Você sabe o que significa “lacrar”? Por: Elias Santana

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Você sabe o que significa “lacrar”?

Nesta semana, algumas manchetes chamaram a minha atenção:

Com Pabllo Vittar e Sérgio Mendes, Fergie supera som ruim e ‘lacra’ show (Folha de São Paulo)

Lacrou! Pabllo Vittar arrasa ao lado de Fergie e leva multidão à loucura com ‘Glamorous’ e ‘Sua Cara’ (globo.com)

Com participação em show de Fergie, Pablo Vittar lacra no Rock in Rio (metrópoles)

Logo notei o nascimento de um novo verbo: lacrar! Na verdade, o vocábulo já existe, com a seguinte acepção, segundo o dicionário Caldas Aulete:

1. Selar ou fechar com lacre; 2. Colocar selo de chumbo em (placa numérica de veículo) para efetuar sua identificação.

Ao sentido denotativo e dicionarizado, foram acrescidas outras semânticas. Uma possibilidade é entender “lacrar” como realizar algo com sucesso, fazer bem feito, arrasar. A outra significa fazer algo tão bem a ponto de calar os críticos, deixá-los sem argumentos. Sabemos que essas duas últimas interpretações são conotativas (ou seja, figuradas, metafóricas), mas algo chama a atenção: o quanto essa palavra tem sido usada na internet. Segundo o Google Trends (ferramenta que indica os termos mais buscados no site durante um determinado período de tempo), “lacrar” é um dos termos mais pesquisados, chegando a alcançar o ponto mais alto de popularidade entre 6 e 12 de agosto de 2017! Isso revela a recorrência dessa palavra cotidianamente – e, provavelmente, a conotação prevaleceu sobre a denotação. Para mim, essa é uma das grandes belezas da nossa língua materna! O poder de mutação e evolução do nosso idioma é incomparável, motivo pelo qual ele é objeto de estudo em várias universidades por todo o mundo! E você leu certo: o mundo pesquisa sobre o nosso fenômeno linguístico! O brasileiro reinventa a própria língua constantemente, o que o torna capaz de se adaptar com maior facilidade a diversas situações comunicativas, em relação a pessoas de outras nacionalidades.

Quem me conhece, sabe que adoro mostrar às pessoas como é possível aprender a língua portuguesa em qualquer contexto. Acredito que a contemporaneidade torna o processo de aprendizagem mais interessante, principalmente para a formação de cidadãos. Você, certamente, após a leitura deste texto, aprendeu um pouco mais sobre denotação e conotação

Todavia, na mesma semana em que nos foi permitido analisar a beleza do nosso vernáculo por meio do sucesso de uma artista em uma apresentação musical, fomos surpreendidos com mais notícias carregadas de preconceito. Aliás, aproveito este artigo para fazer uma analogia: segundo a mitologia grega, havia um artefato que continha todos os males do mundo – a Caixa de Pandora. Um dia, Pandora abriu-a, permitindo que os males se espalhassem pelo mundo. Atualmente, chegamos a um ponto em que precisamos devolver esses deméritos a essa caixa, lacrando-a definitivamente. O primeiro a ser sepultado deve ser o preconceito. Ele nos impede de respeitar nossos pares, independentemente de suas virtudes ou debilidades, e, principalmente, nos traz o equivocado pensamento de que somos melhores sozinhos, ou quando damos voz apenas aos que concordam com nossas opiniões. Além disso, esse mal gera a violência e a intolerância que tanto abominamos. Podemos lacrar um mundo melhor! Devemos extirpar o preconceito.

“Sozinhos, vamos mais rápido. Juntos, chegamos mais longe. ”


Elias Santana

Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.


Você encontra essa coluna também no jornal Brasília Capital deste sábado, 30 de setembro.

O jornal Brasília Capital é um semanário que circula aos sábados há sete anos em 800 pontos de distribuição em Brasília, Águas Claras, Taguatinga, Vicente Pires e Noroeste. O veículo preza por informações de qualidade, com credibilidade e exclusividade. Além da edição impressa, o Brasília Capital conta com o site bsbcapital.com.br, o Facebook e o Twitter para informar os leitores.


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