfrentá-las sem permitir que elas paralisem seus passos. É compreender que a vida raramente oferece garantias e que o simples ato de seguir em frente, mesmo na ausência de certezas, pode revelar caminhos inesperadamente valiosos. Cada revés traz consigo uma pista, um feedback precioso, uma chance de reavaliar métodos e táticas. Assim, o aparente fracasso deixa de ser obstáculo intransponível e se transforma em bússola que reorienta os passos.
Essa perspectiva nos conecta ao pensamento de Albert Camus. No seu célebre ensaio “O Mito de Sísifo”, o filósofo franco-argelino reinterpretou uma das lendas mais antigas da humanidade: a história do homem condenado pelos deuses a empurrar uma rocha montanha acima, apenas para vê-la rolar de volta, obrigando-o a recomeçar a tarefa eternamente. Para o Nobel de Literatura, conhecido por explorar o absurdo da existência humana, o ciclo interminável de Sísifo representa não um mero castigo, mas uma rara oportunidade. O ensaísta propõe que, mesmo diante da aparente falta de sentido, podemos encontrar verdadeira liberdade ao aceitar nossa condição e seguir vivendo com lucidez e determinação.
Com essa reflexão, convido você a enxergar os seus próprios desafios – os estudos exaustivos, as incertezas do caminho, os inevitáveis tropeços – não como fardos, mas como elementos inerentes a um processo de autodescoberta. Proponho que você enxergue no simples ato de insistir um manifesto silencioso de coragem, um testemunho resiliente contra o desânimo.
Se você acha que está difícil – e provavelmente está –, busque inspiração nas histórias reais que compartilho no meu canal Imparável. Ali você encontrará relatos de pessoas exatamente como você. Pessoas que caíram, tropeçaram, reprovaram, mas que, ao final, conseguiram o que tanto queriam. Pessoas que descobriram onde reside o verdadeiro triunfo: na transformação das tentativas aparentemente malsucedidas em ricas fontes de aprendizado e crescimento. Pessoas para as quais ficou claro que, muito além da conquista de um cargo, a jornada é sobre descobrir a própria força e a capacidade de se reinventar.
Na semana passada, por exemplo, conhecemos Pedro Sosa, cubano naturalizado brasileiro que foi de descascador de milho a primeiro colocado em sua região no concurso do Banco do Brasil. Ele enfrentou o desafio imenso de aprender um novo idioma e ainda assim destacar-se numa prova altamente concorrida. Imagine a magnitude desse desafio – e a grandiosidade da superação que ele representa para todos nós.
Um elemento comum emerge dos inúmeros relatos que tenho coletado em minhas entrevistas: cada nova tentativa opera como um ciclo de forja em nossas vidas. Assim como o ferreiro submete o metal bruto ao fogo intenso, depois o molda com golpes precisos do martelo e, por fim, o tempera em água fria, também nós passamos por processos transformadores. O calor das dificuldades nos amolece, os golpes das adversidades nos remodelam e o resfriamento da reflexão nos confere a têmpera necessária. A cada ciclo completo – com suas dores e aprendizados – emergimos mais fortes, mais resilientes e mais próximos da melhor versão de nós mesmos.
Lembre-se dessa metáfora da forja quando a vontade de desistir bater à porta. Reserve um momento para escutar sua voz interior, aquela que conhece seus limites e potenciais. Ninguém melhor que você para discernir o que precisa ser ajustado antes de seguir viagem. Reinventar-se não é confissão de fraqueza, mas demonstração de maturidade – a maturidade necessária para reconhecer que o trajeto pode e deve ser redesenhado sempre que as circunstâncias exigirem.
A jornada de um concurseiro, como a própria vida, é inevitavelmente tecida de altos e baixos. São justamente esses contrastes, essas alternâncias entre momentos de lucidez e confusão, que forjam a determinação e impulsionam rumo à vitória. Por isso, eu o convido: avance. Dê o primeiro passo, depois o seguinte, e então outro, e mais um… Cultive a coragem para tentar, e tentar de novo, e tentar mais uma vez, e quantas mais forem necessárias para alcançar seu objetivo.
Em breve você compreenderá, com a clareza que só a experiência proporciona, que essa coragem de persistir é o elo invisível – porém indestrutível – que conecta o sonho mais distante à sua plena realização.
Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.
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