Viver é absolutamente improvável. É isso mesmo. Há estudos que afirmam que a probabilidade de termos nascido era tão remota que a chance de virmos ao mundo tal como somos era de 1 em 400 trilhões, ou seja: 0,0000000000000025. Se esse dado lhe parece muito fora da curva, vou pesar um pouco menos a mão: pesquisas mais conservadoras defendem que essa razão é de 1 em 200 bilhões. Para efeito de comparação, estima-se que a chance de ganhar na loteria é de 1 em 50.063.860[1], e a de ser atingido por um raio de 1 em 300 mil[2].
Independentemente de qual dado nos sirva de parâmetro, o importante é perceber que o simples fato de termos nascido contraria todas as expectativas mais razoáveis. O nascimento de alguém constitui verdadeiro milagre que, por mais improvável que pareça sob o foco da estatística, acontece a todo instante no mundo inteiro. Se você está lendo este texto, significa que venceu a maior loteria do universo. Todos nós vencemos a probabilidade para, de maneira improvável, existirmos e nos tornarmos seres improváveis.
Apesar de toda a magia da improbabilidade que nos fez possíveis, é comum a vida acabar nos moldando, limitando e condicionando a viver apenas o provável. Somos refreados o tempo todo, submetidos ao ordinário, embora, em regra, nossa expectativa seja bem maior do que o ordinário pode nos oferecer.
Mais de 90% da sociedade americana contenta-se em viver com muito menos do que deseja.[3] Segundo a Administração do Seguro Social Americana, se acompanharmos 100 pessoas pelos próximos 40 anos, veremos que apenas 5 estarão com a vida econômica estabilizada quando chegarem à aposentadoria. Do restante, 36 já terão morrido, 54 estarão falidas e vivendo às custas de terceiros, e 5 ainda continuarão trabalhando, não por opção, mas por necessidade. Em termos financeiros, só 5% das pessoas avaliadas serão bem-sucedidas. Isso quer dizer que, mais uma vez, a probabilidade atua de forma desfavorável ao ser humano: o insucesso é muito mais provável quando o objeto de análise são dados de ordem econômica[4].
Todavia, a probabilidade vai contra nós em outras áreas também. A obesidade tem se tornado regra, não exceção, tanto nos países desenvolvidos como nos emergentes. Os índices de divórcios beiram os 50% nos EUA, e, no Brasil, têm caminhado na mesma direção. O consumo de medicamentos para tratar todo tipo de problema disparou. Homens e mulheres, crianças e adultos consomem remédios como se fossem balas. Estamos cada vez mais acostumados a tomar algo para aliviar uma dor qualquer; o problema é que depois outra surge e será tratada com outro medicamento, que, por sua vez, produzirá outros tantos efeitos colaterais que exigirão novos comprimidos. E assim o ciclo vai sendo reproduzido infinitamente. A verdade é que vivemos em uma sociedade doente, uma sociedade acomodada. O mais provável é integrarmos os 95% que, ao chegarem à velhice e olharem para trás, concluirão que não tiveram e nem têm a vida que desejavam. O mais provável é fazermos parte da massa de pessoas que não desfrutarão das finanças que sempre perseguiram, do relacionamento com que sonharam, da saúde que imaginavam.
Talvez alguns de vocês, caros leitores, estejam até estranhando eu citar tantos dados negativos logo no início de um dos meus artigos, mas minha intenção, com isso, não é desanimá-los. Pelo contrário: minha ideia é provocar em vocês um choque de realidade para que mudem o rumo e vençam as estatísticas. Há um caminho para isso, que é até simples, embora não seja nada fácil: você precisa viver o improvável.
“Salvo por problemas graves de saúde, todo e qualquer ser humano tem tudo para viver o que é HOJE improvável estatisticamente.”
Salvo por problemas graves de saúde, todo e qualquer ser humano tem tudo para viver o que é HOJE improvável estatisticamente. A única condição para isso é fazer a sua parte, o que, acreditem, é algo que a maioria das pessoas não faz. Trabalhar a vida inteira para chegar à idade de aposentadoria como 95% dos americanos – e talvez porcentagem ainda maior de brasileiros[5] – não é o que merecemos, certo? A alternativa, então, é relativamente óbvia…
“A cada queda, a cada fracasso, a cada término amargo você aprende algo novo que aumenta a probabilidade de a próxima empreitada dar certo.”
Pense comigo: passar em um bom concurso não é algo exatamente provável, concorda? Nem por isso você deve desanimar. A aprovação é, de fato, improvável, no sentido de que não chegará para a maioria das pessoas. Sejamos francos: é bem mais provável que você encontre um nome qualquer na lista de reprovados em uma seleção do que na de aprovados. Igualmente, montar um negócio que cresça e se torne um grande sucesso também é extremamente improvável. Busque aleatoriamente o CNPJ de uma empresa e depois procure descobrir se ela é próspera. As maiores chances são de que você perca horas até encontrar uma ou outra que esteja com as finanças em dia. Ter um relacionamento com alguém de quem você goste de verdade também é altamente improvável. É quase certo que você passará por relacionamentos ruins primeiro e se envolverá com muitas pessoas incompatíveis até encontrar sua outra metade. Nem por isso você vai desistir de ser feliz, certo? A cada queda, a cada fracasso, a cada término amargo você aprende algo novo que aumenta a probabilidade de a próxima empreitada dar certo. Como diz Friedrich Nietzsche, naquela que é minha frase favorita: “O que não me mata me fortalece”.
Para passar em um bom concurso, você precisa ser improvável. E como se faz isso? Pense de maneira improvável, estabeleça metas improváveis e aja de maneira improvável. Estudar de maneira adequada e com dedicação hoje é algo improvável para muitos, não porque essas pessoas sejam incapazes, mas porque não têm foco nem determinação para isso. Para você ter ideia, em média, 30% dos inscritos em um concurso público nem sequer comparecem às provas. Percebe como uma significativa parcela dos “candidatos” transforma o que era improbabilidade em impossibilidade concreta pelo simples medo de tentar e fracassar?
“Viver o improvável fará de você alguém muito mais feliz do que imaginava ser possível, ou melhor, provável.”
Uma forma de despertar o improvável dentro de nós é cultivar a gratidão. Com esse propósito, recentemente impus a mim mesmo um desafio: por no mínimo cem dias, iniciados na última quinta-feira, postarei nos Stories do meu Instagram um diário de gratidão, no qual enumerarei os motivos que tenho para agradecer. A gratidão é um combustível inestimável para melhorar o nosso humor, renovar nossas energias e viabilizar os nossos objetivos mais improváveis. Por que você não me acompanha nessa meta? Tenho certeza de que, quando visualizar tudo que merece sua gratidão, você perceberá como já realizou muitos feitos “improváveis” e se sentirá mais confiante para buscar cada vez mais. Em breve, a palavra “improvável” mal existirá em seu vocabulário.
Então anote aí:
Sabe aquele carro cuja aquisição lhe parece improvável? Você vai comprá-lo antes do que imagina.
Sabe aquela casa que você tanto quer e parece hoje uma conquista impossível? Um dia ela será sua.
Sabe aquele cargo público com o qual você sempre sonhou? Ele já é seu; você apenas não sabe, ainda.
“Gabriel, como você diz isso, se não conhece nada sobre mim?”, você poderia retrucar.
Reconheço que não sei nada sobre você, mas tenho certeza disto: pessoas improváveis fazem coisas improváveis a todo momento. O que eu listei acima é apenas uma fração mínima do que você pode realizar. Fui, portanto, até conservador e poderia ter sido ainda mais radical nas minhas afirmações. Afinal, apenas por estar lendo este texto hoje, você já demonstra ser diferente e ter sede de mudança e de crescimento.
Portanto, esteja aberto a situações improváveis, a pessoas improváveis e, até mesmo, a fracassos prováveis. Destes advêm as conquistas mais improváveis. Abrace o improvável, trabalhando, empenhando-se e dedicando-se para tornar o que era remoto em provável e, em breve, em realidade. Crie coragem e chame aquele(a) garoto(a) para sair; retome e termine aquele projeto que você deixou pela metade; comece a estudar para aquele concurso que todo mundo o desencorajou a prestar, dizendo que você nunca teria condições de passar. Contemple o belo, o simples; seja grato por tudo. Não se acomode e, o principal, não tenha mais medo das estatísticas. Lembre-se: você desafiou todas elas quando, simplesmente, nasceu. Viver o improvável fará de você alguém muito mais feliz do que imaginava ser possível, ou melhor, provável.
Que tal? Vamos viver o improvável?
Se sim, registre nos comentários: “Vou viver o improvável!”
Bons estudos e GRAN sucesso,
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- O poder do pensamento positivo nos concursos e na vida (parte II)
- A responsabilidade é sempre sua!
Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.
Notas:
[1] Ver: http://loterias.caixa.gov.br/wps/portal/loterias/landing/megasena/.
[2] Segundo David Hand, no livro The improbability principle.
[3] Na falta de informações sobre a sociedade brasileira, vou usar a americana como referência para este texto, pois acredito que as estatísticas são similares quanto ao tema.
[4] Dados extraídos do livro O milagre da manhã, por Hal Herod.
[5] Importante ressaltar que não estou menosprezando a sociedade brasileira. Os dados mostram que o nosso PIB per capita é inferior, o que torna plausível a conclusão de que os indicadores em nosso país podem ser similares ou até inferiores.