Informar, negociar e representar

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Costumo dizer que a diplomacia oferece uma gama variada de empregos em uma única carreira. Vimos em diversos artigos sobre o que faz um diplomata[1], que ao longo de 30, 40 ou mais anos em que se permanece no Ministério das Relações Exteriores (MRE), após a aprovação no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD), surgem diversas oportunidades, tanto no Brasil quanto no exterior. É possível trabalhar com temas como promoção comercial ou cultural, política ou economia, meio ambiente ou administração, cerimonial ou assessoria de imprensa. Mas, se alguém perguntar a você o que faz um diplomata, pode responder utilizando apenas três verbos: informar, negociar e representar.

Em quaisquer das funções exercidas por um diplomata no decorrer de sua longa carreira, é aplicada sempre pelo menos uma dessas três ações. Por exemplo, quando esse profissional está no exterior e acompanha a política interna do país onde vive para relatar ao Itamaraty, informará à Secretaria de Estado (que controla a execução da política externa brasileira da Capital Federal) por meio de um expediente chamado telegrama. O telegrama nada mais é do que uma comunicação eletrônica, como um e-mail, que circula criptografado pela rede de comunicações do MRE. O nome advém do sistema do passado, que tinha por base o envio de telegramas.

Para acessar essas informações, ainda no exemplo supracitado, o diplomata deve também exercer as duas outras funções básicas. Como um repórter esportivo que acompanha uma partida de futebol dentro do campo, nosso representante no exterior tem acesso a informações privilegiadas, que não estão disponíveis na imprensa. Para isso, porém, necessita saber representar o Brasil de forma adequada e interagir com interlocutores-chave do governo e da sociedade local, que são formadores de opinião e tomadores de decisões que afetam o rumo do desenvolvimento dessa nação e, por tabela, das relações com nosso país.

Mas não basta saber representar e informar, pois o acesso à informação depende também do poder de negociar. Todo diplomata negocia durante quase todo seu tempo de trabalho. Não me refiro apenas à negociação clássica de um acordo internacional, por exemplo. Falo igualmente das pequenas negociações. Em uma simples conversa com uma autoridade governamental, por exemplo, o diplomata negocia, porque o interlocutor sabe que qualquer informação que transmita aos diplomatas será informada ao governo que representa. É preciso, dessa forma, saber como conseguir essa informação e, para esse fim, negociar.

Há, ainda, uma quarta função que alguns atribuem à atividade diplomática, mas que tecnicamente não é: trata-se da tarefa de assistir. Já vimos, no entanto, que a missão de dar assistência aos nacionais cabe à atividade consular, não à diplomática. Além disso, em última instância, é possível considerar a atribuição de assistir como parte da responsabilidade de representar, não o Estado, mas nossos compatriotas.

Como no caso do MRE as carreiras diplomática e consular são exercidas pelos mesmos profissionais selecionados pelo mesmo CACD, não é completamente equivocada a afirmação de que assistir está entre as funções básicas da diplomacia brasileira.

[1] Cf. em http://blog.vouserdiplomata.com/categoria/artigos-sobre-diplomacia/

Prof.Jean Marcel Fernandes – Coordenador Científico

Nomeado Terceiro-Secretário na Carreira de Diplomata em 14/06/2000. Serviu na Embaixada do Brasil em Paris, entre 2001 e 2002. Concluiu o Curso de Formação do Instituto Rio Branco em julho de 2002. Lotado no Instituto Rio Branco, como Chefe da Secretaria, em julho de 2002. Serviu na Embaixada do Brasil em Buenos Aires – Setor Político, entre 2004 e 2007. Promovido a Segundo-Secretário em dezembro de 2004. Concluiu Mestrado em Diplomacia, pelo Instituto Rio Branco, em julho de 2005. Publicou o livro “A promoção da paz pelo Direito Internacional Humanitário”, Fabris Editor, Porto Alegre, em maio de 2006. Saiba +


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