Uso dos porquês

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Um dos assuntos mais pesquisados na internet – entre as dúvidas de português, claro – é o uso dos porquês. O motivo da procura é óbvio: são quatro formas diferentes que, foneticamente, são iguais (por isso é comum encontrar entusiastas da substituição por um simplório “pq”).

Sabemos, todavia, que o registro culto da língua escrita é uma exigência em diversos contextos, e é por isso que redijo este artigo. A ideia é acabar, definitivamente, com quaisquer dúvidas que você possa ter acerca dos porquês.

Primeiramente, um conselho: siga a ordem de análise que estabelecerei de agora em diante – porquê, por quê, porque e por que. Assim, vai ser muito mais fácil assimilar as quatro formas. Vamos juntos?

 

1.Porquê: é sempre um substantivo e, por isso, está sempre acompanhado por um determinante (artigo ou pronome adjetivo): o porquê, os porquês, um porquê, uns porquês (note os artigos); seu porquê, esse porquê, alguns porquês (note os pronomes adjetivos). Pode estar no singular ou plural. Como se trata de um substantivo dissílabo e oxítono terminado em “e”, precisa receber acento. Semanticamente, “porquê” é equivalente a o motivo, a razão.

Ex.: Compreendi o porquê  da sua decisão.

Ex: Alguns porquês  não exigem explicação.

Obs.: Note que sublinhei a palavra e o determinante.

 

2.Por quê: sempre seguido de pontuação. Em geral, ponto de interrogação, mas não exclusivamente.

Ex.: Ela estuda tanto por quê?

Ex.: Ele mentiu e não se sabe por quê.

Ex.: Você mente por quê, meu filho?

Obs.: O que está sublinhado? O “por quê” e a pontuação. Além disso, não há qualquer determinante antes do “por quê” (para que você não confunda com o caso anterior).

 

3.Porque: sempre em orações que expressam, explicitamente, causas ou explicações (justificativas). Em alguns casos, pode ser substituído por “pois”.

Ex.: Ele está chorando porque está emocionado.  (cabe “pois”)

Ex.: Estude, porque seu futuro depende disso.  (cabe “pois”)

Ex.: Se ela não chegou é porque está presa no trânsito. (não cabe “pois”, mas introduz uma justificativa explícita para o atraso.)

Ex: A criança está feliz porque conheceu a praia?  (mesmo sendo uma pergunta, há uma justificativa explícita para a felicidade dela. A pergunta serve para saber se essa justificativa é válida ou não).

Obs.: sublinhadas estão as justificativas explícitas.

 

4.Por que: pode ser um pronome interrogativo; pode ser um pronome relativo; pode ser equivalente a “o motivo pelo qual”. Meu conselho: quando não for possível encaixar os três primeiros casos, encaixe o quarto! É o caminho mais simples!

Ex.: Por que ele não está na reunião?

Ex.: Os direitos por que eles lutam são válidos.

Ex.: A estrada por que  passo todos os dias está em obras.

Ex.: Você não sabe por que eles comem tanto!

Agora você compreende porque é importante respeitar a ordem de estudo e análise dos porquês? Você, agora, possui um checklist acerca do assunto:

Agora, basta usar a tabela acima! Definitivamente, os seu problemas acabaram!

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